Primeira exposição individual da artista sul-coreana Koo Jeong A. (1967) em Portugal. Comissariada por Isabel Carlos, diretora do Centro de Arte Moderna (CAM), esta mostra apresentava ao longo da Galeria do Piso 1 do CAM cinco estruturas de grandes dimensões, que se encontravam na fronteira entre a escultura e a arquitetura. Expressamente concebidas para o CAM, estas «caixas», como a artista as designa, dialogavam com o espaço da galeria e seus elementos arquitetónicos.

O título da exposição corresponde ao título de cada uma das peças. A sua origem é clarificada pela artista, citada por Isabel Carlos no ensaio que assina para o catálogo: «Alguém disse que existem nove dimensões no universo, apesar de só sermos capazes de conceber e falar de quatro.» (9: Nove/Nine. Koo Jeong A., 2011, p. 22) Esta afirmação leva a crer que é sobre as cinco dimensões visível e conceptualmente inacessíveis ao ser humano que a artista se concentra nesta exposição.

Koo Jeong A. cria cinco «caixas» gigantes, que guardam algo que o espectador só pode pressentir, uma vez que o seu interior lhe é interdito. Ao entrar na galeria, o visitante deparava-se com grandes blocos brancos que impediam a livre circulação, criando uma espécie de labirinto. Estando do lado de fora destes white cubes, o visitante procurava instintivamente uma abertura que lhe desse acesso ao seu interior. À medida que os contornava dava-se conta de que as aberturas existentes, a partir das quais se vislumbram ambientes luminosos e coloridos, não permitiam a entrada. Estas emissões de luz eram ativadas aquando da sua passagem, como se até então aqueles «corpos» estivessem adormecidos.

Depois de percorrer o labirinto que não o levava a lugar algum, de tentar espreitar para o interior das caixas e subir escadas que terminavam numa parede, o visitante abandonava o espaço sem ter conseguido saber o que guardavam tais caixas misteriosas.

No seu texto para o catálogo, Isabel Carlos fala na dificuldade de escrever sobre o trabalho desta artista, que considera escapar «à definição, à objectividade, à qualificação, à narrativa, à nomeação e à interpretação» (9: Nove/Nine. Koo Jeong A., 2011, p. 25).

Para acompanhar esta exposição foram produzidos um catálogo e um caderno de exposição. No catálogo, além do texto da curadora, destacam-se os textos de Cedric Price e de Édouard Glissant sobre a obra da artista.

Mariana Roquette Teixeira, 2019