Lugares, Paisagens, Viagens. Atravessar Culturas Através dos Tempos

Projeto «Gulbenkian Itinerante. Percursos pelas Coleções do Museu Gulbenkian»

Exposição integrada no programa «Gulbenkian Itinerante», projeto da responsabilidade do Museu Calouste Gulbenkian (Coleção do Fundador e Coleção Moderna) sob coordenação de Nuno Vassallo e Silva, baseado numa rede de parcerias com instituições sediadas em diversas cidades portuguesas.
An exhibition held in the context of the “Gulbenkian Itinerante” (Gulbenkian on Tour) project led by the Calouste Gulbenkian Museum (Founder’s Collection and Modern Collection) and coordinated by Nuno Vassallo e Silva, based on a network of partnerships with institutions in various cities throughout Portugal.

No âmbito do programa «Gulbenkian Itinerante», que vigorou entre 2018 e 2020, «obras da Coleção do Fundador e da Coleção Moderna são apresentadas em conjunto em diversos espaços culturais do país, com vista a um maior usufruto dos públicos do património artístico da Fundação Calouste Gulbenkian» (Relatório e Contas FCG. 2018, 2019, p. 87). O projeto, coordenado por Nuno Vassallo e Silva, curador e responsável pela equipa de gestão da coleção do Museu Calouste Gulbenkian (MCG), contou com a curadoria externa das instituições que participaram na organização das mostras. Desta parceria resultaram cinco exposições, com diferentes propostas expositivas, intituladas «Corpo e Paisagem» (2018-1019), «Lugares, Paisagens, Viagens» (2018), «Mares sem Tempo» (2019), «Pontos de Encontro» (2019) e «Os Domínios do Olhar» (2020).

A propósito da inauguração da exposição «Corpo e Paisagem» em Bragança, Penelope Curtis, diretora do MCG de 2015 a 2020, sublinhou numa entrevista a um semanário local a grande liberdade de escolha por que se pautaram estas mostras, uma vez que a equipa do MCG convidou os curadores locais para verem as reservas das duas coleções e selecionarem as obras que entendessem, com o objetivo de se cruzarem as duas coleções. «A coleção de Calouste Gulbenkian é muito rara, porque tem peças da Síria e da Pérsia, dos séculos XVI e XVII», lembrava Curtis na mesma entrevista (Lopes, Mensageiro de Bragança, 6 dez. 2018).

Apoiado numa rede de parcerias com instituições portuguesas distribuídas pelo território nacional, o projeto das exposições itinerantes privilegiou as regiões mais distantes dos principais centros culturais, para combater as assimetrias existentes no país. Com estas exposições, organizadas em torno do eixo temático «Atravessar culturas através dos tempos» e programadas entre 2018 e 2020, pretendeu-se, articulando as obras da coleção da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) com o património cultural das diferentes cidades de acolhimento, promover novas leituras sobre as coleções, então identificadas como Coleção do Fundador, «as obras reunidas por Calouste Sarkis Gulbenkian», e Coleção Moderna, «o conjunto resultante das aquisições, legados e doações reunido após 1956» (Gulbenkian Itinerante. Percursos pelas Coleções do Museu Gulbenkian, 2018, p. 1).

A grande preocupação, de acordo com Nuno Vassallo e Silva, foi promover a partilha e a atividade cultural, estabelecendo um conjunto de parcerias com instituições nacionais afastadas dos grandes centros, embora dotadas de equipamentos de exceção. Nestas parcerias, construídas em comum, foi sempre tido em conta o olhar dos parceiros. Aos curadores de cada um dos equipamentos foi dada liberdade para observar o património da Fundação e para montar as exposições de acordo com as necessidades locais, sublinhou o responsável pelo projeto (Pinheiro, Jornal i, 6 dez. 2018).

Como tal, esta exposição de 2018, intitulada «Lugares, Paisagens, Viagens. Atravessar Culturas Através dos Tempos», teve curadoria de José Gameiro, diretor do Museu de Portimão, e esteve patente neste museu algarvio entre 8 de dezembro de 2018 e 3 de março de 2019. O projeto expositivo desenvolveu-se em torno das temáticas «Paisagem» e «Viagens» (reais ou imaginárias), privilegiando o diálogo entre as obras da Coleção Calouste Gulbenkian, uma seleção de obras provenientes do acervo do museu portimonense e de colecionadores locais e o pensamento de Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), escritor e político natural de Portimão, que assumiu a presidência da República Portuguesa entre 1923 e 1925. A sua relevância histórica e intelectual foi evocada quer pela reprodução fotográfica do seu retrato num dos painéis da exposição, quer pela transcrição de curtas citações do antigo presidente pontualmente inseridas no percurso expositivo.

O curador selecionou para a mostra um conjunto de obras de épocas e técnicas distintas – pintura, escultura, desenho, fotografia, gravura e têxteis, como a tapeçaria de armação da Manufatura de Aubusson, século XVIII (Inv. 32A), proveniente da Coleção do Fundador –, reunindo uma vasta seleção de obras de artistas como Antoine-Louis Barye (1795-1875), Félix Ziem (1821-1911), Bernardo Marques (1898-1962), Carlos Botelho (1899-1982), Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), Alice Jorge (1924-2008), Ablade Glover (1934), Teresa Dias Coelho (1954), Ana Vidigal (1960), Emília Nadal (1938), Eduardo Nery (1938-2013).

