Abertura da ópera Armida de Haydn
Orquestra Gulbenkian
José Eduardo Gomes Maestro
Joseph Haydn (1732 – 1809)
Abertura da ópera Armida
Composição: 1783
Estreia: Eszterháza, 26 de fevereiro de 1784
Duração: c. 6 min.
Originária da Hungria e detentora de uma forte tradição de mecenato artístico, a família Esterházy construiu, no início da década de 1760, o palácio de Eszterháza, próximo do lago Neusiedler (atualmente território húngaro), no qual Joseph Haydn passou a servir, na qualidade de Kappelmeister, o príncipe Nikolaus Esterházy, a partir de 1766. Este novo cargo implicava duras exigências que passavam, por exemplo, pela direção dos músicos pertencentes à capela privada do príncipe, pela composição em larga escala de novas obras e pela organização da biblioteca musical do palácio. Durante os anos em que esteve ao serviço da corte de Esterházy, e que se prolongaram até 1790, Haydn compôs a maior parte das suas óperas e um grande número de sinfonias e obras de câmara. A sua avassaladora produção musical englobou ainda a música sacra, várias peças para baryton (o instrumento predileto do príncipe) e a maior parte das suas sonatas para tecla.
Armida foi a última ópera composta por J. Haydn para a corte dos Esterházy. Foi estreada a 26 de fevereiro de 1784 no portentoso teatro privado do palácio de Eszterháza. O libreto, elaborado conjuntamente por Jacopo Duranti e Francesco Saverio de Rogati, sobre o poema épico Gerusalemme liberata de Torquato Tasso (1544-1595), relata a história de Armida, guerreira síria que empreende a defesa da cidade de Damasco face às investidas dos cruzados cristãos, liderados pelo seu amado Rinaldo. A Abertura, em Si bemol maior, anuncia, desde logo, os conflitos entre o exercício do dever e os afetos pessoais, que se tornarão latentes ao longo da ópera. Armida alcançou uma enorme projeção na sua época, ao lado das grandes produções de Wolfgang Amadeus Mozart, e torna-se muito revelador verificar que também em Portugal se encontram vestígios desta vasta circulação europeia1.
Rui Cabral Lopes
1A ária para soprano “Dove son che miro”, da ópera Armida de J. Haydn, encontra-se representada, em manuscrito, na coleção de Livros de Música do Seminário da Patriarcal, instituição de referência da vida musical portuguesa entre 1713 e 1835, muito embora tenha sido atribuída, erroneamente, a Domenico Cimarosa.