Uma Noite na Ópera
Orquestra Gulbenkian / Lorenzo Viotti
Carmen, de Georges Bizet (1838-1875), é uma das óperas mais famosas da História. Estreada na Opéra Comique de Paris a 3 de março de 1875, rapidamente se tornou um sucesso internacional. O colorido orquestral e a encenação de uma história de amor passada numa Andaluzia exótica apaixonaram os melómanos. A Abertura tem um caráter rapsódico e integra algumas das melodias mais famosas da ópera. Nela, Bizet estiliza os ritmos e as melodias associados a Espanha, enfatizando-os através da orquestração. Um episódio enérgico, baseado na melodia que o coro interpretará antes da tourada no início do Ato IV, capta a atenção do ouvinte e marca o início da abertura. Segue-se uma das melodias mais famosas da ópera, o refrão da ária de Escamillo, o toureiro e rival do soldado-tornado-contrabandista Don José. A secção final baseia-se numa longa melodia sinuosa que evoca o destino trágico de Carmen e que contrasta com a atmosfera inicial pelo seu lirismo.
A Seguidilla é uma canção dançada da Andaluzia que é interpretada por Carmen quando esta se encontra presa, devido a uma altercação com uma colega da fábrica onde trabalhava. Com uma melodia sensual e sinuosa, Carmen seduz Don José e convence-o a deixá-la evadir-se, causando a desgraça do soldado que marcará o resto da ópera. O acompanhamento regular apoia o virtuosismo da intérprete e a cor local é evocada através da referência a elementos andaluzes, como a manzanilla.
“La fleur que tu m’avais jetée” tem um acompanhamento esparso, de forma a concentrar a atenção em Don José. Intervenções do oboé pontuam uma ária em que o antigo guarda recorda o período em que esteve preso. Nesse período, a flor que Carmen lhe atirou deu-lhe alento para suportar uma condição adversa. O lirismo e o virtuosismo dominam numa ária dominada pelas cordas, com longas linhas melódicas e resoluções diferidas.
“Votre toast, je peux vous le rendre” é uma ária de Escamillo, o matador rival de Don José, interpretada na estalagem de Lillias Pastia. A orquestra em massa acompanha a ária, acentuando o seu ritmo regular, que marca um momento que glorifica a tourada e alterna estrofes com o refrão, a famosa melodia associada ao Toreador.
Passando de Espanha vista por franceses, à Itália do final do século XIX, o Intermezzo de Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni (1863-1945), é um dos trechos instrumentais mais conhecidos da ópera. Cavalleria Rusticana foi estreada em Roma a 17 de maio de 1890. A ópera resultou de um concurso promovido pela editora Sonzogno para jovens compositores italianos e tornou-se num momento emblemático do verismo, a abordagem italiana ao realismo. Assim, coloca em cena um drama passional passado na Sicília do século XIX. O Intermezzo é tocado num período de suspensão da ação dramática, no vazio da praça da aldeia enquanto a população se encontra na missa. As longas melodias curvilíneas protagonizadas pelas cordas e por um solo de oboé são sustentadas por um acompanhamento regular. Esse melodismo destaca-se num momento de intensa expressividade que é, frequentemente, apresentando em salas de concerto.
Tosca, de Giacomo Puccini (1858-1924), é um exemplo da mestria do compositor em conciliar a vocalidade expressiva da ópera italiana com a condução da ação dramática e uma escrita orquestral sofisticada. Baseada no drama histórico La Tosca, do francês Victorien Sardou, estreou em Roma a 14 de janeiro de 1900. A ação da ópera desenrola-se nessa cidade em 1800, quando Roma é ocupada por tropas do Reino de Nápoles após a retirada de Napoleão Bonaparte. A cantora Tosca e o pintor Mario Cavaradossi, de inclinações liberais, vivem um grande e trágico romance que acaba na morte de ambos.
“Recondita armonia” é uma romanza virtuosística no seu lirismo expressivo, interpretada por Cavaradossi na Basílica de Sant’Andrea della Valle enquanto pinta um retrato de Maria Madalena. Então, Cavaradossi faz o contraste da compleição de Maria Madalena com Tosca, num momento de arrebatamento apaixonado.
“Mario! Mario!” é um dueto entre Cavaradossi e Tosca na basílica. A semelhança do retrato com a Marquesa Attavanti alimenta o ciúme e a desconfiança de Tosca, que Puccini traduz numa abordagem altamente contrastante que enfatiza a continuidade dramática e retrata o estado interior dos personagens.
