Mozart: Sinfonia Concertante

Orquestra Gulbenkian / Pinchas Zukerman / Fumiaki Miura

Os violinistas Pinchas Zukerman e Fumiaki Miura juntam-se à Orquestra Gulbenkian para interpretar a Sinfonia Concertante de Mozart.
Élio Anes Leal 11 nov 2022 34 min

Datada de 1779, o último ano de Wolfgang Amadeus Mozart em Salzburgo antes de se fixar definitivamente em Viena, a Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, em Mi bemol maior, K. 364, em conjunto com os concertos para violino e orquestra, é um dos pilares do reportório para cordas do compositor.

Como o título sugere, estamos perante uma obra que une as caraterísticas da sinfonia às do concerto, neste caso para dois solistas. Na opinião de muitos, esta sinfonia concertante representa o maior dos concertos para violino de Mozart, mas não se pense que a viola tem um papel menor nesta obra singular. Uma característica peculiar e igualmente fascinante deste trabalho, é a forma como Mozart equilibra o som brilhante do violino com a sonoridade mais escura da viola, usando a afinação da viola solista meio tom acima, de modo que, enquanto todos interpretam a obra no seu tom real, Mi bemol maior, o solista de viola toca com meio tom de diferença, em Ré maior. O efeito, provocado pelo aumento de tensão nas cordas do instrumento, é fazer com que a viola soe mais brilhante. Embora hoje em dia a obra seja frequentemente tocada com a viola na afinação convencional, a afinação mais aguda de Mozart pode criar um equilíbrio único e fascinante entre os dois instrumentos solistas.

A presença dos instrumentos de sopro resume-se aos oboés e trompas. A ausência, por exemplo, do naipe de flautas, estará relacionada com a preocupação do compositor em evitar registos mais agudos que pudessem ao longo da partitura retirar enfase à viola solista.

Esta obra representa o auge das viagens de Mozart por Mannheim e Paris. Embora menos marcada pela influência parisiense do que as suas composições de 1778, o compositor parte do modelo da sinfonia concertante francesa, mas com algumas diferenças – não só acrescenta um andamento aos dois habituais, como atribui uma tonalidade menor a um deles, neste caso ao segundo andamento, Andante. Ao contrário do comum nas sinfonias concertantes parisienses, o primeiro andamento não se limita à tradicional forma de sonata com dois temas contrastantes. Em vez disso, Mozart transborda ideias melódicas onde o esquema de pergunta-resposta entre os solistas é constante, tanto no Allegro inicial, como no Presto final.

Esta página célebre da obra de Mozart, mostra a que ponto a estética da sua escrita musical evoluía incessantemente aos 23 anos de idade.


Intérpretes

  • Viola
  • Violino

Programa

Wolfgang Amadeus Mozart

Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, em Mi bemol maior, K. 364

  1. Allegro maestoso
  2. Andante
  3. Presto

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