Ligeti: Atmosphères

Orquestra Gulbenkian / Hannu Lintu

Sob a direção do seu maestro titular, Hannu Lintu, a Orquestra Gulbenkian interpreta a obra "Atmosphères", do compositor húngaro György Ligeti.
24 nov 2023 10 min

György Ligeti, compositor húngaro radicado na Europa ocidental desde 1956, foi um dos representantes da vanguarda musical de Darmstadt na década de 1960, apesar de gradualmente, e de formas inteiramente novas, ter procurado introduzir elementos que a ortodoxia serial rejeitava, a nível melódico, rítmico e harmónico. Uma das obras que se insere nesse contexto, não de rutura, mas antes de resposta a problemas que se articulam com essa tradição, é a peça orquestral Atmosphères, composta em 1961 e estreada nesse mesmo ano no Festival de Donaueschingen. Uma obra que posteriormente alcançaria grande divulgação graças à sua utilização por Stanley Kubrik no filme 2001: A Space Odyssey, em 1968.

Esta é uma música que se destaca pelo facto de levar mais além elementos tradicionais básicos – melodia, ritmo e harmonia –, imobilizando-os em favor de toda uma massa sonora e textural, um exemplo perfeito da noção de Ligeti de uma música estática e autocontida, que aliás tinha antecedentes na história da música, nomeadamente no Prelúdio do Lohengrin. De facto, a seguir a Apparitions (1958-59), esta foi a segunda obra em que Ligeti explorou aquilo a que chamou micropolifonia, uma textura polifónica que se mantém como que submersa: grande parte da obra consiste num contraponto incrivelmente denso, até 56 vozes, de tal forma que o ouvinte se dispersa numa intrincada rede textural. Este aspeto contribui inevitavelmente para as constantes amálgamas de clusters orquestrais, tal como por esses anos faziam também Xenakis, Penderecki e Stockhausen, o que faz com que o timbre assome enquanto um dos focos centrais da peça. Para além disto, efeitos nas cordas tais como os harmónicos, o vibrato rápido e reluzente, e os múltiplos glissandi nos agudos contribuem igualmente para a criação de um atmosfera única. Tudo isto resulta numa música em que grandes massas sonoras são capazes de produzir no ouvinte, simultaneamente, impressões de imobilidade e de movimento, evocando uma sensação de intemporalidade.


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György Ligeti

Atmosphères

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