Andrea Chénier é a ópera mais conhecida de Umberto Giordano (1867-1948), compositor associado ao verismo. Estreada em Milão a 28 de março de 1896, consiste numa abordagem realista a um drama histórico passado no período tumultuoso da Revolução Francesa. Nela, retrata-se o processo movido ao poeta Andrea Chénier, misturando-o com um drama passional.
“Nemico della patria” é uma ária de Carlo Gérard, mordomo da Condessa de Coigny, cantada no tribunal revolucionário. Gérard encontrava-se preso num amor não correspondido por Maddalena, filha da condessa, que amava Andrea. A ária enumera os crimes perpetrados por Andrea e as duas secções da ária representam a ambivalência de Gérard. O julgamento de Andrea atrairia Maddalena e uma condenação facilitaria a vingança do mordomo. Contudo, Gérard sacrificaria os seus ideais em proveito próprio.
“Carlo Gérard?” é um momento intenso protagonizado por Gérard e Maddalena. O diálogo recitado em que Maddalena se oferece a Gérard em troca da vida de Andrea é tratado por Giordano de forma magistral.
Em “La mamma morta,” Maddalena evoca a imagem da morte da Condessa, sua mãe, enquanto a protegia no tumulto revolucionário. Esta ária bipartida contrapõe o lirismo estático da primeira secção a momentos mais cinéticos na segunda.
O Romantismo desenvolveu-se no Império Russo de forma muito particular. Evgeni Onegin, de Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893), é uma ópera baseada no romance homónimo de Pushkin sobre uma trágica história de amor. Escrita em maio de 1877, foi estreada no início do ano seguinte. Os bailes eram o grande entretenimento da aristocracia europeia e danças como a polonaise faziam parte do seu quotidiano. O terceiro ato de Evgeni Onegin começa com um evento desse género onde Onegin reencontra a sua amada Tatyana, agora casada, após anos de viagem. Para conferir realismo à cena, Tchaikovsky escreveu uma polonaise, dança que gozava de grande popularidade no Império. Uma fanfarra prepara a dança regular e periódica e reaparece interpolando momentos líricos da polonaise.
A ópera A Donzela de Orleães foi inspirada na tradução russa da tragédia homónima de Friedrich Schiller, que conta a história de Joana d’Arc. Terminada em 1879 e revista em 1882, contém momentos como “Da, chas Nastal!” (“Sim, chegou a hora”), interpretada quando Joana se despede da terra natal para combater os ingleses. A trompa evoca o idílio campestre, numa representação dramática da nostalgia que alterna momentos recitados com grandes linhas melódicas.
Iolanta foi a última ópera escrita por Tchaikovsky e romantiza um episódio possivelmente imaginado da vida da princesa Iolanda de Bar. Composta em 1891 e estreada no ano seguinte, a ópera gira em torno da cegueira da protagonista e do seu casamento. A ária de Robert, Duque de Borgonha, é um momento sentimental que encarna a paixão que este nutre pela Condessa Matilde e o faz evitar o casamento com Iolanda.
Marfa é um personagem com poderes divinatórios da ópera Khovanchtchina, de Modest Mussorgsky (1839-1881). Apesar do compositor se ter dedicado à sua composição entre 1872 e 1878, e, aturadamente, nos últimos meses de vida, a obra permaneceu incompleta. Rimsky-Korsakov terminou-a e estreou-a em 1886. O enredo gira em torno de uma crise dinástica na Rússia do século XVII, caracterizada pela dualidade entre o velho e o novo. Orquestrada em 1879, coloca o personagem interpretando uma ária tensa, em que o legato e a projeção vocal interpelam diretamente o ouvinte, ao mesmo tempo que o embalam. Trata-se de um arranjo de uma melodia tradicional que remete para o núcleo da identidade russa e reforça a associação de Marfa ao lado conservador do ritual no cisma religioso da Igreja Ortodoxa que serve como pano de fundo da ópera.
