Lluís Hortalà. Right Place, Wrong Time

Exposição do artista espanhol Lluís Hortalà (1959). Esta mostra/instalação, projetada pelo artista especificamente para o local, e com fortes ligações à sua experiência de alpinista, reúne um conjunto de peças produzidas durante os dez anos que antecederam a instalação.
Exhibition of work by Spanish artist Lluís Hortalà (1959). The exhibition/installation, specifically conceived by the artist for the space, brought together a selection of works produced at distinct stages in the artist’s career and strongly tied to the artist’s experience as a climber.

Exposição do artista espanhol Lluís Hortalà (1959), apresentada na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão.

Para esta mostra/instalação, Hortalà constrói, através de uma série de intervenções, um espaço dentro do espaço, no qual dispõe cuidadosamente um conjunto de peças produzidas em momentos distintos ao longo dos últimos dez anos, com fortes ligações às suas experiências enquanto alpinista (1975-1982).

Ao atravessar a porta de entrada, o espectador entra num corredor de paredes escuras e chão inclinado, na forma de rampa, que o conduz a um espaço iluminado, marcado por duas colunas brancas, também elas inclinadas, que parecem romper ou quebrar o teto falso da sala. Estes elementos, a meio caminho entre a forma escultórica e arquitetónica, causam alguma estranheza, desde logo pela sua localização inusitada, ao interromperem uma passagem, e, por outro lado, pela abertura no teto da sala, a que a sua altura obriga, ficando a descoberto uma parte da infraestrutura do edifício. Não foram, portanto, estes elementos que se adaptaram à sala, mas sim esta última que se teve de adaptar a eles. Pela situação em que se encontram, estes corpos parecem não ser fruto de uma ação planeada, mas de nascimento espontâneo, como ocorre na natureza.

No extremo oposto da sala, uma paisagem montanhosa surge representada em Thin Air (2002). Nesta, uma malha de círculos sobrepõe-se à paisagem, produzindo um efeito de barreira visual. Paradoxalmente, a visão descontinuada que esta provoca parece apelar ao detalhe, chamando a atenção para o que uma visão geral da montanha esconde, picos rochosos, cumes de gelo, escarpas, avalanches, derrocadas.

Através da prática do alpinismo, Lluís Hortalà, que em 1982 escalou o Evereste, desenvolve uma estreita relação com a montanha, a sua fisicalidade e fenómenos intrínsecos, que põem simultaneamente a descoberto a fragilidade e resistência do ser humano perante a natureza. Absolutamente bela e atraente, a montanha pode ser extremamente perigosa para quem a desafia, e é nesta dicotomia que assenta esta exposição. Para João Miguel Fernandes Jorge, trata-se de «um re-imaginar a montanha no que ela possa ter de visível e invisível» (Lluís Hortalà. Right Place, Wrong Time, 2004, p. 9).

A luz e a escuridão, a solidez e a fragmentação ou dissolução com que o artista se debateu nas suas aventuras pela montanha são experiências traduzidas escultoricamente ou através de instalações. Numa das extremidades da sala encontra-se Strobe Lightning (2002-2004), um espaço no qual flashes de luz perturbam a visão, podendo provocar alguma desorientação. Esta instalação exerce uma ação direta e intensa no espectador, e é trabalhada ainda de outra forma na peça de chão Carne de Grieta (2003). Com esta obra, topografia abstrata que parece remeter para o degelo, Hortalà explora efeitos óticos e armadilhas da perceção, capturando o olhar do espectador e fazendo-o duvidar da sua visão.

Escultura natural, moldada pelo tempo e pelos agentes externos, a montanha surge como pretexto ou experiência inspiradora para Hortalà pensar a relação do corpo com o espaço e outros objetos, e os mecanismos da perceção.

Esta exposição foi acompanhada por uma publicação da qual se destacam os textos de João Miguel Fernandes Jorge e de Teresa Blanch, bem como a reprodução dos desenhos de projeto das peças instalativas enviados pelo artista.

Mariana Roquette Teixeira, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Lluís Hortalà. Right Place, Wrong Time]

28 fev 2004 – 23 mai 2004
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00523

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, documentação fotográfica da exposição no Museu Comarcal de la Garrotxa, Olot 2003, e das obras «Thin Air» (2002) e «S/título (After Right Place, Wrong Time)» (1993), desenhos do artista de pormenores museográficos, projeto da exposição para a sala de exposições temporárias do CAMJAP desenhado pelo artista, documentação diversa enviada pelo artista, formulário de empréstimo, orçamentos, apólices de seguro, guias de transporte, folha de sala, convite, relatório de intervenção de restauro numa obra danificada durante a exposição. 2001 – 2006

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 175192

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAMJAP, Lisboa) 2004


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