La Ligne Volage. Edgar Martins

Primeira exposição retrospetiva do fotógrafo Edgar Martins (1977) em Paris, com curadoria de Sérgio Mah. A mostra reuniu 50 fotografias de sete séries, desenvolvidas pelo artista ao longo de cinco anos. As suas obras exploram as transformações do território, do espaço natural e da alienação do homem no seu ambiente.
First retrospective exhibition on photographer Edgar Martins (1977) in Paris. Curated by Sérgio Mah, the show brought together a selection of 50 photographs from seven series produced by the artist over the course of five years. The works explored the way that land changes, the natural space and the alienation of humans in their environment.

«La Ligne Volage» foi a primeira exposição individual em Paris do artista português Edgar Martins (1977). Partindo da iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), a mostra foi organizada pelo Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG), que assinalava assim a participação no Paris Photo, a maior feira anual internacional dedicada à fotografia. A curadoria da mostra foi entregue ao professor e curador Sérgio Mah, a convite de Emílio Rui Vilar, então presidente da FCG.

Edgar Martins vive e trabalha em Londres desde 1996, cidade onde estabeleceu a sua carreira artística como fotógrafo. Atualmente é um dos fotógrafos portugueses com maior reconhecimento público em Portugal e no estrangeiro; o seu trabalho está representado em várias coleções públicas e privadas. Todavia, à data da presente exposição, o artista nunca tinha ainda exposto em Paris, nem o seu trabalho era amplamente conhecido na cidade. A exposição previa exatamente preencher essa lacuna.

No seu texto de catálogo, Sérgio Mah introduz as questões essenciais da mostra: «What does it mean to represent and perceive places photographically? How is it that the photographic with its limitations and potentialities, has the privilege of “disassembling” the appearance of the territory and, consequently, of inviting a broader, more emotional and more intricate experience of its hidden meanings? How do places connect and configure themselves in accordance with social, political and ecological phenomena?» (La Ligne Volage. Edgar Martins, 2010, p. 9)

Como adiantou o curador: «These are pressing questions for many contemporary visual artists for whom working on place and landscape involves an ever more necessary challenge: that of rendering visible and interrogating the ways in which space is appropriated and transformed, and salvaging some vestige of the events, dilemmas and reverberations wrought by history on the territory.» (Ibid.)

O trabalho de Edgar Martins está muitas vezes associado a estas reflexões e motivações, através de uma prática fotográfica que se referencia nos géneros da representação topográfica, da paisagem à arquitetura.

Referindo-se ao trabalho de Edgar Martins, Rui Vilar escreve na apresentação do catálogo: «The artist appropriates ordinary places and transforms them into spaces which fluctuate between the real and the imaginary, between the concrete and the metaphoric.» (La ligne volage. Edgar Martins, 2010, p. 7)

Inaugurada a 20 de outubro, a exposição reuniu 50 fotografias de sete séries desenvolvidas por Edgar Martins ao longo de um período de cinco anos: The Accidental Theorist (2006-2008); Dwarf Exoplanets & Other Sophisms (2007); When Light Casts no Shadow (2008); This is not a House (2008); The Rate of Convergence of Two Opposing System Trajectories (2008-2009); Reluctant Monoliths (2009); A Metaphysical Survey of British Dwellings (2010)

O facto de trabalhar por séries permite perceber uma das características estruturantes do modus operandi do artista. Com efeito, o conjunto de séries apresentado permite desenvolver um juízo transversal da produção fotográfica e dos traços singulares do artista.

Desde logo, na maioria das fotografias de Edgar Martins não se veem pessoas, nem qualquer tipo de ação em curso. As suas imagens exploram as transformações radicais do território, do espaço natural e da alienação do homem no seu ambiente, desdobrando-se em temas que variam entre uma cidade industrial, uma autoestrada deserta, uma praia noturna, bairros e casas abandonadas, e vários lugares que evidenciam a transformação da paisagem industrial. Citando Vilar: «abstract scenes where time itself seems to be suspended» (Ibid.).

Como vários autores apontam, as fotografias de Edgar Martins mantêm uma coerência autoral reconhecida nas suas nuances conceptuais e estéticas, refletidas nas imagens recriadas pela perspetivação do seu olhar. Estas questões são abordadas no extenso catálogo editado para a exposição, que inclui análises assinadas pelo curador e pelos autores Jacinto Lageira e Peter D. Osborne.

O catálogo da mostra foi editado pelo Centre Culturel Calouste Gulbenkian nas línguas francesa e inglesa, e inclui os textos de Rui Vilar, Sérgio Mah, Jacinto Lageira e Peter D. Osborne, a que se junta a biografia do artista e a reprodução de algumas das fotografias apresentadas na exposição.

Na sequência da mostra foi possível recolher vários artigos dedicados ao trabalho do artista, que confirmam o bom acolhimento da exposição por parte da crítica especializada.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Sem título (da série Reluctant Monoliths)

Edgar Martins (1977-)

Sem título (da série Reluctant Monoliths), 2010 / Inv. FP575


Publicações


Fotografias


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRES 02239

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém texto de Rui Vilar para o prefácio do catálogo da exposição. 2010 – 2010


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