Sergei Rachmaninov (1873-1943) é um dos maiores expoentes do tardo-Romantismo. Pianista virtuoso, destacou-se compondo para o seu instrumento. “Zdes’ khorosho!” (“Como tudo aqui é belo!”) pertence a um ciclo de doze canções escrito em 1902. Nessa época, Rachmaninov atravessava uma depressão resultante do insucesso da sua 1.ª Sinfonia. A canção, com um poema de Glafira Adol’fovna Galina, é uma miniatura que versa a beleza de uma paisagem campestre. O registo cantável é o veículo através do qual as longas melodias em arco, tão características do estilo de Rachmaninov, são expostas.
Candide, de Leonard Bernstein (1918-1990), é uma apropriação criativa da novela homónima de Voltaire, escrita no século XVIII, através dos ouvidos de um compositor americano. Escrita em 1956, a sua orquestração foi um trabalho coletivo entre Bernstein e Hershy Kay. Em Candide, personagens caricaturais viajam pelo mundo e, como a ação atravessa diversos continentes, Bernstein recorre à música popular para localizar momentos da obra. “I am easily assimilated” é interpretada pela Old Lady, personagem que funciona como pau-de-cabeleira de Cunegonde, a protagonista. Como a ação se passa em Buenos Aires, o compositor escreveu um tango, acentuado de forma quase grotesca para enfatizar o cómico da situação.
Enrique Granados (1867-1916) foi um dos compositores espanhóis mais destacados na transição do século XIX para o século XX. Inspirado no património musical e pictórico espanhol, escreveu as Goyescas, suite para piano inspirada em Francisco Goya, artista visual que imortalizou as tradições locais. Contudo, estas não retratam obras em particular, mas a atmosfera da pintura de Goya em geral. “Quejas, o La Maja y el ruiseñor” pertence ao primeiro caderno das Goyescas, escrito entre 1909 e 1911. Posteriormente, o maestro Ernest Schelling, amigo de Granados, arranjou a peça para orquestra. A obra encontra-se numa textura de noturno em que a melodia é variada sucessivamente. Baseada numa canção tradicional de Valência, a melodia cantável do início representa o lamento de uma donzela, ao qual se segue a emulação do canto do rouxinol através de trilos, arpejos e notas ornamentais. A sua melodia principal inspirou a cantora e compositora mexicana Consuelo Velásquez a escrever o bolero Besame mucho em 1940, um dos grandes sucessos da música popular centro-americana.
Agustín Lara (1897-1970) foi um destacado compositor mexicano, muito associado à disseminação da música latino-americana no Período Entre-Guerras. Curiosamente, algumas das suas canções mais conhecidas evocam Espanha. Tal é o caso de Granada, escrita em 1932. De acordo com as memórias do tenor português Luís Piçarra, Lara ofereceu-lhe a canção enquanto ambos se encontravam no Brasil. A letra de Granada aborda os ciganos, a tourada, os mouros e o culto à Virgem Morena, localizando a narrativa nessa cidade. Uma introdução lenta e cheia de cor local antecipa uma canção viva com passagens virtuosísticas.
Intérpretes
- Maestro
- Soprano
- Meio-Soprano
- Tenor
- Barítono
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Orquestra Gulbenkian
Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de sessenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de cerca de sessenta instrumentistas, que pode ser expandido de acordo com as exigências de cada programa. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório, do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas podem também ser interpretadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório, em Lisboa, em cujo âmbito colabora com os maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos nacionais, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas. No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio. O finlandês Hannu Lintu é o Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian, sucedendo a Lorenzo Viotti.
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Lorenzo Viotti
Maestro Convidado Principal
Na quarta temporada como Maestro Principal da Orquestra Filarmónica e da Ópera Nacional dos Países Baixos, Lorenzo Viotti dirige O Morcego de Johann Strauss e uma nova produção de Peter Grimes de Britten. Dando também continuidade à sua relação profissional com a Ópera de Zurique com uma nova produção de A Cidade Morta de Korngold. Para além dos concertos regulares e digressões com a Filarmónica dos Países Baixos, regressa aos EUA para a suas estreias com a Filarmónica de Los Angeles e com a Sinfónica de Pittsburgh. Na Europa, dirige a Filarmonica della Scala, a Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia, a Gürzenich Orchestra e a Orchester der Deutschen Oper Berlin. Estreia-se à frente da Orchestre de la Suisse Romande e conclui a temporada com a Sinfónica de Viena.
