Stravinsky: O Pássaro de Fogo
Orquestra Gulbenkian / José Eduardo Gomes
O Pássaro de Fogo foi a primeira colaboração de Igor Stravinsky, então com 27 anos (faria 28 alguns dias antes da estreia do ballet) e ainda desconhecido no Ocidente, com a companhia Ballets Russes, que o empresário Sergei Diaghilev criara em Paris em 1909. A partitura que concebeu para este conto fantástico tradicional russo revelou de modo fulgurante um compositor dotado de um talento nato para escrever música de cena para dança e para criar ambientes, apoiado sobre um seguro métier de orquestrador (neste âmbito, é sensível nesta obra a influência de Rimsky-Korsakov, seu professor). Foi essa a primeira peça de uma trilogia com que, no espaço de meros três anos, Stravinsky e Diaghilev revolucionaram a paisagem musical europeia e a dança clássica. As restantes sendo Petruchka (1911) e A Sagração da Primavera (1913), fizeram de Stravinsky uma celebridade mundial.
Escrito em escassos seis meses (novembro de 1909 a maio de 1910), O Pássaro de Fogo estreou a 25 de junho de 1910, na Ópera de Paris, sob a direção de Gabriel Pierné, e foi um sucesso imediato. Da partitura original, com 22 números e uma duração vizinha dos 50 minutos, Stravinsky faria em 1911 uma primeira síntese na forma de Suite, destinada a introduzir a obra no repertório sinfónico, mantendo embora a orquestração original para grande orquestra pós-romântica. Seguir-se-iam outras duas revisões/versões, em 1919 e em 1945, em ambos os casos “reorientando” a obra para uma orquestra sinfónica standard (com piano) e provendo os números selecionados de “codas” que os tornassem peças “fechadas”. A revisão e Suite de 1919 foi preparada em Morges (Suíça) e dedicada ao maestro Ernest Ansermet e à sua Orchestre de la Suisse Romande. A estreia ocorreu em Genebra (Victoria Hall), a 12 de abril de 1919.
A história gira à volta de três personagens: o Príncipe Ivan (ou Ivan Tsarevitch), o pólo positivo; o Pássaro de Fogo, personagem meio mulher/meio ave, mediador entre os mundos real e fantástico; e o feiticeiro Kachtchei, o Imortal, o pólo negativo. Entre os dois pólos, o pássaro mágico aliar-se-á a Ivan e será decisivo para que este derrote Kachtchei e liberte todos os seres por ele enfeitiçados, incluindo uma princesa por quem Ivan entretanto se apaixonara.
Intérpretes
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Orquestra Gulbenkian
Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de sessenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de cerca de sessenta instrumentistas, que pode ser expandido de acordo com as exigências de cada programa. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório, do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas podem também ser interpretadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório, em Lisboa, em cujo âmbito colabora com os maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos nacionais, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas. No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio. O finlandês Hannu Lintu é o Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian, sucedendo a Lorenzo Viotti.
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José Eduardo Gomes
Maestro
José Eduardo Gomes foi recentemente laureado com o 1.º Prémio e o Prémio Beethoven na European Union Conducting Competition. É Professor na Escola Superior de Música de Lisboa, onde trabalha com as várias orquestras. Foi Maestro Titular da Orquestra Clássica do Centro, da Orquestra Clássica da FEUP e do Coro do Círculo Portuense de Ópera, Maestro Associado da Orquestra Clássica do Sul e Maestro Principal da Orchestre de Chambre de Carouge, na Suíça.
Começou a estudar clarinete em Vila Nova de Famalicão, sua cidade natal, na Banda de Música de Famalicão. Prosseguiu os seus estudos na ARTAVE e ESMAE, onde se formou na classe de António Saiote, tendo recebido o Prémio Fundação Engenheiro António de Almeida. Estudou direção de orquestra, com Laurent Gay, na Haute École de Musique de Genève (Suíça) e direção coral com Celso Antunes.
É membro fundador do Quarteto Vintage e do Serenade Ensemble. Foi laureado em diversos concursos, com destaque para o Prémio Jovens Músicos (Clarinete e Música de Câmara) e no Concurso Internacional de Clarinete de Montroy (Valência). Foi igualmente laureado no Prémio Jovens Músicos, na Categoria de Direção de Orquestra, tendo recebido também o prémio da orquestra.
Nos últimos anos, tem sido convidado para trabalhar com as principais orquestras portuguesas e nos mais destacados festivais de música em Portugal, com solistas como Maria João Pires, Diemut Poppen, Sebastian Klinger, Bruno Giuranna, Artur Pizarro, Natalia Pegarkova e Adriana Ferreira, entre outros. Na temporada 2022/23 apresentou-se em concertos em Portugal, na Alemanha, em França e na Hungria.
No domínio da ópera, incluem-se produções de Don Giovanni, Così fan tutte, Lo Speziale e La Donna di Genio Volubile. Recentemente, foi Diretor Musical da nova produção da Companhia Nacional de Bailado, Alice no País das Maravilhas, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, assim como da nova produção da ópera Blimunda, no Teatro Nacional de São Carlos. Parte importante do seu trabalho é dedicada a orquestras de jovens, um pouco por todo o país. É Diretor Artístico da Jovem Orquestra de Famalicão. Em 2018 foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural pela Cidade de Vila Nova de Famalicão.
Programa
Igor Stravinsky
O Pássaro de Fogo
1. Introdução: O Pássaro de Fogo e a sua dança
2. Ronda (Khorovod) das princesas
3. Dança infernal do rei Kachtchei
4. Berceuse
5. Final