Sinfonia n.º 83 de Haydn

Orquestra Gulbenkian / José Eduardo Gomes

Orquestra Gulbenkian
José Eduardo Gomes
Maestro

Joseph Haydn (1732 – 1809)
Sinfonia n.º 83, em Sol menor, Hob.I:83, A galinha
– Allegro
– Andante
– Menuet: Allegretto – Trio
– Finale: Vivace

Composição: 1785
Duração: c. 24 min.

Ao mesmo tempo que Mozart preenchia os derradeiros compassos do seu Concerto para Piano n.º 20, K. 466, um outro grande representante do Classicismo vienense, Joseph Haydn, rececionava a encomenda das famosas seis “Sinfonias de Paris” por parte do conde Claude-François-Marie Rigoley, o fundador da prestigiada sociedade maçónica parisiense Les Concerts de la Loge Olympique. Na época, a orquestra da instituição rivalizava com as melhores da Europa, superando até o número de instrumentistas que Haydn tinha ao seu dispor no Palácio de Eszterháza.

A Sinfonia n.º 83, em Sol menor, popularmente subintitulada “A galinha»”, reflete boa parte do potencial tímbrico daquela formação parisiense, reunindo uma flauta, dois oboés, dois fagotes, duas trompas e cordas. Partindo da tonalidade angustiada de Sol menor, o primeiro andamento introduz, desde logo, o primeiro motivo da exposição, em gesto ascendente muito breve, contando apenas com quatro notas. As pausas gerais, herdadas da Empfindsamkeit germânica, criam focos de expectativa que se vão sucedendo, à medida que o andamento progride. O segundo motivo da exposição esteve na origem do subtítulo da obra, o qual se foi propagando nos programas de concerto a partir dos finais do século XVIII. Exposto pelas cordas sobre um ritmo obstinado, faz lembrar, de facto, o debicar persistente das galinhas em busca de alimento. Após o denso desenvolvimento, a recapitulação reintroduz o material inicial, mas a coda renuncia à tonalidade de partida e inflete na tonalidade homónima de Sol maior, conferindo ao desfecho uma aura radiosa, nada comum em obras orquestrais do mesmo período.

O segundo andamento, na tonalidade sobredominante de Mi bemol maior, reveste-se de caráter contemplativo, acentuado pelas harmonias serenas que se desprendem das cordas. No Menuet: Allegretto que se segue, Haydn regressa à tonalidade de Sol maior para evocar um pouco das danças rústicas da sua infância, passada na Baixa Áustria. Da ambiência bucólica dá também nota o solo de flauta, no Trio. O quarto e último andamento, Vivace, parece ter tido em vista a capacidade virtuosística dos músicos parisienses, revestindo-se de assinalável vivacidade rítmica.

Rui Cabral Lopes

Atualização em 23 fevereiro 2021

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