Exposição individual do artista português Sérgio Pombo (1947), comissariada por Jorge Molder. Apresentada na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna, esta mostra deu a conhecer a produção mais recente de Sérgio Pombo, encarada pelo curador como fase madura da vertente mais «expressiva e violenta» da sua pintura (Sérgio Pombo, 2001, p. 5).

A mostra foi composta por pinturas de médio e grande formato, entre as quais se encontravam alguns dípticos e polípticos. Tratou-se de telas divididas em duas ou mais partes através de linhas verticais, dando lugar a dois ou mais campos de ação. O resultado são composições a vários tempos.

Nos trabalhos de médio formato, que abriam a mostra, o artista parece ensaiar formas e processos que explorará nas grandes telas. Assim, variações de triângulos, círculos, silhuetas que lembram ampulhetas, ou fragmentos destes, vão surgindo em diferentes momentos, dando origem a um universo particular.

À semelhança de Jorge Molder, também João Pinharanda sublinha, no seu texto para o catálogo, a violência destas pinturas, afirmando: «[…] as obras que agora se apresentam parecem ter levado Sérgio Pombo até um extremo sem retorno. Perante elas sentimo-nos mais do que nunca à beira de um abismo.» (Sérgio Pombo, 2001, p. 8)

No entanto, através destas pinturas «a diferentes tempos» o artista parece dar espaço, ainda que curto, para o espectador respirar fundo antes do próximo momento vertiginoso. Em termos cromáticos, observa-se na exposição uma tendência das trevas para a luz.

Esta mostra foi acompanhada de um catálogo, que junta ao texto de João Pinharanda reproduções de todas as obras expostas.