Dutilleux: Tout un monde lointain…

Orquestra Gulbenkian / Nuno Coelho / Jonathan Roozeman

O violoncelista Jonathan Roozeman e a Orquestra Gulbenkian interpretam a obra "Tout un monde lointain...," de Dutilleux, sob a direção do maestro Nuno Coelho.
João Silva 21 abr 2023 37 min

Tout un monde lointain… resultou de uma encomenda realizada pelo maestro Igor Markevich, no início da década de 60, para a Orchestre Lamoureaux. Escrita entre 1967 e 1970, a obra destinou-se ao violoncelista Mstislav Rostropovich, que a estreou no Festival Internacional de Arte Lírica de Aix-en-Provence a 25 de julho de 1970. Essa apresentação foi levada a cabo pela Orquestra de Paris, sob direção de Serge Baudo.

Tout un monde lointain… é uma obra concertante para violoncelo. Dividida em cinco andamentos, Dutilleux inspirou-se em As flores do mal, livro revolucionário de poemas de Charles Baudelaire. Os títulos dos andamentos são retirados dessa obra e tocados sem interrupção; as cinco partes requerem um grande domínio do violoncelo e empregam um colorido orquestral muito próprio. Dutilleux baseia-se numa sequência de doze sons e valoriza o timbre e a descontinuidade rítmica, colocando Tout un monde lointain… na esteira do serialismo, tendência dominante na Europa Ocidental da época. Contudo, o compositor atribui maior relevância a alguns sons da série, permitindo uma abordagem flexível, conciliando o pontilhismo com uma abordagem mais lírica.

Essa hierarquia é audível logo em Énigme, que destaca a apresentação do material principal pelo solista, acompanhado esparsamente pela orquestra, concentrada em massas sonoras. Neste andamento, o violoncelista interpreta variações sobre a série e apresenta os motivos que serão posteriormente transformados. Entre a angularidade e o melodismo cantabile, Énigme desenrola-se com a entrada progressiva de instrumentos, contrapondo conjuntos de câmara a momentos solistas. A atmosfera etérea e expressiva de Regard remete para um estatismo contemplativo, até retomar materiais de Énigme no final. Assim, liga-se a Houles, um episódio cinético em que se destaca o papel assertivo e virtuosístico do solista face às figurações rápidas dos instrumentos de sopro. A troca de material entre o violoncelo e a orquestra caracteriza Miroirs, um andamento cristalino de textura esparsa no qual se suspende a narrativa temporal. Tout un monde lointain…termina com Hymne, um clímax movimentado e enérgico em que Dutilleux recapitula e mistura os materiais de todos os andamentos, enfatizando ostinati de caráter percussivo.


Intérpretes

  • Maestro
  • Violoncelo

Programa

Henri Dutilleux

Tout un monde lointain…
1. Énigme: Très libre et flexible
2. Regard: Extrêmement calme
3. Houles: Large et ample
4. Miroirs: Lent et extatique
5. Hymne: Allegro

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