Ilyá Glazunov

O artista russo Ilya Glazunov (1930-2017) inaugurou na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian um conjunto significativo de 189 pinturas, desenhos e ilustrações. A mostra teve uma itinerância internacional, partindo de Lisboa para Madrid e Roma.
Exhibition of Russian artist Ilya Glazunov (1930-2017) presenting a notable selection of 189 paintings, drawings and illustrations at the Temporary Exhibitions Gallery of the Calouste Gulbenkian Foundation. The show travelled internationally, being held in Madrid and Rome after Lisbon.

A exposição com desenhos e pinturas de Ilya Glazunov (1930-2017) inaugurou a 27 de novembro de 1984, na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0), contando com a presença do embaixador da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Valentin P. Vdóvin, e do artista. A mostra encerrou a 16 de dezembro de 1984, partindo para Madrid, onde esteve patente ao público a partir de 12 de janeiro de 1985, no Centro Cultural del Conde Duque, e depois para Roma, onde os trabalhos de Glazunov foram exibidos no Palazzo Barberini, a partir de abril desse ano.

Na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian, foram apresentadas 189 obras, entre as quais 55 pinturas, 52 desenhos e 75 ilustrações.

Professor do Instituto Estatal Artístico de Moscovo Vasily Surikov e diretor do Museu Estatal de Arte Decorativa e Aplicada do Povo da URSS, Ilya Glazunov nasceu em Leninegrado (São Petersburgo), tendo-se instalado em Moscovo em 1957, cidade onde estudou a Rússia Antiga, fazendo do seu estúdio uma espécie de museu, ao reunir vários exemplares da cultura popular russa.

À data da exposição, o artista encontrava-se a pintar os retratos de Azeredo Perdigão e Maria Madalena Perdigão, tendo anteriormente realizado os retratos de vários presidentes e chefes de Estado, entre os quais Salvador Allende, Fidel Castro, Sandro Pertini, o presidente da Finlândia, o rei da Suécia, o primeiro-ministro da Dinamarca, o primeiro-ministro da Índia, e ainda de outras personalidades, como Fellini, Antonioni, Gina Lollobrigida, Claudia Cardinale, Elisabeth Taylor, Michèle Morgan e María Casares.

Pouco antes da exposição, Ilya Glazunov foi homenageado pela Associação Portugal-URSS.

Existe uma lista enviada pela Embaixada da URSS a José Sommer Ribeiro contendo as reações dos visitantes à exposição, reunidas no livro de visitas que se encontrava à entrada. Nesta lista, encontram-se muitas reações positivas, mas também algumas negativas, que atribuem esta exposição a um conservadorismo latente na programação da Fundação Calouste Gulbenkian, já manifestado na mostra «Medina».

A exposição recebeu a visita de diversas personalidades nacionais, nomeadamente o presidente da República Portuguesa Ramalho Eanes, o ministro da Cultura Coimbra Martins, o arcipreste Atanásio, da Igreja Católica Ortodoxa de Portugal, Tito de Morais, os pintores Maria Toscano Rico e Jorge Marcel, e alguns elementos da Secção Portuguesa da AICA.

A maioria dos artigos de imprensa analisados não vai além de um propósito de divulgação. Um pequeno artigo do Jornal de Notícias assinala que a exposição despertou um «invulgar interesse», e, no semanário Expresso, um texto não assinado refere-se-lhe como «lamentável acidente», no qual o artista é descrito como «exemplo acabado de mediocridade oficializada numa produção sem tempo próprio, sem qualquer cunho que marque uma procura específica e pessoal» («Ilia Glazunov, Fundação Gulbenkian», Expresso, 1 dez. 1984).

A revista DN (suplemento do Diário de Notícias) dedica a sua capa de 25 de novembro de 1984 à exposição de Ilya Glazunov, intitulando o artista de «inconformista tolerado pelo Kremlin («Ilya Glazunov: O iconoclasta colecionador de ícones», Diário de Notícias. DN Revista, 25 nov. 1984).

Carolina Gouveia Matias, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00308

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém um convite, orçamentos, correspondência interna e externa, material para o catálogo e recortes de imprensa. 1984 – 1985


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