Proposto pela Embaixada da URSS em Portugal à Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), o projeto da exposição «Pintura Arménia Contemporânea» constituiu uma iniciativa com o maior interesse para a FCG, por permitir não só dar a conhecer em Lisboa obras de artistas naturais do país natal do colecionador Calouste Gulbenkian, mas também por ampliar as relações culturais entre a URSS e Portugal. A exposição contou com a colaboração do Ministério da Cultura da União Soviética das Arménias e da Embaixada da URSS em Lisboa, cumprindo o acordo cultural luso-soviético, sob o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Secretaria de Estado da Cultura.

A exposição compreendeu mais de centena e meia de obras, provenientes do Modern Art Museum of Yerevan (Arménia), da autoria de 31 artistas arménios, selecionadas por Guenrikh Iguitian, comissário da exposição e diretor do referido museu, que se deslocou a Portugal para participar na produção e organização do certame.

Em relação ao objetivo da exposição, Guenrikh Iguitian esclareceu: «Esta exposição colectiva de pintores arménios soviéticos em Portugal não pode, naturalmente, abranger todos eles, nem mesmo todos os melhores mestres das artes plásticas da República, mas, pelo menos, os visitantes poderão conhecer algumas das tendências da sua arte contemporânea, expressa em obras de pintores pertencentes a diversas gerações.» (Pintura Arménia Contemporânea, 1978)

Um dia antes da inauguração da exposição, foi programada uma conferência de imprensa assegurada pelo comissário, que realçou o interesse daquela que seria, até então, a primeira exposição de pintura arménia contemporânea em Portugal. Guenrikh Iguitian salientaria o papel da Fundação Calouste Gulbenkian, que, «criada por um arménio», não só «contribuiu muito para o desenvolvimento artístico em Portugal», como também para a «divulgação da história e cultura da Arménia» (Jornal de Notícias, out. 1978).

Como atividade complementar ao certame, foi realizado um concerto em que participaram o Quarteto Komitass, grupo de cordas arménio de música de câmara, e o pianista Iuri Airapetian. A exposição alcançou uma adesão positiva do público em geral, bem como do especializado, conforme ilustra o excerto crítico da autoria do pintor Carlos Botelho: «É uma bela exposição, e depois desta prova feliz, que nos transmite de certa maneira as características dum povo, entre nós ainda tão mal conhecido, resta-nos que em breve possamos, também, apreciar os seus escultores, gravadores e, porque não, apreciar os artistas doutros ramos, como sejam os compositores, instrumentistas, bailarinos e as suas curiosas manifestações teatrais.» (Diário Popular, nov. 1978)

Joana Brito, 2017