Arquitetura do Movimento Moderno em África: mostra bibliográfica

A Biblioteca de Arte propõe uma seleção de publicações – livros e revistas – e peças escritas e desenhadas de espólios de arquitetos, sobre a história da arquitetura do Movimento Moderno nas antigas colónias portuguesas.

É no ambiente sociopolítico agitado do pós-guerra em Portugal que surge, em 1946, o Iniciativas Culturais Arte e Técnica, 1946-1956, coletivo de arquitetos de Lisboa impulsionado por Keil do Amaral (1910-1975) e integrando, entre outros, João Simões (1908-1995), Adelino Nunes (1903-1948), Formosinho Sanches (1922-2004) e Raul Chorão Ramalho (1914-2002).

É da sua responsabilidade a renovação da revista Arquitectura, que se torna mais atenta aos caminhos da arquitetura moderna, em espaço nacional e no estrangeiro, publicando o texto integral, em português, da Carta de Atenas.

Um ano depois, em 1947, Alfredo Viana de Lima (1913-1991), Cassiano Barbosa (1911-1998), Arménio Losa (1908-1988), Fernando Távora (1923-2005), João Andresen (1920-1967), João José Tinoco (1924-1983) e Octávio Lixa Felgueiras (1922-1996), entre outros, arquitetos formados na Escola de Belas Artes do Porto, criam a Organização dos Arquitetos Modernos (ODAM, 1947-1952), com o objetivo de defender e divulgar a arquitetura moderna.

A Organização dos Arquitetos Modernos (ODAM) e os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM, 1928-1959), vão influenciar de maneira decisiva as discussões surgidas no seio do I Congresso Nacional de Arquitetura, que se realiza em Lisboa, em 1948, organizado pelo Sindicato do Arquitetos, sob o patrocínio do poder oficial.

As comunicações apresentadas refletem diferentes posições e entendimentos do “moderno”, revelando as divergências programáticas e estéticas entre os arquitetos membros do Iniciativas Culturais Arte e Técnica e da Organização dos Arquitetos Modernos, nascidos nas primeiras três décadas do século XX, com os da geração anterior.

Apesar da repressão do regime, a década de 1950 traz mudanças no contexto cultural, às quais não é alheia a criação da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1956, que dá oportunidades de estudo e formação no estrangeiro a artistas e arquitetos. De facto, a partir desta década o contacto dos arquitetos portugueses com o exterior intensifica-se através dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIMA) e da União Internacional dos Arquitetos (UIA), cujo III Congresso se realiza em Lisboa, em 1953, mas também pelas viagens que realizam, pelas revistas de arquitetura estrangeiras a que têm acesso e pela divulgação da arquitetura moderna realizada pelas portuguesas Arquitectura e Binário (1958-1977).

À geração de arquitetos nascidos na década de 1920, cujas obras refletem um novo entendimento da arquitetura moderna, com maior atenção à dimensão social e ao desenho das cidades, pertencem Nuno Teotónio Pereira (1922-2016), Francisco da Conceição Silva (1922-1982), Manuel Tainha (1922-2012), Maurício de Vasconcelos (1925-1997) e Victor Figueiredo (1929-2004). Refira-se ainda neste período a importância do levantamento sistemático da construção popular portuguesa, iniciado em 1955, sob patrocínio do Sindicato dos Arquitetos, e publicado em 1961, e a formação do Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR), em 1953.

Com maior intensidade a partir dos anos de 1950, os territórios das antigas colónias portuguesas, nomeadamente Angola e Moçambique, constituem-se igualmente em espaço e oportunidade de trabalho para os arquitetos.

Uma parte dos edifícios que projetam são encomendas oficiais para equipamentos públicos que se enquadram na estratégia da política colonial do Estado Novo, como estações de caminhos de ferro e aeroportos. Como escreve Jorge Pedreirinho no artigo “Conceito de moderno” (Arquitetura do Movimento Moderno em Portugal. Madrid : Fundación Arquia ; Barcelona : Fundación Docomomo Ibérico, 2018, página 33), nestas construções os seus autores experimentam uma linguagem moderna menos condicionada ao gosto oficial, porque a distância as sujeita a “um menor controle dos poderes governativos”, acrescentando que, por outro lado, as condições climáticas daquelas regiões originam “soluções de grande efeito plástico”, com influências da arquitetura moderna brasileira.

Alguns destes arquitetos, poucos ou mesmo nenhuns edifícios deixaram em Portugal, e é naqueles territórios que se situam as suas obras mais significativas, exemplos maiores da arquitetura portuguesa do Movimento Moderno, como Vasco Vieira da Costa (1911-1982), Francisco de Castro Rodrigues (1920-2015), Maria Carlota Quintanilha (1923), João José Tinoco (1924-1983), João Garizo do Carmo (1927-1974), Pancho Guedes (1925-2015) e José Forjaz (1936).

 

A seleção de documentação foi realizada a propósito da apresentação, na Fundação Calouste Gulbenkian, da exposição Estação Central da Beira: Moçambique (1957–1966).

 

OBRAS GERAIS, 1946-1997

 

OBRAS GERAIS, 2000-2018

 

OBRAS ESPECÍFICAS, 1939-2008

 

OBRAS ESPECÍFICAS, 2009-2022

 

ARTIGOS, 1932-1977

 

ARTIGOS, 1985-2010

 

ARTIGOS, 2011-2013

 

ARTIGOS, 2013-2020

 

Projetos de arquitetura, 1922-1946

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