Richard Strauss: Assim falava Zaratustra

Orquestra Gulbenkian / Nuno Coelho

Sob a direção de Nuno Coelho, a Orquestra Gulbenkian interpreta o célebre poema sinfónico "Assim falava Zaratustra", de Richard Strauss.
Luís M. Santos 24 mai 2024 36 min

Richard Strauss viveu uma longa e prolífica carreira, estabelecendo-se como o mais importante compositor alemão após a morte de Wagner e Brahms. Em 1885, Strauss encetou a composição de uma série de poemas sinfónicos bastante ambiciosos. De facto, a sua produção neste domínio eleva a invenção de Liszt ao seu ponto culminante, expandindo as potencialidades expressivas e descritivas da música programática e aliando-as a uma exploração virtuosística dos efeitos orquestrais que marca a orquestra sinfónica pós-wagneriana. É igualmente notável a sua capacidade de manipulação da forma e da transformação temática, bem como a complexidade harmónica, contrapontística e textural.

O poema sinfónico Assim falava Zaratustra, op. 30, foi composto em 1896 e estreado nesse ano em Frankfurt, sob a direção do autor. Trata-se de uma obra que decorre do interesse que o compositor então nutria pela obra de Nietzsche, inspirando-se no tratado deste filósofo com o mesmo título. A obra inicia-se com uma representação da alvorada, a que o profeta assiste no topo da montanha – tratava-se também do despertar da consciência humana –, por meio de uma longa suspensão sobre um Dó grave, de onde emerge um motivo ascendente no trompete. Esse momento arrebatador logo dá lugar a uma representação do homem no seu estado primitivo, numa atmosfera tensa e escura (Dos Antigos Homens). As duas passagens seguintes (Da Grande Saudade e Das Alegrias e Paixões) são marcadas, respetivamente, por um lirismo intenso e por uma emotividade tempestuosa. Após um episódio pesaroso (A Canção do Túmulo) surge uma fuga baseada no tema de abertura (Da Ciência). Esse dispositivo constrói um grande ponto culminante, que logo dá lugar a um efémero scherzo (O Convalescente) e a uma valsa (A Canção de Dança), no momento em que o profeta discorre sobre a natureza caprichosa da vida. O toque dos sinos introduz a última secção (O Sonâmbulo), que se dirige pacificamente para um encerramento ambíguo, no qual, com a fricção entre o acorde de Si maior, proclamado pelos sopros no extremo agudo, e o Dó grave, enunciado em pizzicato pelas cordas, o Enigma do Mundo (a relação entre o Homem e a Natureza) permanece sem solução.


Intérpretes

  • Maestro

Programa

Richard Strauss

Assim falava Zaratustra, op. 30

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.