Esta pintura pertenceu a José-Augusto França que a ofereceu a Carlos Dacosta, filho do pintor, no ano do seu nascimento (1969), tendo sido retocada pelo artista por essa altura: «O Passarinheiro de 1936/1937 é o seu primeiro quadro surrealista e será interessante notar que o retocou em 1969 quando o Professor José-Augusto França o ofereceu, como prenda de nascimento do filho do artista» (António Dacosta «O Trabalho das Nossas Mãos», 1999).

Esta foi considerada, por José Luís Porfírio, como uma das «obras inaugurais» de Dacosta, «que se devem ler como anúncios da obra futura» (António Dacosta 1914 – 2014, 2014, p. 45), revelando características que se iriam intensificar posteriormente nas suas pinturas e desenhos. Realizado quando o pintor frequentava a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, O Passarinheiro é o primeiro quadro de ruptura com a formação escolar, surgindo «algo bruscamente como um momento de mudança para outra situação plástica, que se descobria à revelia dessa fase de formação, no qual uma explosão da mancha quase informalista se projeta de uma situação figurativa, como um esgar expressivo» (Dias, 2016, p. 40).