Exposição antológica do pintor português Luís Noronha da Costa (1942), organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) através do seu Serviço de Exposições e Museografia, realizada na Galeria de Exposições Temporárias da Sede, coincidindo com a inauguração do Centro de Arte Moderna da FCG, a 20 julho de 1983.

A mostra contou com um total de 153 obras, compreendendo pinturas, esculturas-objeto, desenhos, colagens e fotografias, realizadas entre as décadas de 1960 e 1980. Segundo noticiaria o jornal O Diário, as últimas obras de Noronha da Costa haviam sido executadas no espaço da galeria da FCG («Noronha da Costa», O Diário, 28 jun. 1983).

Contrariando a prática habitual de recorrer a percursos cronológicos nas exposições antológicas e retrospetivas, esta exposição optou por um percurso mais livre, que iniciava e terminava com a apresentação dos trabalhos mais recentes do artista.

Perante a pergunta «Porquê começar e terminar com a série Mares Portugueses?», o diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, José Sommer Ribeiro, responderia do seguinte modo: «Porque estes seus últimos trabalhos abarcam toda a sua obra anterior e levam-nos a considerá-lo como um dos artistas mais criativos da geração de 70.» (Noronha da Costa, 1983)

O pintor Fernando de Azevedo sintetizaria a pintura de Noronha da Costa nos seguintes termos: «Na pintura de Noronha da Costa estão sempre presentes a memória inscrita da imagem e o halo fantasmático da sua ausência. Do real, importa-lhe mais a aparição como evidência que a evidência como representação.» (Azevedo, Colóquio/Artes, set. 1983, p. 65)

O catálogo da exposição reuniu ensaios sobre a obra de Noronha da Costa a partir de testemunhos do próprio artista, assim como contributos de Eduardo Lourenço e José-Augusto França.

A pedido do artista, a FCG viria ainda a subsidiar outra exposição, realizada nos meses seguintes na Osuna Gallery, em Washington, e que contou com dezasseis pinturas anteriormente exibidas, assumindo dessa forma alguns encargos relativos a despesas com o transporte das obras e com a impressão do respetivo catálogo.

Em contrapartida, e no contexto da organização destas duas exposições, o artista entregaria à FCG, a fim de integrar a sua Coleção Moderna, uma pintura (acrílico) pertencente à série Mares Portugueses (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, 7 nov. 1983, Arquivos Gulbenkian, SEM 00499). Neste contexto foram ainda doadas seis esculturas-objeto, tendo sido também adquirido, um desenho (guache, pastel) (Sem Título, [s.d.], inv. DP1204).

Filipa Coimbra, 2017