A propósito das comemorações do Ano Internacional da Criança (1979), a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) respondeu ao repto lançado pelo ICOM com a organização de duas pequenas mostras, que procuraram relacionar-se com a coleção do fundador Calouste Sarkis Gulbenkian.

Uma das mostras consistia na apresentação, em painéis, de uma composição de fotomontagens representativas de obras de arte alusivas ao universo infantil. A outra, fundamentada nas artes do livro, procurava representações do tema em iluminuras da Coleção.

Apenas no ano seguinte, em 1980, seria possível reunir estas duas mostras numa só e apresentá-la aos visitantes. O painel introdutório da exposição, que conduzia à entrada da Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, apresentava-se como uma «proposta de diálogo», realizada como trabalho de «oficina […] com o que foi sobrando de Serviços da Fundação» (A Criança e a Colecção Calouste Gulbenkian. O Painel, 1980). O painel introdutório da exposição, que conduzia à entrada da Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, apresentava-se como uma «proposta de diálogo [que traduzia] uma vivência de cooperação activa em “oficina”, aberta pelo Museu à participação espontânea dos seus sectores e à colaboração de outros departamentos da FCG» (A Criança e a Colecção Calouste Gulbenkian. O Painel, 1980).

Este primeiro momento expositivo destacava a «missão educativa» do Museu, apelando à sua participação num debate mais amplo sobre as crianças, o seu futuro, a educação e o papel a desempenhar pelas instituições artísticas neste domínio. Nesse sentido, o Museu assumia a sua missão de educação pela arte.

Já na Galeria de Exposições Temporárias, dispuseram-se, cronologicamente, 75 obras da Coleção do Fundador nas quais a criança era destacada. À semelhança de outras exposições temporárias, como a exposição evocativa dos 20 anos da Fundação (Exposição Evocativa de Calouste Gulbenkian, 1976), algumas destas obras tinham sido pouco mostradas ou conservavam-se nas reservas do Museu, procedendo-se desta forma à rotatividade da Coleção, intenção que pareceu assumir uma maior preponderância a partir da segunda metade dos anos de 1970.

Na proposta da exposição, apresentada internamente à consideração do Conselho de Administração da FCG, podiam ler-se os seguintes objetivos:

«Expondo ao mesmo tempo e sobre o mesmo TEMA, Obras de Arte e Documentação Fotográfica, o Museu ilustra formas do seu aproveitamento, possibilitando, por um lado, sínteses de leitura da sua colecção (decorrentes do trabalho de pesquisa) e utilizando, por outro lado, as condições que as mesmas obras propiciam à reflexão pedagógica dos temas nelas representados. O Museu AFIRMA-SE nas suas galerias com a Realidade do seu património artístico. Interroga-se na Documentação fotográfica sobre os modos de transmitir essa afirmação, face às realidades actuais.» (Projecto da Exposição «O Museu interroga-se», 29 mai. 1979, Arquivos Gulbenkian, MCG 03138)

O catálogo publicado no âmbito desta iniciativa incluía duas brochuras: uma contendo o roteiro da exposição e a lista de obras selecionadas; a outra, uma seleção de textos de filósofos, pensadores e pedagogos da Antiguidade Clássica até à atualidade, subordinados ao tema desenvolvido no projeto expositivo.

Foram também expostos alguns trabalhos realizados por crianças no âmbito de atividades complementares a uma outra exposição, O Túmulo da Rainha Nofretari.

Os registos fotográficos permitem observar os bastidores de uma oficina de gravura que decorreu na FCG durante este período.

A exposição contou com a estreita colaboração do Serviço Educativo do Museu, não apenas na conceção, mas também nas atividades de extensão cultural que o serviço mediou.

Filipa Coimbra, 2017