Ângelo de Sousa. La Couleur et le Grain Noir des Choses  

Primeira exposição individual em França do artista português Ângelo de Sousa (1938-2011), com curadoria de Jacinto Lageira e organização da Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France. De entre a diversidade da sua obra, a mostra reuniu maioritariamente trabalhos de pintura, fotografia e alguns pequenos objetos de escultura.
First solo exhibition of the Portuguese artist Ângelo de Sousa (1938-2011) in France, curated by Jacinto Lageira and organised by the Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France. Drawing from his varied body of work, the exhibition mainly consisted of paintings and photography, in addition to a few small sculptural pieces.

A exposição «Ângelo de Sousa. La Couleur et le Grain Noir des Choses» inaugurou na Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France no dia 24 de janeiro de 2017, com curadoria de Jacinto Lageira, ensaísta, crítico de arte e professor de Estética e Filosofia da Arte na Universidade Paris 1, e colaboração de Miguel de Sousa, filho e gestor do espólio do artista Ângelo de Sousa (1938-2011).

A exposição esteve patente ao público até ao dia 16 de abril de 2017, e o título, de acordo com o curador, «tem a ver com essa situação de opor de maneira assim formal a cor – que é um tema muito principal no trabalho dele [Ângelo de Sousa], na pintura, no desenho e na fotografia – e esse grão negro das coisas que é, no sentido literal justamente, o grão mesmo negro das coisas que ele fotografava, o chão, o chão de cimento, a areia, as pessoas na rua, aquela coisa que encontrava nas paredes, nos muros, na cidade e que ele encontrava também na natureza» («“A cor e o grão negro” da arte de Ângelo de Sousa chegam a Paris», RTP Notícias, 21 jan. 2017).

Em Portugal, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) já tinha organizado duas exposições individuais de Ângelo de Sousa: em 2003, intitulada «Transcrições e Orquestrações. Desenhos de Ângelo de Sousa», centrada no desenho e com curadoria de Nuno Faria, Jorge Molder e do próprio artista, e, em 2006, «Ângelo de Sousa. Escultura», com curadoria de Nuno Faria.

A iniciativa de 2017 trazia pela primeira vez a França uma exposição individual de Ângelo de Sousa, o que, de acordo com Miguel Magalhães, nomeado diretor da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris naquele mesmo ano, se articulava com um dos objetivos prioritários da instituição, o da divulgação internacional de artistas portugueses. Artista de referência na arte portuguesa contemporânea e «“praticamente desconhecido” do público francês», Ângelo de Sousa preenchia plenamente aquele requisito, sendo a mostra programada, na opinião de Miguel Magalhães, no «momento mais indicado para apresentar o artista em França[,] e julgo, também, que o público francês – e o público parisiense – está especialmente preparado para compreender e acolher bem este artista» (Branco, Lusojornal, 18 jan. 2017, p. 13). É de referir, contudo, que ainda que pouco divulgado em França, Ângelo de Sousa já tinha exposto em Paris, em 1959, na primeira edição da Bienal de Paris, e em 1976, numa coletiva de arte portuguesa contemporânea organizada no Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris.

Com uma obra caracterizada pela «diversidade de temáticas, materiais, técnicas, suportes, formatos e escalas» (Lageira, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 1 fev. 2017, p. 19), que se estende pela pintura, escultura, instalação, fotografia, vídeo, gravura ou desenho, a exposição, nas salas da Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France reuniu mais de 50 trabalhos (incluindo algumas das emblemáticas séries do artista) datados de meados da década de 1960 aos primeiros anos de 2000, distribuídos por núcleos de pintura e desenho, escultura (e maquetas) e fotografia. As obras apresentadas provinham, na sua maioria, da coleção reunida no espólio do artista, bem como do acervo do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, a que se juntou um empréstimo da Fundação de Serralves.

Na delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, o percurso expositivo iniciava-se no topo da escadaria principal do edifício, com um vídeo reproduzindo a série Slides de Cavalete (1977-1979), um trabalho que, segundo Jacinto Lageira, «representa pinturas que ele nunca fez, que projectou apenas num ecrã, representando formas geométricas e um aturado trabalho sobre a cor e a memória» (Andrade, Público, 24 jan. 2017). A seguir, nas salas centrais desse mesmo piso, dispunham-se grandes telas de Ângelo de Sousa, entre as quais figuravam as obras do Centro de Arte Moderna da FCG (Invs. 84P576, 80P574, 84P577, 85P578 e 86P579), a par de outras de igual intensidade cromática, e, em vitrinas, mostravam-se pequenas esculturas em alumínio e aço pintado e a série Pequenas Esculturas (Orelhas) (1975), em termoplástico (num aproveitamento de copos de iogurte); numa pequena sala contígua, reunia-se a seleção de oito fotografias da série Mão (1975), «a mão como parte do corpo, como órgão, mas também como uma coisa no meio de outras coisas», explicava Lageira (Ibid.). Na última sala, apresentavam-se três vídeos, eminentemente experimentais e de pesquisa formal da plasticidade da imagem e linguagem visual, e um núcleo de fotografia, com a apresentação, entre outras obras, das séries Epifanias (1968-2001) e Umanistas (1969-1985), um núcleo em que o artista revela também interesse por um registo documental.

O catálogo reúne textos introdutórios de Artur Santos Silva e Miguel Magalhães, um ensaio do curador da exposição, Jacinto Lageira, e uma biografia crítica do artista, da responsabilidade de Leonor Nazaré, curadora do Centro de Arte Moderna da FCG. O volume inclui ainda uma antologia crítica de textos, da autoria de Jorge Molder, João Pinharanda, Sérgio Mah, entre outros.

A reprodução da obra Slides de Cavalete, de intensa vibração cromática e reveladora do seu intenso trabalho de pesquisa, capa do catálogo da exposição, surgia em muito do material de divulgação, como convites, e-cards ou cartazes (afixados nas estações de metropolitano), anúncios ou textos de divulgação e crítica, disponíveis na imprensa escrita e em conteúdos digitais.

Isabel Falcão, 2022


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

86-3-15Q

Ângelo de Sousa (1938-2011)

86-3-15Q, Março 1986 / Inv. 86P579

Pintura

Ângelo de Sousa (1938-2011)

Pintura, 1974/75 / Inv. 85P578

Pintura

Ângelo de Sousa (1938-2011)

Pintura, 1973/74 / Inv. 80P574

Pintura (83-5-15 G)

Ângelo de Sousa (1938-2011)

Pintura (83-5-15 G), Maio/Junho 1983 / Inv. 84P576

Pintura (84 - 10 - 4 G)

Ângelo de Sousa (1938-2011)

Pintura (84 - 10 - 4 G), 1983/84 / Inv. 84P577


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Jacinto Lageira
Artur Santos Silva (à esq.), Miguel Magalhães (centro esq), Jacinto Lageira (ao centro) e João Manuel Caraça (à dir.)
Miguel Magalhães (ao centro) e Jacinto Lageira (à dir.)

Multimédia


Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 124380

Coleção fotográfica, cor: aspetos de sala (FCG- Délégation en France, Paris) 2017

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa

Conjunto de documentos referentes à exposição. Contém materiais gráficos, caderno de exposição e pressbook. 2017


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