Cinemas de Lisboa
Cinema Alvalade
O cinema Alvalade foi projetado em 1945 pelos arquitetos Filipe Nobre de Figueiredo (1913-1990) e José Lima Franco (1904-1970).
Situado no bairro de Alvalade, na Avenida de Roma 100, foi inaugurado em 1953. A sala, com tribuna e balcões, tinha capacidade para 1.485 espetadores e dispunha de três bares e cinco átrios.
Na parede do átrio, junto às escadarias de acesso aos balcões, existia um mural de Estrela Faria (1910-1976).
Encerrou em 1985 e o edifício foi demolido em 2003. No seu lugar existe um prédio que inclui quatro salas de cinema — City Classic Alvalade. À entrada pode ser visto o mural de Estrela Faria.
Cinema Cinearte
Esta sala de cinema foi projetada em 1938 pelo arquiteto Rodrigues Lima (1909-1979) e inaugurada em 1940.
“Ao edifício dei uma expressão que traduzisse claramente o fim a que se destinava, procurando conseguir um conjunto que estivesse de acôrdo com os princípios da arquitectura contemporânea. Fiz dominar sôbre tôda a construção a tôrre luminosa encimada pelo título do cinema (…)”
— Raul Rodrigues Lima em Revista oficial do Sindicato Nacional dos Arquitectos. N.º 12 (1940) (páginas 331-341)
Situava-se no Largo de Santos, onde hoje se encontra instalada a companhia de teatro A Barraca.
Cessou a atividade em 1981.
Cinema Europa
“Em meados de 1929 o proprietário José Dionísio Nobre, pretendendo construir um cinema num terreno que possuía na Rua Almeida e Sousa, n.º 35, tornejando para a Rua Francisco Metrass, em Campo de Ourique, apresenta à Inspecção dos Espectáculos, sob planos do arquitecto Raul Martins, o necessário pedido de autorização, (…) A obra estará concluída em fins de 1930, passando o cinema a ostentar o nome de «Cinema Europa».”
— M. Félix Ribeiro em Os mais antigos cinemas de Lisboa. Lisboa : Instituto Português do Cinema, 1978 (página 193)
“Nesta obra de acentuado carácter moderno, dentro da classe denominada por artes decorativas, lutou o seu autor, o arquitecto Raul Martins com a questão económica, factor êsse que ultimamente prejudica grandemente os arquitectos. (…) Contudo, aparece-nos de agradável aspecto exterior e interiormente chega mesmo a ser de cunho elegante (…) Eis, pois, uma das mais interessantes e modernas casas de diversão que a nossa capital possue, assente num dos seus mais populosos bairros.”
— Raul Martins em Arquitectura. N.º 23 (1932) (páginas 119-121)
A sala de cinema projetada pelo arquiteto Raul Martins (1892-1934) foi inaugurada em 1931. Tinha capacidade para 616 espetadores, distribuídos pelos três pisos do edifício, entre plateia, balcão e camarotes.
A propriedade passa de José Dionísio Nobre para João Francisco da Silva em 1936. O novo proprietário resolve remodelar o imóvel e entrega a restruturação ao arquiteto José Carlos Silva. A restruturação altera os interiores e a fachada do edifício.
O edifício foi demolido em 1957 e no seu lugar foi construída, em 1958, a sala projetada por Carlos Antero Ferreira (n. 1932).
Rodrigues Lima (1909-1979) fez ainda melhoramentos na sala em 1965 e modificações no bar e no átrio que recebeu um painel de azulejos de Fred Kradolfer (1903-1968).
Cessou a atividade em 1981.
No edifício instalou-se, em 2017, a Biblioteca/Espaço Cultural Cinema Europa.
Cinema Império
Projetado e construído entre 1948 e 1952, o cinema Império teve a autoria dos arquitetos António Varela (1902-1962), Cassiano Branco (1897-1970), Frederico George (1915-1994) e Raul Chorão Ramalho (1914-2002).
O local escolhido para a sua construção foi um terreno que existia na confluência da Avenida Almirante Reis com a Alameda D. Afonso Henriques.
Obra monumental, tinha uma sala que servia as funções de cinema e teatro. Cessou a atividade em 1983, mas no edifício o café Império, inaugurado em 1955, continuou em funcionamento.
Desde os anos 90 do século XX que é sede e local de culto em Lisboa da IURD – Igreja Universal do Reino de Deus.
Cinema Lys
O desenho do cinema Lys deveu-se ao engenheiro Machado Rodrigues que, em 1929, responde à encomenda do proprietário Abraão de Carvalho.
Inaugurou em 11 de dezembro de 1930.
“Construído, poderia dizer-se, num lugar estratégico, onde vinham convergir bairros vizinhos e populares como eram a Graça, os Anjos e Almirante Reis, o Lys caracterizou-se durante largo período da sua existência como cinema de «reprise», onde eram levados, mercê de uma dinâmica gerência, os filmes de maior êxito, imediatamente logo após a sua saída do cinema de estreia.”
— M. Félix Ribeiro em Os mais antigos cinemas de Lisboa. Lisboa : Instituto Português do Cinema, 1978 (página 155)
Em 4 de julho de 1954 reabre depois da remodelação dos interiores e ampliação do ecrã executadas pelo arquiteto Fernando Silva (1914-1983) e pelo decorador João Alcobia.
