John Williams em concerto
Orquestra Gulbenkian / José Eduardo Gomes
Antes de o mundo ter sido virado do avesso por uma pandemia (capaz de rivalizar com a escala dos enormes desafios colocados à Humanidade nos filmes para os quais compõe), John Williams aterrou na Áustria para dirigir e gravar com a Orquestra Filarmónica de Viena. O concerto viria a ser editado pela Deutsche Grammophon, sublinhando a importância desta parceria, mas o encontro com os músicos de uma das mais importantes orquestras do mundo seria sobretudo revelador do impacto que a música de Williams teve nas últimas décadas. Nos ensaios com vista à apresentação de uma generosa seleção da sua música para cinema, a secção de sopros perguntou-lhe se não seria possível acrescentar ao reportório a Marcha Imperial, uma das composições mais emblemáticas do primeiro filme Star Wars e que associamos prontamente a Darth Vader. “Queremos tocar a Marcha Imperial para si. É a nova Radetzky”, justificaram, comparando a obra à famosa marcha composta por Johann Strauss I.
A história poderia não passar de um curioso episódio entre o compositor e os músicos, não fosse ilustrar de forma tão perfeita a importância da música de John Williams para a cultura popular contemporânea. Poucos compositores se poderão orgulhar de ter criado música orquestral tão incrustada no imaginário coletivo e tão habilitada a ativar de forma imediata memórias pessoais ligadas aos vários filmes para os quais tem imaginado a banda sonora desde que, em 1958, quase por acidente, se atreveu a pensar nas notas que poderiam misturar-se e confundir-se com as narrativas dos grandes ecrãs. E daí decorre uma das intensas características que a grande música pode carregar consigo: a capacidade de conquistar um tal espaço nas vidas de quem a escuta que, desse momento em diante, passará a funcionar como um portal para a história pessoal de cada um, transportando-o instantaneamente para situações, emoções e lugares passados.
O percurso de John Williams, que hoje facilmente associamos às sagas Star Wars, Indiana Jones ou Harry Potter, mas também a filmes isolados como ET – O Extraterrestre, Tubarão ou Jurassic Park, teve início sob os maiores auspícios. Filho de um percussionista que participou em muita da música que Bernard Herrmann compôs para clássicos como Citizen Kane, Vertigo, Psico ou Taxi Driver, Williams havia de observar de perto o trabalho de um músico fundamental na construção dos suspenses dos filmes de Hitchcock. E, tal como o seu mestre, desenvolveria a sua própria parceria privilegiada com um realizador – no caso, com Steven Spielberg, tendo contribuído com música para quase 30 dos seus filmes.
Intérpretes
- Maestro
- Violino
- Comentário
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Orquestra Gulbenkian
Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de sessenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de cerca de sessenta instrumentistas, que pode ser expandido de acordo com as exigências de cada programa. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório, do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas podem também ser interpretadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório, em Lisboa, em cujo âmbito colabora com os maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos nacionais, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas. No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio. O finlandês Hannu Lintu é o Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian, sucedendo a Lorenzo Viotti.
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José Eduardo Gomes
Maestro
José Eduardo Gomes foi recentemente laureado com o 1.º Prémio e o Prémio Beethoven na European Union Conducting Competition. É Professor na Escola Superior de Música de Lisboa, onde trabalha com as várias orquestras. Foi Maestro Titular da Orquestra Clássica do Centro, da Orquestra Clássica da FEUP e do Coro do Círculo Portuense de Ópera, Maestro Associado da Orquestra Clássica do Sul e Maestro Principal da Orchestre de Chambre de Carouge, na Suíça.
Começou a estudar clarinete em Vila Nova de Famalicão, sua cidade natal, na Banda de Música de Famalicão. Prosseguiu os seus estudos na ARTAVE e ESMAE, onde se formou na classe de António Saiote, tendo recebido o Prémio Fundação Engenheiro António de Almeida. Estudou direção de orquestra, com Laurent Gay, na Haute École de Musique de Genève (Suíça) e direção coral com Celso Antunes.
É membro fundador do Quarteto Vintage e do Serenade Ensemble. Foi laureado em diversos concursos, com destaque para o Prémio Jovens Músicos (Clarinete e Música de Câmara) e no Concurso Internacional de Clarinete de Montroy (Valência). Foi igualmente laureado no Prémio Jovens Músicos, na Categoria de Direção de Orquestra, tendo recebido também o prémio da orquestra.
