A exposição «Olívia da Silva. Memórias de Nós» integrou as ações de apoio à leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) para o ano de 1999. Reuniu 22 retratos fotográficos de crianças, em que a música, e particularmente o violino, se revela um denominador comum. A temática educativa animava a exposição. Cada criança era fotografada com o instrumento, tendo em fundo uma segunda imagem que a representava noutra circunstância das suas vidas, num outro «papel», idade ou estágio de desenvolvimento.

As imagens foram selecionadas de uma série que já havia sido objeto de uma exposição no ano anterior. Essa primeira apresentação tinha decorrido entre 31 de maio e 28 de junho de 1998 na Galeria do Município da Câmara Municipal de Matosinhos (Memórias de Nós, 1998). É pouco depois do fecho dessa mostra que Vasco Graça Moura, então diretor do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura (SBAL) da FCG, dirige o convite a Olívia da Silva (1962) para a produção de duas mostras que integrassem o programa de exposições itinerantes desse serviço para o ano seguinte (Carta de Vasco Graça Moura para Olívia da Silva, 29 jul. 1998, Arquivos Gulbenkian, SBAL 01396). A autora integrava assim, duas exposições suas na programação do SBAL para a rede de bibliotecas fixas da FCG: «Olívia da Silva. Sem Luvas» e «Olívia da Silva. Memórias de Nós». O SBAL patrocinou novas tiragens fotográficas, de 50 × 50 cm, para ambas as mostras. Circularam por várias cidades aderentes à rede em cooperação direta com os organismos municipais.

A cidade da Batalha foi a primeira a receber o projeto. Apresentou as duas mostras de Olívia da Silva em conjunto, tendo contado com a presença de Graça Moura na inauguração (Ofício de António de Sousa Lucas, presidente da Câmara Municipal da Batalha, para Vasco Graça Moura, 3 mai. 1999, Arquivos Gulbenkian, SBAL 01395). Os arquivos Gulbenkian guardam um calendário provisório que indica que as mostras estiveram patentes nessa cidade entre 26 de abril e 27 de maio de 1999. A partir daí, a mesma fonte indicia a bifurcação entre as exposições «Sem Luvas» e «Memória de Nós», tendo esta última sido apresentada em Cuba do Alentejo entre 31 de maio e 30 de junho do mesmo ano (Arquivos Gulbenkian, SBAL 01394). A restante documentação consultada aponta ainda como segura a apresentação da mostra em Benavente entre julho e agosto de 1999 (Ofício de António José Gaião, presidente da Câmara Municipal de Benavente, para Ana Gaiaz, 1 jul. 1999, Arquivos Gulbenkian, SBAL 01395).

O folheto de exposição publicado pela FCG para estas apresentações de «Memória de Nós» contempla uma biografia de Olívia da Silva e o texto «Encenações para compor personalidades à discrição», de Fátima Lambert, já apresentado no catálogo da primeira apresentação destes retratos em Matosinhos.

À data destas exposições promovidas pelo SBAL, Olívia da Silva residia em Inglaterra, beneficiando de uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian para uma investigação na Universidade de Derby (Arquivos Gulbenkian, SBA 09244). O cruzamento das ciências da comunicação, da psicologia infantil e da fotografia, com especial atenção ao retrato, estavam entre os principais interesses das suas pesquisas.

As suas duas mostras apresentadas pelo SBAL em 1999, mais do que relevarem uma pertinência artística subjacente às suas propostas, pretendiam abordar esses campos educativos a partir da produção de imagem, aspeto central para a sua inclusão no Programa de Apoio à Leitura da FCG.

Daniel Peres, 2019