O cinema Lys volta a ter obras de remodelação dos interiores na década de 70 do século XX e reabre a 26 de junho de 1973 com o nome Roxy.
Cessou a atividade em 1988.
Cinema São Jorge
Em 1947 a câmara municipal de Lisboa aprova o anteprojeto do arquiteto Fernando Silva (1914-1983) para o cinema São Jorge, a construir no terreno da Avenida da Liberdade que tinha sido adquirido no ano anterior pela Sociedade Anglo-Portuguesa de Cinema.
Abriu ao público a 24 de fevereiro de 1950 depois de uma gala para figuras do Estado e uma sessão pré-inaugural para funcionários a 23 e 22 do mesmo mês, respetivamente.
“Construído com capitais anglo-portugueses é este cinema uma das obras ùltimamente erguidas em Lisboa que mais sensação causou, já pelo valor em si, já por fugir aos moldes do figurino barrôco-pitoresco da maioria das nossas construções (…) Comporta o edifício, além da sala de espectáculos, um palco com um orgão de cinema, elevatório; dois «foyers»; instalações da gerência; sala de projecções privativa, instalações para maquinaria de ar condicionado e aquecimento (…)”
— Fernando Silva em Arquitectura. N.º 35 (agosto 1950) (páginas 12-17)
Entre 1974 e 2003, após remodelações e intervenções na fachada e no interior, o edifício deixou de ter uma sala com lotação de 1.827 lugares. Passou a acolher festivais de cinema, concertos, conferências, lançamentos de discos e livros, distribuídos por quatro sala com a lotação total de 1.179 lugares.
Durante esse período o imóvel passou a ser propriedade da câmara municipal e a sua gestão passou a estar a cargo da EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural.
Cinema Tivoli
O cinema Tivoli foi construído num terreno situado na Avenida da Liberdade, propriedade da família Lima Mayer, seguindo o projeto do arquiteto Raul Lino (1879-1974).
Inaugurou a 30 de novembro de 1924 como sala de cinema.
Em finais dos anos 30 do século XX desapareceram os lugares da segunda plateia e das seis frisas laterais, alargando-se a primeira plateia.
Classificado como Monumento de Interessa Público, em 2015, tem hoje uma programação que inclui peças de teatro, bailados, concertos e festivais.
Cineteatro Éden
As primeiras projeções para a sala de cinema Éden deveram-se ao arquiteto Cassiano Branco (1897-1970) que trabalhou no desenho entre 1929 e 1930.
Cassiano Branco abandona o projeto e, na Praça dos Restauradores, foi construído em 1931 um edifício assinado pelo arquiteto Carlos Florêncio Dias.
Na memória de todos os que frequentaram a sala de cinema do Éden ficou a imagem da entrada principal. A escadaria tinha vários lances que conduziam ao bar, à plateia e a outras escadas, aos balcões e aos elevadores.
O cinema oferecia a todas as categorias de lugares um bar amplo e acessível.
A sala de cinema tinha 1.554 lugares e denunciava as preocupações de acústica e visibilidade que estiveram por trás das soluções encontradas.
Demolido entre 1993 e 1994 ficando apenas a sua fachada. É hoje um hotel.
Cineteatro Monumental
Edificado na Praça Duque de Saldanha, o cineteatro Monumental teve o projeto do arquiteto Rodrigues Lima (1909-1979) com intervenções plásticas de José Espinho (1917-1973), Fred Kradolfer (1903-1968), Maria Keil (1914-2012), Euclides Vaz (1916-1991) e Anjos Teixeira (1908-1997).
A inauguração do cineteatro Monumental aconteceu em 1951, após cinco anos de construção.
O edifício do cineteatro Monumental tinha 4 pisos. O acesso às salas de espetáculos fazia-se através de vestíbulos, escadas e elevadores. No átrio principal situavam-se as bilheteiras do teatro e dos principais lugares do cinema.
No primeiro andar acedia-se ao 1.º balcão do teatro e do cinema. No quarto piso localizavam-se os salões privativos do 2.º balcão do cinema e do 3.º balcão do teatro. A administração e os espaços de gerência do cinema e do teatro também se encontravam nesse último piso.
A sala de cinema tinha uma lotação de 1.967 lugares e dois painéis de Maria Keil que ladeavam a boca de cena.
A sala de teatro tinha lotação para 1.086 espectadores.
O cineteatro Monumental, onde “a sala cheia parecia uma cidade” nas palavras de José Manuel Fernandes (Cinemas de Portugal, 1995) acabou por ser demolido em 1984.
“O camartelo é cego por definição. É um instrumento que não poupa nada que lhe deixem pela frente e o Monumental não é excepção. Do imponente conjunto arquitectónico, construído para durar, nos anos 40, já pouco mais resta que a fachada e a torre encimada pela esfera armilar (…) O resto, o recheio, todo ele «fauteils» de cabedal, espelhos, candeeiros e lustres, panejamentos, madeiras, mármores, tijolos de vidro, móveis, o próprio écran, tudo foi vendido ao desbarato.”
Vandalismo abateu-se sobre o Monumental, notícia de 25 de fevereiro de 1984 no “Diário de Lisboa”
Fotografias com história
As fotografias dos Estúdios Mário e Horácio Novais oferecem memórias de tempos passados, em Portugal e no estrangeiro, do quotidiano e de grandes momentos históricos, paisagens, arquitetura, personalidades e muito mais.