Tesouros do Museu. Um Vaso Grego no Museu Calouste Gulbenkian
Primeira exposição da série «Tesouros do Museu», dedicada à análise de uma peça ou de um núcleo da exposição permanente do Museu Calouste Gulbenkian. A obra escolhida para iniciar esta série foi o Vaso (calyx-kratêr) (Ática, c. 440 a.C.), série sobre a qual Maria Helena da Rocha-Pereira (1925-2017) desenvolveu um estudo pormenorizado.
Inaugural exhibition of the “Museum Treasures” series, dedicated to the analysis of a single piece or exhibit from the Calouste Gulbenkian Museum’s permanent exhibition. The artwork chosen to launch the series was the Vase (calyx-kratêr) (Attic, c. 440 BC), accompanied by a detailed analysis conducted by Maria Helena Rocha-Pereira.
Primeira e única exposição da série «Tesouros do Museu», dedicada ao estudo de uma peça ou de um núcleo da exposição permanente do Museu Calouste Gulbenkian.
Esta nova série surgia na continuidade de uma anterior, iniciada em 1987, intitulada «Obra em Foco», que se estendeu até 2008, assumindo a designação «Obra de Arte em Foco». No entanto, enquanto esta última trazia à luz do dia obras raramente expostas, constituindo uma oportunidade para os visitantes conhecerem melhor a Coleção em toda a sua diversidade, a nova série assentava no aprofundamento de obras ou conjuntos de obras que, pela sua relevância histórica e artística, se encontravam em exposição permanente no museu.
A obra escolhida para iniciar esta série, à qual não foi dada posteriormente continuidade, foi Vaso (calyx-kratêr) (Ática, c. 440 a.C.), exposto na Galeria de Arte Greco-Romana. Este vaso grego, considerado o mais relevante dos existentes em Portugal, ocupava a primeira de quatro vitrinas dessa galeria e destacava-se, desde logo, das restantes peças, pelas suas dimensões e cromatismo. Uma breve legenda técnica, com indicação do local, data, material e número de inventário, era, até então, a única informação complementar disponibilizada ao visitante no espaço expositivo.
Para realizar uma análise detalhada desta obra, foi convidada a mais conceituada especialista portuguesa em estudos clássicos, Maria Helena da Rocha Pereira (1925-2017), que, entre outras temáticas, estudou os vasos gregos em Portugal, com o primeiro artigo publicado em 1967. Em 2007 foi comissária científica da exposição «Vasos Gregos em Portugal. Aquém das Colunas de Hércules», que teve lugar no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
De forma a permitir um outro nível de leitura, em termos iconográficos, técnicos e históricos, foram montados dois painéis informativos ao lado da vitrina onde o vaso se encontrava em exposição. Integrados numa sala revestida a granito, e, portanto, cromaticamente contida, estes painéis evidenciavam-se e associavam-se de imediato à obra em destaque pelas cores usadas, as mesmas que caracterizam os vasos gregos pintados.
Constituídos por texto e imagem (digital), nestes painéis eram disponibilizados alguns excertos do estudo de Rocha Pereira, publicado na íntegra pela FCG, aos quais se juntava um monitor táctil, que permitia ao visitante explorar detalhadamente as várias figuras e cenas representadas no vaso.
O texto (em português e inglês), além de traçar, de forma breve, a história desta peça, indicando as coleções que integrou até ser adquirida por Calouste Sarkis Gulbenkian, reforçava o valor dos vasos gregos para «reconstituir grande parte da história da pintura», mas também para outras áreas de estudo como a história do comércio. Sendo estas as principais linhas em torno das quais se desenvolve o estudo de Rocha Pereira, intitulado Um Vaso Grego no Museu Calouste Gulbenkian, compreende-se que este serviu de base para o projeto expositivo. Deste modo, a publicação, na qual era apresentada uma pormenorizada análise iconográfica da obra, era proposta como uma espécie de guia que o visitante poderia levar consigo para o espaço de exposição.
Este tipo de iniciativas desenvolvidas pelo Museu Calouste Gulbenkian desempenham um papel educativo de relevo, dirigindo-se não só a novos públicos, mas também ao público que revisita o museu. Por outro lado, a relação entre museu e academia, aqui fomentada, salienta a importância da instituição museológica para a produção de conhecimento.