Obras
Pintura
Festas do Espírito Santo

A Festa

N.º Inv.: ADP31
Data: 1942
Materiais e técnicas: Óleo sobre madeira
Medidas: 81 x 100 cm
Proveniência: Col. Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa
Inscrições: «A. Dacosta
42»
[frente, canto inferior esquerdo]

Apresentada na 7ª Exposição de Arte Moderna do SPN, ao lado de Episódio com um Cão aka Um Cão e outras coisas de 1941 [ADP17], A Festa seria o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso de 1942 (enquanto Almada Negreiros recebia o Prémio Columbano). A obra pertencia então ao pintor Thomaz de Mello (Tom) e com essa informação surgia já no catálogo dessa exposição (identificado com o n.º 2), tal como ainda no catálogo na exposição «Dezassete Quadros de António Dacosta» na Galeria de Março (abril de 1952), e sabe-se também que a obra costumava estar no ateliê de Tom onde este tinha parte da coleção.

No âmbito da preparação de um Museu de Arte Moderna para o Porto, centrado na arte portuguesa, projeto publicado em 1978 no Diário da República, e que estaria na génese do Museu de Serralves, José-Augusto França aconselhou a compra da pintura por parte do Estado. A compra foi efetuada através de dinheiros que sobraram do Instituto de Cultura Portuguesa – na altura era Hélder de Macedo o Secretário de Estado da Cultura, tendo conseguido um bom preço por parte de Thomaz de Mello. Em sequência, a obra aparecerá na exposição «Programa e Elenco das Obras do Acervo do Museu Nacional de Arte Moderna ou Nele Integráveis», no Museu Nacional de Soares dos Reis, 1980. Ficaria depois em depósito no Museu do Chiado.

Exposições

Coletiva

7.ª Exposição de Arte Moderna no Estúdio SPN

1942 / Estúdio do S.P.N., Lisboa

Coletiva

Exposição dos Artistas Premiados pelo S.N.I. 1935 – 1948

1949 / Estúdio do S.N.I. (Palácio Foz), Lisboa

Coletiva

Programa e Elenco das Obras do Acervo do Museu Nacional de Arte Moderna ou Nele Integráveis

Coletiva

Os Anos 40 na Arte Portuguesa

1982 / Centro de Arte Moderna, Lisboa

Coletiva

Os Portugueses e o Mundo. Exposição de Pintura de Arte Moderna

Coletiva

III Bienal de Arte AIP’98

1998 – 1999 / Europarque, Porto

Coletiva

O que há de Português na Arte Moderna Portuguesa

1998 / Palácio da Foz, Lisboa

Coletiva
Itinerante

Surrealismo em Portugal 1934 – 1952

2001 / Itinerância Espanha, Portugal

Coletiva

Figuração e Abstracção nas colecções do Museu do Chiado 1940 – 1960

2002 / Museu Francisco Tavares Proença Junior, Portalegre

Coletiva

A Presença do Divino na Obra de António Dacosta e Júlio Pomar

2006 / Biblioteca Pública e Arquivo Regional, Ponta Delgada, Açores

Coletiva

Um Percurso, Dois Sentidos. A Colecção do MNAC-MC, da Actualidade a 1850

2010 / Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa

Coletiva

Arte Portuguesa do Século XX 1910 – 1960

2011 / Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa

Individual

Dezassete Quadros de António Dacosta

1952 / Galeria de Março, Lisboa

Individual

António Dacosta (II Bienal de Arte dos Açores e Atlântico)

1987 / Biblioteca Pública, Angra do Heroísmo, Açores

Individual
Itinerante

António Dacosta

1988 / Itinerância Portugal

Individual
Itinerante

Homenagem dos Açores a António Dacosta

1995 / Itinerância Portugal

Individual

António Dacosta, Peintre et Poète Portugais

1997 / Maison de la Poésie, Paris

Individual

António Dacosta. Yes and No, In Other Words / Não há Sim Sem Não

1999 / Bermuda National Gallery, Hamilton

Individual

Pintura de António Dacosta / Paintings of António Dacosta

1999 / Galeria de Exposições Temporárias do Leal do Senado, Macau

Individual

Dacosta no Museu

2003 / Museu de Angra do Heroísmo, Angra de Heroísmo, Açores

Individual

António Dacosta. Scène Ouverte

2007 / Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation em France, Paris

