Mozart: Abertura da ópera Don Giovanni
Orquestra Gulbenkian / Álvaro Albiach
As três obras em programa foram compostas nos últimos anos de vida de Wolfgang Amadeus Mozart e são representativas de alguns dos géneros musicais em que o compositor se destacou, nomeadamente a ópera, os concertos para solista e orquestra e as sinfonias.
Mozart compôs Don Giovanni em 1787, uma opera buffa em dois atos que teve a sua estreia a 29 de outubro desse ano no Teatro Nacional, em Praga. No seguimento do sucesso obtido em 1786, na mesma cidade, com a ópera As bodas de Figaro, foi convidado pelo empresário Domenico Guardasoni (1731-1806) a compor uma nova ópera. A temática incidia sobre as desventuras de Don Giovanni, um nobre conhecido pela sua reputação de sedutor impiedoso. É de assinalar que, em fevereiro desse ano, foi apresentado o dramma giocoso Don Giovanni Tenorio, em um ato, composto por Giuseppe Gazzaniga (1743-1818), com libreto de Giovanni Bertari (1735-1815). Lorenzo Da Ponte (1749-1838), o libretista de Don Giovanni, teria conhecimento desta ópera, mas aprofundou o libreto recorrendo à obra Don Juan, de Molière. Os ingredientes entre a dimensão trágica e cómica vão sendo explorados ao longo dos dois atos, com repercussões óbvias na escrita musical de Mozart.
A composição da ópera, dado o curto espaço de tempo, foi realizada a um ritmo considerável. Mozart terá composto a Abertura na noite anterior à estreia, combatendo o cansaço com a ajuda da sua esposa. Dado o escasso tempo disponível, consta que compôs diretamente as partes da orquestra, sem partitura geral. A abertura inicia-se em Andante com elementos musicais que encontramos no segundo ato. O compositor introduz-nos ao ambiente da ópera com esta primeira secção em modo menor, com acordes de grande intensidade dramática e o recurso a cromatismo. Segue-se um Molto allegro, em modo maior, com a exploração de várias ideias musicais e modulações resultantes da sua energia criativa, explorando as texturas orquestrais numa linguagem próxima da utilizada nas suas sinfonias.
Intérpretes
- Maestro
-
Orquestra Gulbenkian
Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de sessenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de cerca de sessenta instrumentistas, que pode ser expandido de acordo com as exigências de cada programa. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório, do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas podem também ser interpretadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório, em Lisboa, em cujo âmbito colabora com os maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos nacionais, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas. No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio. O finlandês Hannu Lintu é o Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian, sucedendo a Lorenzo Viotti.
-
Álvaro Albiach
Maestro
O maestro espanhol Álvaro Albiach foi distinguido com o Grande Prémio do Júri e o Prémio do Público na 46.ª edição do Concurso Internacional de Direção de Orquestra de Besançon (1999). A sua carreira profissional recebeu então um forte impulso, permitindo-lhe estrear-se à frente da Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse. A partir de então, tem sido um convidado regular de importantes orquestras com a Wiener Kammerorchester, a NDR Radio Philharmonie de Hanôver, a Staatskapelle Halle, a Sinfónica de Trondheim, a Orchestre d'Auvergne, a Orquestra da Rádio Flamenga, a Würtembergische Philharmonie ou a Orquestra Nacional de Lyon, bem como as principais orquestras espanholas.
Em setembro de 2012, foi designado Diretor Artístico e Maestro Titular da Orquestra da Estremadura, agrupamento que dirigira pela primeira vez em junho do mesmo ano em dois concertos da temporada, em Cáceres e Badajoz. Até 2021, desenvolveu uma intensa atividade que muito contribuiu para uma maior projeção artística e musical desta orquestra. Atualmente é Maestro Convidado Principal da Orquestra de Valência e da Orquestra da Estremadura.
Álvaro Albiach complementa a sua atividade de direção de concertos sinfónicos com uma importante presença no domínio da ópera, tendo trabalhado em prestigiados teatros e festivais como, entre outros, o Teatro Real de Madrid, o Gran Teatre del Liceu de Barcelona, o Festival Rossini de Pesaro, o Teatro Comunale de Bolonha, o Teatro Comunale de Treviso, o Festival de Schleswig-Holstein, o Festival de Granada, o Festival de Peralada, o Festival de Verão de El Escorial, o Teatro Campoamor de Oviedo, o Teatro Villamarta de Jerez ou o Teatro de la Zarzuela de Madrid.
Programa
Wolfgang Amadeus Mozart
Abertura da ópera Don Giovanni