Schumann: Concerto para Piano

Orquestra Gulbenkian / Giancarlo Guerrero / Denis Kozhukhin

Denis Kozhukhin junta-se à Orquestra Gulbenkian para interpretar o Concerto para Piano de Schumann, sob a direção de Giancarlo Guerrero.
Pedro Russo Moreira 09 dez 2022 34 min

O piano constituiu, durante largo período, o instrumento musical ao qual Schumann dedicou atenção quase exclusiva, em particular nos anos 30 do séc. XIX. A sua escrita musical era reveladora de uma dimensão quase orquestral, motivo pelo qual Clara Schumann o incentivou a compor obras no género sinfónico. Em 1841, compôs a Fantasia para piano e orquestra, que seria interpretada por Clara Schumann nesse mesmo ano em Leipzig, num ensaio. Esta obra resultava de esboços anteriores que iniciara ainda nos anos 30. Schumann empreenderia várias revisões à Fantasia entre 1841 e 1843, retomando-a em 1845, agora com a intenção de a transformar num concerto para piano e orquestra. Adicionou o Intermezzo, que constituiria o segundo andamento, concluindo assim o trabalho. A estreia do Concerto para Piano e Orquestra, op. 54, teve lugar em Dresden, no Hotel de Saxe, a 4 de dezembro de 1845, contando com Clara Schumann ao piano e com o renomado maestro Ferdinand Hiller, agraciado com a dedicatória. Os três andamentos da obra são construídos a partir de uma conceção que difere de obras idênticas do período romântico, nas quais o virtuosismo do solista tendia a sobrepor-se ao papel da orquestra. Denota-se na obra a relação simbiótica entre solista e orquestra, sendo a parte do piano indissociável do conjunto instrumental, revelador de um outro entendimento sobre o género concertante. O primeiro andamento tem início com uma introdução impetuosa da orquestra e acordes do piano, seguindo-se a exposição do tema principal. Em vários momentos, existe uma cumplicidade melódica entre o piano e alguns instrumentos, como as cordas ou sopros. De destacar a inventividade do desenvolvimento, bem como a reexposição, com o oboé a enunciar o primeiro tema, seguido do piano. Segue-se a cadenza, com recurso ao contraponto, e uma coda breve, com o arpejo no piano e um decisivo final orquestral. O segundo andamento iniciase com o piano, seguido das cordas, com o primeiro tema a remeter para uma canção. As cordas introduzem depois o segundo tema, sobre arpejos ascendentes em oitavas, no piano. Schumann retoma então o primeiro tema para finalizar o andamento, num ABA característico da forma associada à canção. O tema principal do terceiro andamento é construído tendo por base material do andamento inicial, seguindo-se um segundo tema contrastante, com caráter mais marcado, nas cordas. O piano interage depois com a orquestra, proporcionando variações do material temático, sendo que a liderança na reafirmação dos temas vai sendo partilhada em diferentes momentos, ora pelo piano, ora pela orquestra, com diferentes texturas e cores musicais, conduzindo a um final imponente e pleno de caráter.


Intérpretes

  • Maestro
  • Piano

Programa

Robert Schumann

Concerto para Piano e Orquestra, em Lá menor, op. 54
1. Allegro affettuoso
2. Intermezzo: Andantino grazioso –
3. Finale: Allegro vivace

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