Exposição retrospetiva dos 25 anos de atividade do artista Nuno de Siqueira (1929-2007), exclusivamente dedicada ao suporte da pintura, que contou com a organização do Serviço Internacional da Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com o Centre Culturel Portugais, em Paris, e com o Serviço de Exposições e Museografia.

A exposição deste ex-bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) foi primeiramente apresentada em Vila Real, no Solar de Mateus (1981), contando para tal com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, da Câmara Municipal de Vila Real e da FCG.

A proposta para a apresentação da exposição na FCG foi feita pelo próprio pintor, que a justificaria do seguinte modo: «Dado que se completaram, no ano passado, vinte e cinco anos sobre a data do início da minha actividade como artista na Galeria de Março, 1954, “Prémio Jovem Pintura”, pensei ser altura para vencer o escrúpulo sobre o valor suficiente da própria obra e mostrar formalmente o meu interesse em expor nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian de acordo com as exigências do regulamento dos Serviços de Belas-Artes.» (Carta de Nuno de Siqueira para José de Azeredo Perdigão, 20 set. 1980, Arquivos Gulbenkian, SEM 00520)

A este pedido respondeu prontamente o presidente da FCG, José de Azeredo Perdigão. Contudo, e uma vez que a programação das exposições para os meses seguintes já havia sido fixada, só foi possível que a exposição se realizasse na delegação da FCG em França, o Centre Culturel Portugais, localizado em Paris, na antiga residência do fundador Calouste Gulbenkian.

No folheto do catálogo da exposição realizada na Casa de Mateus, Vasco Graça Moura analisaria em três fases distintas a atividade de Nuno de Siqueira, expressa nas obras reunidas na mostra. Num primeiro momento, destacava a «atenção» dada «aos problemas de construção» típicos «do abstracionismo dos anos 50», que tendia para a diluição das formas, para a sua indiferenciação e transparência. Numa segunda fase, refere-se ao facto de algumas soluções encontradas aflorarem «um lado literário», linguístico e caligráfico. E, numa terceira fase, destaca a ambiguidade conceptual e plástica, quer por «neutralizações», quer pelos «jogos de sobreposições» (Nuno de Siqueira. 25 Anos de Pintura, 1981).

Na versão que viria a ser apresentada em Paris e que viria a ser ampliada em relação à sua edição em Vila Real, a exposição contou com um total de 53 pinturas (óleos, têmperas, plexiglas, técnica mista). Algumas destas obras apresentadas em Paris fazem parte da Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian, outras ainda premiadas em concursos nacionais.

A exposição foi bem acolhida pelo público. No fax do diretor do Centre Culturel Portugais, José Pina Martins, dirigida ao diretor do Serviço Internacional da FCG, Pedro Cunha, podem ler-se alguns pormenores relativos à inauguração da exposição de Nuno de Siqueira naquela instituição: «[Os] presentes puderam apreciar evolução arte pintor cujo abstraccionismo austero e rico em tons cromáticos contrastantes, sugerindo, em algumas das suas fases, através jogo de tons e ritmo compositivo, figurações delicadas.» (Fax de José Pina Martins a Pedro Cunha, 9 nov. 1981, Arquivos Gulbenkian, PRS 05172)

No mesmo fax era ainda referida a afluência de «algumas centenas» de visitantes à inauguração, entre os quais alguns diplomatas de diversos países (Ibid.).

Filipa Coimbra, 2017