Exposição temática organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) através do Centre Culturel Portugais (CCP), com o objetivo de celebrar o centenário do movimento cultural e literário do grupo de jovens intelectuais conhecido por «Geração de 70», entre os quais se distinguiram Eça de Queirós, Antero de Quental, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro.

De teor bibliográfico e iconográfico, a exposição compreendia edições originais de várias obras, gravuras e documentos inéditos, visando não só assinalar a relevância histórica e literária da obra das principais figuras que integravam o grupo, mas também evidenciar a sua ligação ao meio cultural francês.

Nas palavras de Joaquim Veríssimo Serrão, diretor do CCP e comissário da exposição, a mostra procurava «souligner l’importance du rôle critique et novateur joué par les écrivains, les politiciens et les artistes qui constituaient cette Génération de 70, et la générosité de leur désir de susciter un renouveau intellectuel dans leur pays, en y rendant accessible à tous les bienfaits du progrès matériel» (La Géneration de 70. Époque, Chefs de File…, 1971, p. 10). Contava para isso com edições originais de obras e documentos de Antero de Quental (1842-1891), Eça de Queirós (1845-1900), Gomes Leal (1849-1921) e Oliveira Martins (1845-1894), expostas segundo o projeto museográfico de Paulo Ferreira (1911-1999). A apresentação dos objetos bibliográficos foi valorizada com a exposição de objetos iconográficos, capazes de transportar os visitantes para a época retratada.

A exposição, bem como o seu catálogo, foram organizados em quatro núcleos distintos: o primeiro, dedicado ao contexto em que surge este grupo de intelectuais; o segundo, centrado na ação dos protagonistas da designada «Geração de 70»; o terceiro, dedicado aos escritores evocados; o quarto, numa abordagem mais transversal sobre a década de 1870, incidia sobre o contributo de outras personalidades para este movimento cultural.

Assumindo a ausência de vários documentos importantes, em virtude dos limites que a exposição impunha, e ressalvando o reduzido espaço dedicado às artes, Joaquim Veríssimo Serrão, no prefácio do catálogo, desafiava o público a visitar a biblioteca do Centre Culturel Portugais, que serviria como extensão da mostra (Ibid., p. 9).

Como atividade complementar, realizou-se ainda um ciclo de cinco conferências, no qual participaram o escritor Vitorino Nemésio, os professores Eduardo Lourenço, Jean Girodon, Albert Silbert e o subdiretor do CCP, António Coimbra Martins.

Filipa Coimbra, 2016