Tchaikovsky: Romeu e Julieta

Orquestra Gulbenkian / Andris Poga

A Orquestra Gulbenkian interpreta a Abertura-Fantasia "Romeu e Julieta", de Piotr Ilitch Tchaikovsky, sob a direção do maestro Andris Poga.
Pedro Russo Moreira 25 mar 2022 21 min

A obra Romeu e Julieta: Abertura-Fantasia foi composta em 1869, quando Piotr Ilitch Tchaikovsky tinha 29 anos e procurava afirmar-se no meio musical russo. A obra surgiu num contexto particular, após sugestão do compositor nacionalista russo Mily Balakirev, elemento distinto e líder do renomado “Grupo dos Cinco”, que incluía os compositores A. Borodin, C. Cui, M. Mussorgsky e N. Rimsky-Korsakov. Tchaikovsky tinha dedicado o poema sinfónico Fatum (1868) a Balakirev, pese embora a atitude crítica e direta deste último. Balakirev sugeriu então a Tchaikovsky que compusesse uma obra orquestral partindo da tragédia Romeu e Julieta, de William Shakespeare, fornecendo para o efeito indicações precisas sobre o rumo a dar à música. Tchaikovsky dedicou-se ao trabalho e seguiu as orientações de Balakirev, embora o resultado não tenha sido totalmente convincente para o líder do “Grupo dos Cinco”, que se pronunciou de forma sincera, de resto em linha com a própria receção do público, que não apreciou especialmente a obra.

A estreia teve lugar em Moscovo, num concerto promovido a 16 de março de 1870 pela Sociedade Musical Imperial Russa, com direção musical de Nikolai Rubinstein. Não querendo desistir da obra, Tchaikovsky aproveitou o verão e reformulou algumas secções, levando-a novamente ao palco em 1872, em São Petersburgo. Faria ainda uma última revisão, em 1880, apresentando a obra em 1886, na forma que é atualmente interpretada, e que foi premiada em 1884 com o prestigiante Prémio Glinka.

A obra, referida como poema sinfónico, inicia-se com uma introdução longa e solene que remete para o sábio e conselheiro Frei Lourenço, uma importante personagem de Romeu e Julieta. Segue-se a apresentação dos dois grupos temáticos principais, o primeiro com bastante tensão, conflito e tempestuosidade, reportando à rivalidade entre a família Capuleto e Montéquio, que ecoa no tratamento orquestral; o segundo tema traduz o universo sentimental de amor entre Romeu e Julieta. Aqui, o compositor escolhe a trompa e a viola para representar Romeu e as flautas que nos remetem para Julieta, numa construção musical que exprime o profundo amor entre ambos. Tchaikovsky consegue, com mestria, explorar a dimensão simbólica de ambos os temas, em particular na segunda vez em que o tema do amor surge e que é suplantado pela força do conflito entre as famílias. De resto, o tema do amor volta a erguer-se, mas num tom mais melancólico que desagua num momento de maior serenidade, antes do final triunfante que funciona como um epílogo de grande efeito sonoro.


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Piotr Ilitch Tchaikovsky

Romeu e Julieta: Abertura-Fantasia

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