No total, reuniram-se nesta exposição 21 obras, entre as quais se incluíam três obras provenientes do acervo da Coleção do Fundador e 18 obras da Coleção Moderna. A mostra teve como imagem gráfica de divulgação, utilizada em convites e cartazes, a obra de Teresa Dias Coelho Pintura II (s.d.) (Inv. 80P1407), do acervo da Coleção Moderna da FCG.

O local escolhido para a exposição, uma antiga fábrica de conservas, com uma forte ligação à atividade piscatória, ao mar e, consequentemente, às viagens, convocava por si só representações plásticas e poéticas da luz, atmosferas mediterrânicas e de evocação de lugares distantes, próximos, reais ou imaginados. A ideia central do projeto foi sucintamente apresentada por José Gameiro no programa de divulgação do ciclo expositivo: «Partindo dos escritos do antigo presidente da República, o portimonense Manuel Teixeira Gomes, compulsivo viajante e observador de lugares, gentes, territórios e paisagens, esta exposição, a decorrer no Museu de Portimão, evoca uma atmosfera algarvia e mediterrânica, com referências marítimas, greco-romanas e orientais. À seleção de obras do Museu Calouste Gulbenkian juntam-se obras pertencentes às coleções do Museu de Portimão e de colecionadores locais, sugerindo entre estas um diálogo artístico, estético, cultural e geográfico.» («Gulbenkian Itinerante. 2018-2019» [programa], 2018)

A exposição teve uma atenção moderada por parte da comunicação social, com diversas notícias cumprindo apenas o propósito de divulgação do projeto curatorial e promovendo o programa de descentralização da FCG realizado em parceria com museus regionais. De entre os artigos em periódicos (imprensa e digital), tendo sido identificadas mais de 45 referências (Dossiê de imprensa, 2018, Arquivos Gulbenkian, ID: 412626), destacam-se os publicados nos órgãos de comunicação Público (29 nov. 2018), Jornal i (6 e 7 dez. 2018), Sol (6 dez. 2018), Diário de Notícias (29 nov. e 1 dez. 2018), Observador (29 nov. 2019) e Visão (29 nov. 2018). Foi ainda publicado um artigo na plataforma O Turismo.pt (29 nov. 2018). Nos media de âmbito regional, publicaram-se artigos nos sites Notícias de Vila Real (28 nov. e 5 dez. 2018), Diário Digital Castelo Branco (1 dez. 2018), Açoriano Oriental (1 dez. 2018), Sul Informação (10 dez. 2018), Douro Hoje (5 dez. 2018) e Mensageiro de Bragança (6 dez. 2018).

A mostra teve também cobertura televisiva e radiofónica. Foi noticiada na RTP, SIC e TVI e em estações de rádio, como TSF e Renascença, com notícias e reportagens incluídas na programação diária.

O projeto «Gulbenkian Itinerante» integrou ainda uma extensa programação do Coro e Orquestra Gulbenkian, passando por diversas cidades portuguesas, como Caldas da Rainha, Águeda, Porto, Coimbra, Mafra, Marvão ou Viseu, e por cidades fora do país, como Madrid, Úbeda, Estrasburgo, Santa Cruz de Tenerife, Valência de Alcântara e Barcelona, numa iniciativa conjunta que pretendeu «alargar a programação artística a todos os públicos e estabelecer uma colaboração regular com os diferentes agentes culturais nacionais» («Gulbenkian Itinerante. 2018-2019» [programa], 2018).

Isabel Falcão, 2022


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Dromedário da Argélia (Dromedaire d'Algérie)

Antoine-Louis Barye (1796-1875)

Dromedário da Argélia (Dromedaire d'Algérie), Séc. XIX / Inv. 558

Barcos

Carlos Botelho (1899-1982)

Barcos, 1948 / Inv. 83P375

Vista do Velho Porto de Marselha

Félix Ziem (1821-1911)

Vista do Velho Porto de Marselha, c. 1850-60 / Inv. 137

Pesca à linha

Manufactura de Aubusson

Pesca à linha, Inv. 32A

Pintura II

Maria Teresa Dias Coelho

Pintura II, Inv. 80P1407


Publicações


Fotografias

Isilda Gomes (ao centro); Teresa Gouveia (ao centro); Teresa Mendes; José Gameiro; Penelope Curtis (à dir.)
Isilda Gomes (ao centro); Teresa Gouveia (ao centro); Teresa Mendes; José Gameiro; Penelope Curtis (á dir.)
Teresa Gouveia
Isilda Gomes (à esq.); Teresa Gouveia (ao centro); Teresa Mendes (à dir.)
Teresa Gouveia (à esq.); Isilda Gomes (à esq.); José Gameiro (ao centro); Penelope Curtis (à dir.)
Penelope Curtis (à esq.); José Gameiro (à dir.)
Penelope Curtis (à esq.)

Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa

Conjunto de documentos referentes à exposição. 2018

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 04754

Pasta com documentação referente à exposição. Contém ofício do Museu de Portimão. 2019

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 117468

Coleção fotográfica, cor: inauguração (Museu de Portimão, Portimão) 2018


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