Na qualidade de maestro convidado, Lorenzo Viotti trabalhou com muitas das principais orquestras mundiais, incluindo as Filarmónicas de Viena, Berlim e Munique, a Orquestra do Real Concertgebouw de Amesterdão, a Sächsische Staatskapelle Dresden, a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, a Orquestra de Cleveland, a Royal Philharmonic, a Orquestra Estadual de Berlim ou a Sinfónica de Tóquio.
Natural de Lausanne, na Suíça, Lorenzo Viotti nasceu no seio de uma família de músicos de ascendência italiana e francesa. Estudou piano, canto e percussão em Lyon, tendo inicialmente sido percussionista da Filarmónica de Viena. Paralelamente estudou direção de orquestra com Georg Mark, em Viena, e com Nicolás Pasquet, no Conservatório Franz Liszt, em Weimar. No início da sua carreira venceu prestigiosos concursos de direção, incluindo o Concurso Internacional de Cadaqués, o Concurso de Direção MDR (2013) e o Nestlé and Salzburg Festival Young Conductors Award (2015). Em 2017 recebeu o International Opera Newcomer Award nos International Opera Awards, em Londres. Foi Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian entre 2018 e 2021, sendo atualmente Maestro Convidado Principal.
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Ailyn Pérez
Soprano
A soprano norte-americana Ailyn Pérez é uma convidada recorrente dos principais teatros de ópera e salas de concertos a nível internacional. Diplomou-se pela Academy of Vocal Arts de Filadélfia e pela Universidade de Indiana. As muitas distinções que lhe foram atribuídas incluem o Prémio Leonie Rysanek da George London Foundation, o Shoshana Foundation Carrer Grant (2007), o 2.º lugar no concurso Plácido Domingo Operalia (2006), e o Prémio Richard Tucker (2012), entre muitos outros.
Momentos recentes de destaque na sua carreira incluem as interpretações de Alice Ford (Falstaff), Mimì (La bohème), o papel principal de Thaïs, Condessa de Almaviva (As bodas de Figaro) e Julieta (Romeu e Julieta) na Metropolitan Opera, Violetta (La traviata), Elvira (Ernani) e Mimì, no Scala de Milão, Liù (Turandot), Micaëla (Carmen) e Violetta, na Royal Opera House - Covent Garden, Donna Anna (Don Giovanni), na Grande Ópera de Houston, e ainda apresentações na Ópera da Baviera, na Ópera de Zurique, na Ópera de São Francisco ou na Ópera de Hamburgo. Na temporada 2019/20 estreou-se no papel de Antonia (Os contos de Hoffmann), na Ópera de Paris, no papel principal de Rusalka, na Ópera de Santa Fe, e como Nedda numa nova produção de Pagliacci para a Ópera Nacional Holandesa.
Em concerto, Ailyn Pérez foi solista no Requiem de Verdi, com a Orquestra Metropolitana de Montreal e o maestro Yannick Nézet-Séguin, no Requiem de Mozart, sob a direção de Antonio Pappano, no Requiem de Dvořák, com a Filarmónica Checa, e na Sinfonia n.º 2 de Mahler, com a Filarmónica de Essen. Destaques recentes incluem o Requiem de Verdi, com Edward Gardner e a Minnesota Orchestra, e as Quatro Últimas Canções, de Richard Strauss, com Emmanuel Villaume e a Filarmónica de Praga. Cantou com Josep Carreras, Andrea Bocelli e Plácido Domingo em concertos de gala na Royal Opera House - Covent Garden, e foi várias vezes convidada a atuar em concertos de gala na Metropolitan Opera.
Entre outros palcos, Ailyn Pérez apresentou-se em recital, nos Rosenblatt Recitals, em Londres, no Kimmel Center de Filadélfia e na Ópera de San Diego. O seu álbum de estreia, em recital, intitulado “Poème d’un jour” (Opus Arte), um programa de canções francesas e italianas, recebeu os maiores elogios da crítica especializada.
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Margarita Gritskova
Meio-Soprano
Margarita Gritskova nasceu em São Petersburgo, cidade onde estudou piano e canto no Conservatório com Irina Bogatscheva. Venceu o Concurso Luciano Pavarotti, em Modena (2008), e o Concurso Internacional de Canto Villa de Colmenar, em Espanha (2009). Depois de completar os seus estudos, ingressou no Teatro Nacional de Weimar, onde interpretou papéis como Ottone (L'incoronazione di Poppea), Bradamante (Alcina), Cherubino (As bodas de Figaro) e Carmen, começando então a construir o seu vasto repertório.
