Maria Helena Vieira da Silva

1908 – 1992

Artista plástico
Vieira da Silva, com as suas composições abstratizantes de carácter poético, é autora de um dos percursos pictóricos mais relevantes da cena artística internacional da segunda metade do século XX.

Maria Helena Vieira da Silva nasceu no dia 13 de junho de 1908, em Lisboa.

Realizou os primeiros estudos em desenho e pintura na capital e, em 1928, partiu para Paris, para frequentar aulas de escultura na Académie de la Grande Chaumière, sob orientação do escultor Antoine Bourdelle. Escolheu depois a pintura, tendo aulas com os pintores Fernand Léger e Roger Bissière, e estudando também gravura, no Atelier de S. W. Hayter.

Com o seu casamento (1930) com o pintor húngaro Arpad-Szenes (1897-1985), que conheceu na Académie de la Grande Chaumière, foi-lhe retirada a nacionalidade portuguesa.

Em 1932, a pintora encontrou Jeanne Bucher (1842-1946), de quem se tornou amiga. Bucher foi a sua primeira galerista e organizou a sua primeira exposição individual com os guaches originais realizados para o livro infantil Kô et Kô (1933). A segunda foi organizada por António Pedro na galeria UP, em Lisboa (1935).

O início da II Guerra Mundial obrigou Vieira da Silva e Arpad-Szenes a abandonar Paris. O casal veio para Lisboa (1939), mas aqui permaneceu durante pouco tempo, partindo para o Rio de Janeiro no ano seguinte. Durante a estada no Brasil, a pintora conviveu com o meio artístico e cultural carioca e expôs no Museu Nacional de Belas Artes (1942) e na Galeria Askanazy (1944). Ainda antes do regresso a Paris (1947), as suas obras foram expostas no Salon des Réalités Nouvelles (1945), marcando o reconhecimento internacional crescente do seu trabalho, com o Estado Francês a adquirir uma obra sua em 1948.

Em 1956, depois do Estado Novo recusar devolver-lhe a nacionalidade portuguesa, a pintora tornou-se cidadã francesa. Foi na capital de França que Maria Helena Vieira da Silva morreu, a 6 de março de 1992, com 83 anos de idade. O catálogo raisonné da sua obra foi publicado nesse ano, já depois da sua morte, pela fundação que leva o nome do seu marido e o seu (Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva).

Das muitas exposições individuais – e retrospetivas – da sua obra, podem destacar-se algumas das organizadas e/ou realizadas na Fundação Calouste Gulbenkian, como Vieira da Silva (1970), Gravuras/Vieira da Silva (1975); Vieira da Silva: pintura a têmpera, 1929-1977 (1977); Vieira da Silva (1989).  E também as realizadas na Kestner-Gesellschaft (Hanover, 1958), no Museo Civico (Turim, 1964), no Musée de Peinture et de Sculpture (Grenoble, 1964), no Musée Fabre (1971), na Maison des Arts et Loisirs (Sochaux, 1976), no Musée d’État du Luxembourg (1976), no Nordjyllands Kunstmuseum (Dinamarca, 1978), na Biblioteca Nacional de Paris (1981), na Artcurial (Paris, 1986), Galeries Nationales du Grand Palais (Paris, 1988), no Museu de Serralves (1989), na Funcadión Juan March (Madrid, 1991), no Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987 e 1996-1997); na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva (2004-2005 e 2008), na Galerie Jeanne-Bucher e no Grand Palais de Paris (2008).

A sua obra integrou muitas exposições coletivas, entre as quais algumas organizadas e/ou patentes na Fundação Calouste Gulbenkian, como Painting & sculpture of a decade 54-64 (Tate Gallery, 1964); Aquisições da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris: Columbano, Sousa Lopes, Francisco Smith, Souza Cardoso, Vieira da Silva (1969); Cultura portuguesa en Madrid… (Palácio de Congressos, Madrid, 1977); Modern Portuguese tapestries (Kensington Palace, Londres, 1978); Escola de Paris 1956-1976 (1979); Le dessin au Portugal, 1900-1940 (Centro Cultural Português, Paris, 1981); O imaginário da cidade de Lisboa (Centro de Arte Moderna, 1985); Arte contemporáneo portugués (Museo Español de Arte Contemporáneo, Madrid, 1987); Arpad Szenes-Vieira da Silva nas colecções portuguesas (Budapesti Történeti Múseum, 1994); Waves of influence: cinco séculos do Azulejo Português (Snug Harbor Cultural Center, Nova Iorque, 1994); Hors catalogue: un projet Gulbenkian à propos de sa collection (Maison de la Culture d’Amiens, 1996-97); Arpad Szenes. Vieira da Silva (Centro Cultural da Câmara Municipal de Aveiro, 2000-2001).

No âmbito do circuito expositivo internacional, Vieira da Silva participou na Bienal de Veneza (25.ª, 1950 e 27.ª, 1954), na Bienal de São Paulo (2.ª, 1953, 6.ª, 1961 e 20.ª, 1989), na Documenta de Kassel (2.ª, 1959 e 3.ª, 1964), na 3e Biennale Internationale de la Tapisserie de Lausanne e na 2.ª Internationale der Zeichnung de Darmstadt (1967).

Vieira da Silva realizou ainda pintura para vitral (Igreja de Saint-Jacques em Reims, 1966), para azulejo (Metro – Estação Cidade Universitária, Lisboa, 1988), e tapeçaria, tendo vencido um concurso de tapeçarias destinadas à Universidade de Basileia (1954) e colaborado com a Manufatura de Tapeçarias de Portalegre. Em 1975, a pedido de Sophia de Mello Breyner, sua amiga, Maria Helena Vieira da Silva realiza dois cartazes para comemorar o 25 de Abril de 1974, editados pela Fundação Calouste Gulbenkian.  A cenografia e a ilustração fizeram também parte dos seus trabalhos.

A obra de Vieira da Silva encontra-se representada em diversas coleções institucionais portuguesas e estrangeiras, entre as quais: Centro de Arte Modena – Fundação Calouste Gulbenkian; Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisboa); Museo Thyssen-Bornemisza (Madrid); Centre Georges Pompidou (Paris); Tate Collection (Londres); Museum of Modern Art – MoMA (Nova Iorque); Solomon R. Guggenheim Museum (Nova Iorque); Walker Art Center (Minneapolis); Art Institute of Chicago e Pinacoteca do Estado de São Paulo. 

Ao longo da sua vida, a pintora foi nomeada Sócia Honorária do Grémio Literário de Lisboa (1968), da Academia de Belas Artes de Lisboa (1971), escolhida para membro da Academia das Ciências das Artes e das Letras de Lisboa (1984) e eleita membro da Royal Academy of Arts de Londres (1988).

Foi também distinguida com vários prémios – Grande Prémio Internacional de Pintura da Bienal de São Paulo (1961); Grand Prix National des Arts (França, 1966), Medalha de Prata das Artes Plásticas da Académie d’Architecture de Paris (1990) – e condecorações:  Chevalier e Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres (França, 1960 e 1962); Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada (1977); Medalha de Prata das Artes Plásticas da Académie d’Architecture de Paris. (1990); Officier de la Legion d’Honneur (1979).

Criada em 1990, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva (FASVS), dedicada à obra dos dois pintores, foi inaugurada em Lisboa, a 4 de novembro de 1994. Sobre a vida e obra do casal foram realizados os filmes Ma femme chamada Bicho (1978), de José Álvaro de Morais, e VIEIRARPAD, de João Mário Grilo (2021), ambos com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.


Recursos Relacionados

07 dez 2022

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.