Exposição itinerante apresentada por ocasião das comemorações dos 40 anos do British Council em Portugal, entidade responsável pela sua organização, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), reiterando-se assim o «intercâmbio do mais elevado valor» mantido entre as duas instituições desde 1962. Às comemorações associou-se ainda o Centro de Arte Contemporânea do Museu Nacional de Soares dos Reis (Arte Britânica de Hoje, 1978).

Para a ocasião, o British Council propôs a realização de duas exposições, uma dedicada à arte inglesa contemporânea, e outra, de âmbito documental, referente ao legado de William Shakespeare (1564-1616) e aos aspetos da sociedade inglesa coeva.

Como é referido num documento elaborado pelo Serviço de Belas-Artes da FCG, a respeito das motivações para a realização da segunda mostra: «A exposição visa dar didacticamente esclarecimentos sobre a época da rainha Isabel I e sobre o teatro de Shakespeare. […] Se Shakespeare não é “uma preocupação quotidiana” em Portugal, a Fundação poderá colaborar com o Instituto Britânico numa iniciativa justamente destinada à divulgação do génio mais admirado por um outro génio que foi Fernando Pessoa.» (Apontamento Serviço de Belas-Artes, 9 ago. 1977, Arquivos Gulbenkian, SEM 00132)

Estiveram patentes 71 livros, que compreendiam obras de Shakespeare e obras teóricas alusivas ao poeta e dramaturgo, bem como painéis informativos com reproduções fotográficas, expostos por secções temáticas: «Dividida em diversas secções […] reproduzidos em bem delineados painéis, a exposição apresenta ainda aspectos relacionados com William Shakespeare, sua vida e sua obra.» (Jornal do Barreiro, 15 dez. 1978)

Os diferentes núcleos expositivos abordavam temas distintos, integrados no mesmo período cronológico, começando desde logo pelos aspetos centrados no legado shakespeariano, passando por temas mais contextuais: cidade e campo; corte e coroa; arquitetura palaciana; arquitetura doméstica; retrato; miniaturas e monumentos; artes decorativas; medicina; educação; drama; teatro; linguagem e poesia; música, ciência e conhecimento e descobertas. O projeto expositivo e o acompanhamento dos trabalhos de montagem ficaram a cargo de John Clarke, destacado pelo British Council, em articulação com o Serviço de Exposições e Museografia da FCG.

No espaço expositivo decorreu ainda uma sessão contínua de diapositivos com pormenores sobre as reproduções expostas, tendo estado também integrados no programa de atividades complementares à exposição dois filmes subordinados ao tema da exposição: A New Heaven, a New Earth (parte 2 de Spirit of the Age – BBC, 1975) e The Elizabethan Ambassador (Richard Marquand, 1971).

Para o aprofundamento do tema foi ainda proferida uma conferência pelo crítico literário John Wain.

Filipa Coimbra, 2017