O Passarinheiro […] é um demasiado óbvio ponto

«O Passarinheiro […] é um demasiado óbvio ponto de ligação a atravessar cinco décadas, mas a emergência das figuras que se impõem ao pintor, vindas da memória e do sonho para o acontecer inexplicado da tela, traduz um idêntico processo criativo sem hiatos definidos. Ou antes, com a longa pausa que se inicia por volta de 42 com o confronto reflectido com alheias interrogações sobre a figuração pós-cubista e a abstracção do tempo – um período de silenciosa aprendizagem até uma maturação que se reencontra com a inicial urgência de dizer. Que se passe, entretanto, do pesadelo e da ameaça a uma serenidade feliz, onde com as próprias imagens de morte se brinca, é uma diferença menor num percurso único.

Aqui a memória não é história, mas um trânsito infindável por horizontes de infância, histórias secretas, mitos pessoais, sinais aos amigos, prazeres que se prolongam na diversão dos títulos. A pintura não se apresenta como problema, como relação problemática, com uma tradição, mas como necessidade profunda a libertar progressivamente de rigores formais e edifícios técnicos […]. E o desafio extremo desta pintura reside naquilo que foi “desaprendendo” com um olhar arguto e divertido ao longo dos anos para reafirmar a insondável simplicidade das cores que se agitam para situar imagens que nenhumas palavras traduzem: imagens partilháveis.»

(POMAR, 1988, p. 14-R)


Bibliografia


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