Individual
Itinerante

António Dacosta 1914 – 2014

2014 – 2015 / Itinerância Portugal

Bibliografia

Passiva / Volume geral

AA.VV, Dicionário da Pintura Universal. Volume III. Pintura Portuguesa. Lisboa: Estúdios Cor, 1973

Passiva / Volume geral

Delarge, Jean-Pierre, Dictionnaire des Artes Plastiques Modernes et Contemporains. Paris: Éditions Gründ, 2001, p. 302

Passiva / Volume geral

França, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX (1911 – 1961). Lisboa: Bertrand Editora, 1991, pp. 13, 206, 213, 285, 289, 319, 327, 335-336, 345-349, 379, 385-386, 388-389, 393, 398, 412-413, 422, 430, 481, 487

Passiva / Volume geral

Gonçalves, Rui Mário, 100 Pintores Portugueses do Século XX. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, pp. 84-90

Passiva / Volume geral

Gonçalves, Rui Mário, A Arte Portuguesa do Século XX. Lisboa: Temas e Debates; Autor, 1998, pp. 59, 61, 63, 71, 115, 123-125, 130, 152, 158

Antologia Crítica

«A sua “Festa” é um passo a assinalar na sua conquista duma forma leve, pessoal e livre, ainda que sejam evidentes movimentos inúteis dos seus pincéis. Além desta insegurança da factura, o tema é dum lirismo tão fácil que quási o repelimos. Aquêle cornúpeto florido é duma galantaria bem fútil.» (GUSMÃO, 1943, p. 157)

Gusmão, Adriano de, No SPN. 7ª exposição de arte moderna. Seara Nova, n.º 806, Lisboa, 23 jan 1943, pp. 157-158

«E, de facto, a tela “Festa”, com um carneirinho branco e dois meninos rechonchudos à laia de Cupidinhos, parece representar já uma fase ultrapassada na obra de António Dacosta, pois se pode quase aceitar como um motivo decorativo, sem nada de misterioso ou perturbante. Nas suas novas obras, como “Cena com um pêndulo”, vinca-se o […]

Pamplona, Fernando de, Belas artes. Malas artes. O decorativismo na arte de Pedro Leitão. O cosmopolitismo de António Dacosta. Diário da Manhã, Lisboa, 22 abr 1952, p. 3

«É um dos primeiros quadros alegres de Dacosta, com subtilíssimo cromatismo parcialmente impressionístico servindo uma temática de nostalgias da infância açoriana. O culto do Espírito Santo insinua-se também em elementos deste quadro de raro sentido do maravilhoso.» (GONÇALVES, 1986, p. 87)

Gonçalves, Rui Mário, 100 Pintores Portugueses do Século XX. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, pp. 84-90

«Já em 42 é uma composição muito solar A Festa, onde a criança como um jovem deus, instaura uma temática de alegria e renovação de sentido cósmico, composição que parece anunciar a renovação da pintura do artista, o aparecimento nos anos 80 de uma nova expressão e de uma nova poética.» (FERNANDES, 1988, pp. 24-25)

Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25

«Muito diversa, Festa (1942), que comoventemente sugere uma poética mais personalizada que o pintor só retomaria nos anos de 1980. Evocando rituais festivos do seu Açores natal, liberta-se de clichés surrealistas para, quase melodiosamente, orquestrar formas linearizadas através de uma paleta clara e luminosa que Rui Mário Gonçalves aproxima acertadamente de Bonnard. Sob o aparente […]

Museu do Chiado. Arte Portuguesa. 1850 – 1950. Lisboa: Instituto Português de Museus; Museu do Chiado, 1994

«Apesar de a doçura lírica desta pintura ser o que Dacosta realizou de mais próximo do gosto oficial, o quadro prenuncia preocupações que aparecerão mais tarde: em primeiro lugar, a atenção dada a um ritual cíclico (a Festa do Espírito Santo nos Açores), e a nítida deslocação de uma vertente do surrealismo para outra do […]