Desde 2012, Margarita Gritskova integra o elenco da Ópera Estatal de Viena, palco onde cantou papéis como Idamante (Idomeneo), Cherubino (As bodas de Figaro), Sesto (La clemenza di Tito), Dorabella (Così fan tutte), Rosina (O barbeiro de Sevilha), Angelina (La Cenerentola), Isabella (L’Italiana in Algeri), ou Olga (Evgeni Onegin), Um momento especial na sua carreira foi a estreia no papel de Mascha numa nova produção da ópera Tri sestri, de Peter Eötvös, encenada por Yuval Sharon. Depois desta atuação, Eötvös dedicou-lhe a canção Bitterkeit, a partir de um poema de Marina Tsvetaeva.
Em 2016, Margarita Gritskova interpretou Cherubino no Japão, sob a direção de Riccardo Muti, e em Aix-en-Provence, com o maestro Alain Altinoglu. Em 2017 apresentou-se em recitais com a pianista Maria Prinz, em Sófia (Bulgária) e no Centro Cultural Russo, em Viena. Baseado neste programa foi lançado o álbum “Russian Songs” (Naxos), com obras de Tchaikovsky, Rimsky-Korsakov e Rachmaninov.
Em 2018, Margarita Gritskova interpretou Carmen, em Viena, e foi distinguida como a melhor meio-soprano da temporada 2017/18 no Palau de les Arts Reína Sofía, em Valência. Em 2019/20 estreou-se no papel de Príncipe Orlofsky (O Morcego), em Viena, e apresentou-se como Isabella (L’Italiana in Algeri) no Théâtre des Champs-Élysées, em Paris. Seguiram-se representações de Johanna Seymour (Anna Bolena) no Staatstheater am Gärtnerplatz, em Munique, e de Angelina (La Cenerentola), na Ópera Nacional da Letónia, em Riga.
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Joshua Guerrero
Tenor
O tenor norte-americano Joshua Guerrero diplomou-se pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e aperfeiçoou a sua arte com Vladimir Chernov, na Áustria. A partir de Los Angeles, iniciou a sua carreira profissional na América do Norte, destacando-se em interpretações como Alfredo (La traviata), na Ópera Nacional de Washington; Arcadio, em Florencia en el Amazonas, de Daniel Catán, na sua primeira atuação na Grande Ópera de Houston; Duque de Mântua (Rigoletto) e Rodolfo (La bohème), com a Companhia de Ópera Canadiana; Edgardo (Lucia di Lammermoor), na Grande Ópera da Florida; Macduff (Macbeth), na Ópera de Los Angeles; e Romeu (Romeu e Julieta), na Ópera de Santa Fe. Na sua estreia europeia interpretou o papel de Gabriele Adorno (Simon Boccanegra), na Ópera Nacional de Bordéus. Ainda na Europa, viria a apresentar-se como Macduff (Macbeth), na produção de Barrie Kosky para a Ópera de Zurique; Pinkerton (Madama Butterfly), no Festival de Glyndebourne; e Nemorino (L’elisir d’amore) no Teatro de la Maestranza, em Sevilha. Na sua primeira apresentação em Londres, na Ópera Nacional Inglesa, interpretou de novo o Duque de Mântua na produção de Jonathan Miller do Rigoletto de Verdi. Participou também na gala de homenagem a Plácido Domingo no Festival de Salzburgo.
As atuações de Joshua Guerrero em concerto incluem, entre outras: a 9.ª Sinfonia de Beethoven, numa digressão europeia com o maestro Gustavo Dudamel e a Orquestra Sinfónica Simón Bolivar, e na sua estreia com a Sinfónica de Baltimore, sob a direção de Marin Alsop; A Criação, de J. Haydn, com G. Dudamel e a Filarmónica de Los Angeles; a Richard Tucker Music Foundation Gala, no Carnegie Hall; e um concerto de árias e duetos de ópera, com a soprano Joyce El-Khoury, na NDR Radiophilharmonie.
Como membro do Domingo-Colburn-Stein Young Artist Program, na Ópera de Los Angeles, as atuações de Joshua Guerrero incluíram os papéis de Normanno (Lucia di Lammermoor) e de Steve Hubbell, na produção de A Streetcar Named Desire, no Los Angeles Music Center - Dorothy Chandler Pavilion. No papel de Mensageiro, em Aida de Verdi, estreou-se no Festival de Ravinia, com a Sinfónica de Chicago e o maestro James Conlon.