Nos últimos anos, tem sido convidado para trabalhar com as principais orquestras portuguesas e nos mais destacados festivais de música em Portugal, com solistas como Maria João Pires, Diemut Poppen, Sebastian Klinger, Bruno Giuranna, Artur Pizarro, Natalia Pegarkova e Adriana Ferreira, entre outros. Na temporada 2022/23 apresentou-se em concertos em Portugal, na Alemanha, em França e na Hungria.
No domínio da ópera, incluem-se produções de Don Giovanni, Così fan tutte, Lo Speziale e La Donna di Genio Volubile. Recentemente, foi Diretor Musical da nova produção da Companhia Nacional de Bailado, Alice no País das Maravilhas, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, assim como da nova produção da ópera Blimunda, no Teatro Nacional de São Carlos. Parte importante do seu trabalho é dedicada a orquestras de jovens, um pouco por todo o país. É Diretor Artístico da Jovem Orquestra de Famalicão. Em 2018 foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural pela Cidade de Vila Nova de Famalicão.
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Francisco Lima Santos
Violino
Natural de Lisboa, iniciou os seus estudos musicais aos nove anos de idade na Fundação Musical dos Amigos das Crianças na classe de Ana Margarida Sanmarful. Concluiu a licenciatura em violino na Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou com Khachatour Amirkhanian. Prosseguiu os estudos no Koninklijk Conservatorium, em Bruxelas, na classe de Yuzuko Horigome, vencedora do grande concurso Queen Elizabeth. Terminou os estudos em 2016 na Escuela Superior de Música Reina Sofía, em Madrid, na classe de Ana Chumachenko e Zograb Tatevosyan. Durante os seus estudos frequentou masterclasses de Mauricio Fuks, Liviu Prunaru, Antje Weithaas, Veronika Hagen, Heime Muller, Pavel Gomziakov, Francesca Vicari e Krzysztof Wegrzyn. Foi membro e bolseiro da Orquestra Sinfónica Juvenil, tendo sido concertino da mesma e apresentando-se também a solo em várias salas de espetáculo por todo o país. Integrou desde o início do projeto a Orquestra XXI. Foi membro da Orquestra de Jovens da União Europeia, tendo tocado em importantes salas da Europa.
Durante os seus estudos, foi premiado na categoria de violino em vários concursos, tais como, Concurso Internacional do Fundão, Prémio José Augusto Alegria e Prémio Jovens Músicos. Em 2016 venceu o Prémio Vasco Barbosa e, nesse mesmo ano, apresentou-se a solo com a Orquestra Sinfónica Portuguesa no Teatro Nacional de São Carlos. Integra o Artium trio, agrupamento vencedor do Prémio Jovens Músicos em 2016, categoria de Música de Câmara.
Colaborou com várias orquestras na Europa, incluindo a Sinfónica de Euskadi, a Nacional da Bélgica e Filarmónica de Munique. Tem integrado regularmente o Festival Cantabile, apresentando-se em concertos de música de câmara ao lado de solistas como Diemut Poppen, Ivan Monigetti, Christel Lee e Barnabas Kelemen. É 1.º Concertino Auxiliar da Orquestra Gulbenkian desde 2017.
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Cláudia Semedo
Apresentadora
Cláudia Semedo é atriz e apresentadora de televisão. Nascida em Oeiras em 1983, completou o Curso de Interpretação da Escola Profissional de Teatro de Cascais em 2001 e licenciou-se em Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social em 2012.
É presidente da Companhia de Atores e diretora artística do Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, desde janeiro de 2017.
Programa
John Williams
As Aventuras de Tintin: “The Duel”
E.T. – O Extraterrestre: “Adventures on Earth”
Jurassic Park: Tema principal
Harry Potter e a Pedra Filosofal: “Hedwig’s Flight” – “Nimbus 2000” – “Harry’s Wondrous World”
A Lista de Schindler: Tema principal – “Remembrances”
Memórias de uma Gueixa: “Sayuri’s Theme”
Super-Homem: “Superman March”
Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida: “Raiders March”
Star Wars: Tema Principal – “The Imperial March” – “Throne Room & End Title”