Rosengarten, Ruth, António Dacosta. A nostalgia do sagrado. Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 25 out 1995, pp. 1P-3P

«Apesar de a doçura lírica deste trabalho ser o que Dacosta realizou de mais próximo do gosto oficial, o quadro prenuncia interesses que aparecerão mais tarde: a atenção dada a um ritual cíclico (a festa do Espírito Santo nos Açores), e a nítida deslocação de uma vertente do Surrealismo para outra, do “estranho ao maravilhoso”.» […]

António Dacosta. Yes and No, In Other Words / Não Há Sim Sem Não. Hamilton: The Bermuda National Gallery, 1999

«Se Melancolia (1942) ainda mantém a inquietação e solidão de atmosferas anteriores, ela foi despida de qualquer acento de violência e drama e tocada da calma dos ambientes de Chirico. A solidão da cena, as arquitecturas, e as sombras que estas projectam, isto é, a descoberta do estranho numa paisagem que nunca mais poderá ser […]

Surrealismo em Portugal 1934 – 1952. Lisboa; Badajoz: Instituto Português de Museus; Junta de Extremadura – Consejería de Cultura, 2001

«Se a densidade ilógica dos sonhos parece aqui promover uma nova realidade estética e plástica, Dacosta não recorre já às soluções mais comuns do primeiro Surrealismo, nele bebendo apenas ligeira motivação. Em A festa, o artista (fixado em Paris) reorienta a sua pintura para uma evocação da memória, essa infância açoriana e distante, traduzindo agora […]

Santos, David, Figuração e Abstracção nas colecções do Museu do Chiado. 1940 – 1960. Castelo Branco: IPM/MFTPJ, 2002

«A evocação do espaço ideal da infância reflecte o desejo de regresso a um estado de inocência. Esta visão ingénua e encantada, que se traduz na evocação dos rituais das festas religiosas e na recuperação dos valores expressivos da arte popular, aproxima-se, de certa forma, da atitude ingenuísta presente nos quadros de Sarah Afonso. […] […]

Rocha, Michele, António Dacosta. À procura de um tempo mítico. ArteTeoria, n.º 6, Lisboa, 2005, pp. 135-151

«No óleo sobre madeira “A Festa”, de Dacosta, surge em primeiro plano um menino, nu, que segura numa das mãos uma flauta de Pan. É, por inteiro, uma entrega à própria divindade da festa.» (João Miguel Fernandes Jorge in A Presença do Divino na Obra…, 2006, p. 5)

A Presença do Divino na Obra de António Dacosta e Júlio Pomar. Angra do Heroísmo: Museu de Angra do Heroísmo, 2006

«[…] “Festa” que le peintre évoque dans une œuvre rare de 1942, et qui émerge soudainement des brumes et des provocations de la guerre, avec un petit taureau sacrificiel, blan et doux, chevauché par un petit garçon et visité par un putto néoclassique et, en arrière-plan, un “Empire du Saint-Esprit”, le chapiteau d’un cirque ou […]

António Dacosta. Scène Ouverte. Paris: Centre Culturel Calouste Gulbenkian, 2007

«A Festa evoca, portanto, o imaginário ritualista da Festa do Espírito Santo da ilha Terceira: as corridas de touros e as puxadas do animal à corda, as decorações florais, as procissões. […] há neste quadro um lirismo terno, vigorado pela paleta clara, suave, e pelas figuras harmoniosamente representadas. A composição organiza-se num esquema triangular, sugerido […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«[…] a composição cromática geral sustenta-se numa espécie de paradoxo, entre a luminosa brancura central do bezerro e das crianças, e o obscurecimento sorumbático dos fundos. Apenso ao bezerro observa-se uma criança sobre um vitelo branco e florido, lançando pétalas de um cesto, enquanto outra criança de um branco de marfim está sentada no chão […]

Dias, Fernando Rosa, António Dacosta. A Tentação Mítica. Açores: Secretaria Regional da Educação e Cultura; Direção Regional da Cultura; Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2016

Obras Relacionadas

ADP164

A Mulher e o Folião

1983

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