Em 2014, Joshua Guerrero foi segundo classificado no concurso Plácido Domingo Operalia e em 2016 recebeu o Richard Tucker Career Grant da Richard Tucker Music Foundation. Em 2017 foi galardoado com um Grammy pela gravação (Pentatone) da Ópera de Los Angeles de The Ghosts of Versailles de John Corigliano (Melhor Gravação de Ópera).
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Roman Burdenko
Barítono
O barítono russo Roman Burdenko estudou no Conservatório Glinka de Novosibirsk, com Vladimir Prudnik, e no Conservatório Rimsky-Korsakov de São Petersburgo, onde obteve o seu diploma em 2008 na classe de Vladimir Vaneyev. Em 2009 frequentou o programa Young Opera Singers na Academia Nacional de Santa Cecília, em Roma. Foi premiado em várias concursos internacionais de canto, tendo vencido o II Galina Vishnevskaya Opera Singers Competition (2008), o VII International Elena Obraztsova Competition (2009), o Grand-prix do Monte Carlo Voice Masters (Mónaco, 2011) e a Competizione dell’Opera (Moscovo, 2011). Como solista, integrou as companhias de ópera do Teatro Mikhailovsky de São Petersburgo, do Teatro de Ópera e Ballet de Novosibirsk e, desde 20017, é solista do Teatro Mariinsky de São Petersburgo, palco onde se estreou em 2013 como Belcore, em L’elisir d’amore.
O repertório de ópera de Roman Burdenko é vasto. Entre os destaques das suas atuações recentes incluem-se: Andrei Chtchelkalov (Boris Godunov) e o papel principal em Nabbuco, no Grand Théâtre de Genève; Gérard (Andrea Chénier), na Deutsche Oper Berlin; Rodrigo (Don Carlo), no Teatro Bolshoi de Moscovo; Enrico Ashton (Lucia di Lammermoor), na Ópera de Zurique; Alfio (Cavalleria rusticana) e Tonio (I pagliacci), na Ópera Nacional Holandesa; Alberich (O ouro do Reno), Amorasro (Aida), Rangoni (Boris Godunov), Escamillo (Carmen), Tonio (I pagliacci), Tomsky (A Dama de Espadas) e Albiani (Simon Boccanegra), no Teatro Mariinsky de São Petersburgo. Como cantor convidado atuou ainda no Teatro Municipal de Santiago de Chile, na Komische Oper Berlin, na Ópera de Palm Beach, na Ópera Nacional do Reno (Estrasburgo), na Ópera de Las Palmas, na Ópera da Baviera, na Ópera Real Dinamarquesa (Copenhaga), no Festival de Glyndebourne, ou no Festival Gergiev de Roterdão (Ivan o Terrível, de Prokofiev), entre muito outros palcos.
Pela sua interpretação de Igor Svyatoslavich, Roman Burdenko foi nomeado para o prémio russo de teatro Máscara de Ouro, na categoria de “Melhor Representação de um Personagem Masculino de Ópera” (Teatro Novosibirsk de Ópera e Ballet, 2010).
Programa
Georges Bizet
Carmen: Abertura
Seguidilla
“La fleur que tu m’avais jetée”
“Votre toast, je peux vous le rendre”
Pietro Mascagni
Cavalleria Rusticana: Intermezzo
Giacomo Puccini
Tosca: “Recondita armonia”
“Mario! Mario!”
Umberto Giordano
Andrea Chénier: “Nemico della patria”
“Carlo Gérard?”
“La mamma morta”
Piotr Ilitch Tchaikovsky
Evgeni Onegin: Polonaise
A Donzela de Orleães: “Da, chas Nastal!”
Iolanta: Ária de Robert
Modest Mussorgsky / Nikolai Rimsky-Korsakov
Khovanchtchina: Ária de Marfa
Sergei Rachmaninov
Zdes’ khorosho… (Como tudo aqui é belo…), op. 21 nº 7
“La fleur que tu m’avais jetée”
“Votre toast, je peux vous le rendre”
Enrique Granados
Goyescas: Quejas, o La Maja y el Ruiseñor
Leonard Bernstein
Candide: “I am easily assimilated”
Agustín Lara
Granada