Mozart: Concerto para Piano n.º 27

Orquestra Gulbenkian / Álvaro Albiach / Raúl da Costa

O pianista Raúl da Costa e a Orquestra Gulbenkian interpretam o Concerto para Piano n.º 27 de Mozart, sob a direção do maestro Álvaro Albiach.
Pedro Russo Moreira 10 mar 2023 34 min

O Concerto para Piano n.º 27, K. 595, foi concluído em 1791, existindo, todavia, algum debate sobre a data precisa da sua composição. O ano final da vida de Mozart foi marcado por um ímpeto criativo que resultaria na composição das óperas A flauta mágica e La clemenza di Tito, do Concerto para Clarinete e Orquestra e do Requiem, que não terminou, entre outras obras. Todavia, em contraste, as preocupações financeiras e familiares, em particular da saúde da sua esposa e da subsistência dos seus filhos, marcaram este ano. Juntar-se-ia a este cenário delicado a deterioração do seu próprio estado de saúde, que se agravou a partir de setembro, resultando na sua morte, a 5 de dezembro.

Mozart escreveu, ao longo da sua vida, 21 concertos para piano solista e orquestra, não contabilizando as composições para dois ou três pianos, e as que compôs com cerca de 11 anos, que resultaram de arranjos de sonatas de outros compositores, em particular de Johann Christian Bach (1735-1782), figura que Mozart conheceu em Londres, em 1764, com oito anos, e que muito influenciaria a sua escrita musical. Os cerca de 18 anos que separam a composição daquele que é considerado o seu primeiro concerto para piano e orquestra, o n.º 5, K. 175, em 1773, do último concerto, o n.º 27, são reveladores de um percurso com várias perspetivas sobre aquele género musical. O último concerto foi, possivelmente, estreado a 4 de março de 1791, na sala Jahn, em Viena, com Mozart ao piano, naquela que terá sido a sua última grande aparição pública.

O compositor distancia-se da linguagem mais exuberante do concerto anterior para nos encaminhar por um mundo sonoro mais intimista, excluindo, por exemplo, trompetes e percussão da orquestração. O primeiro andamento, Allegro, inicia-se com a orquestra a apresentar o primeiro tema, de contornos graciosos, encaminhando-se depois para um segundo tema, mais lírico, em modo menor. A entrada do solista, com o primeiro tema, é delicada, sendo o segundo tema mais contido e intimista. O desenvolvimento é caraterizado por grande criatividade e liberdade, aproveitando os contrastes entre orquestra e solista, seguindo-se a recapitulação e a cadenza. O Larghetto alterna o material temático com vários episódios, partilhados entre solista e orquestra, caracterizando-se pelo seu ambiente sereno. O andamento final, um rondó, Allegro, apresenta o tema inicial no piano, alternando com a orquestra, procurando uma simplicidade e escrita pianística translúcida. Mozart apresenta diferentes facetas do tema inicial, ora com maior ímpeto, ora com grande luminosidade. A cadenza surge então explorando os ambientes sonoros, retomando depois o tema inicial com a orquestra.


Intérpretes

  • Maestro
  • Piano

Programa

Wolfgang Amadeus Mozart

Concerto para Piano e Orquestra n.º 27, em Si bemol maior, K. 595
1. Allegro
2. Larghetto
3. Allegro

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