Gershwin: Rhapsody in Blue
Orquestra Gulbenkian / José Eduardo Gomes / Mário Laginha
Nas primeiras décadas do século XX, o compositor norte-americano George Gershwin (1898-1937) afirmou-se sobretudo como um inspirado criador de canções. Depois de contribuir com várias canções para musicais da Broadway, em 1919 escreveu o seu primeiro musical, intitulado La La Lucille. No mesmo ano, a canção Swanee obteve um enorme sucesso, tendo Gershwin iniciado uma carreira fulgurante que lhe facultaria o acesso aos círculos da elite americana.
Estreada em 1924, a Rhapsody in Blue viria a confirmar a crescente reputação de Gershwin como compositor. Respondendo positivamente a um convite do maestro Paul Whiteman (1890-1967) para a composição de uma obra a ser estreada num concerto da sua célebre orquestra de jazz, no Aeolian Hall, em Nova Iorque, Gershwin viu a oportunidade de dar corpo à ideia de transpor a linguagem do jazz para um contexto distinto dos tradicionais, esbatendo a fronteira entre o jazz e a música erudita. Compôs uma primeira versão para dois pianos e contou com a colaboração do compositor Ferde Grofé (1892-1972) para elaborar uma primeira versão para piano e conjunto orquestral. A estreia teve lugar em Fevereiro de 1924, com Gershwin ao piano. O acolhimento da Rhapsody in Blue foi entusiástico, não tendo a popularidade da obra esmorecido desde então.
Intérpretes
- Maestro
- Piano
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Orquestra Gulbenkian
Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de sessenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de cerca de sessenta instrumentistas, que pode ser expandido de acordo com as exigências de cada programa. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório, do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas podem também ser interpretadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório, em Lisboa, em cujo âmbito colabora com os maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos nacionais, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas. No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio. O finlandês Hannu Lintu é o Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian, sucedendo a Lorenzo Viotti.
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José Eduardo Gomes
Maestro
José Eduardo Gomes foi recentemente laureado com o 1.º Prémio e o Prémio Beethoven na European Union Conducting Competition. É Professor na Escola Superior de Música de Lisboa, onde trabalha com as várias orquestras. Foi Maestro Titular da Orquestra Clássica do Centro, da Orquestra Clássica da FEUP e do Coro do Círculo Portuense de Ópera, Maestro Associado da Orquestra Clássica do Sul e Maestro Principal da Orchestre de Chambre de Carouge, na Suíça.
Começou a estudar clarinete em Vila Nova de Famalicão, sua cidade natal, na Banda de Música de Famalicão. Prosseguiu os seus estudos na ARTAVE e ESMAE, onde se formou na classe de António Saiote, tendo recebido o Prémio Fundação Engenheiro António de Almeida. Estudou direção de orquestra, com Laurent Gay, na Haute École de Musique de Genève (Suíça) e direção coral com Celso Antunes.
É membro fundador do Quarteto Vintage e do Serenade Ensemble. Foi laureado em diversos concursos, com destaque para o Prémio Jovens Músicos (Clarinete e Música de Câmara) e no Concurso Internacional de Clarinete de Montroy (Valência). Foi igualmente laureado no Prémio Jovens Músicos, na Categoria de Direção de Orquestra, tendo recebido também o prémio da orquestra.
Nos últimos anos, tem sido convidado para trabalhar com as principais orquestras portuguesas e nos mais destacados festivais de música em Portugal, com solistas como Maria João Pires, Diemut Poppen, Sebastian Klinger, Bruno Giuranna, Artur Pizarro, Natalia Pegarkova e Adriana Ferreira, entre outros. Na temporada 2022/23 apresentou-se em concertos em Portugal, na Alemanha, em França e na Hungria.
No domínio da ópera, incluem-se produções de Don Giovanni, Così fan tutte, Lo Speziale e La Donna di Genio Volubile. Recentemente, foi Diretor Musical da nova produção da Companhia Nacional de Bailado, Alice no País das Maravilhas, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, assim como da nova produção da ópera Blimunda, no Teatro Nacional de São Carlos. Parte importante do seu trabalho é dedicada a orquestras de jovens, um pouco por todo o país. É Diretor Artístico da Jovem Orquestra de Famalicão. Em 2018 foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural pela Cidade de Vila Nova de Famalicão.
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Mário Laginha
Piano
Ao longo de mais de três décadas de carreira, Mário Laginha foi sendo habitualmente conotado com o domínio do jazz. No entanto, se é verdade que os primórdios do seu percurso têm um cunho predominantemente jazzístico – foi um dos fundadores do Sexteto de Jazz de Lisboa (1984), criou o Decateto Mário Laginha (1987) e lidera ainda hoje um trio com o seu nome –, o universo musical que construiu, nomeadamente com a cantora Maria João, é também um tributo às músicas que sempre o tocaram, começando pelo jazz, mas passando pelas sonoridades brasileiras, indianas e africanas, pela pop e pelo rock, sem esquecer as bases clássicas que presidiram à sua formação académica.
Mário Laginha tem articulado uma forte personalidade musical com uma grande vontade de partilhar a sua arte com outros músicos e criadores. No final da década de oitenta estabeleceu uma parceria regular com o pianista Pedro Burmester. Esta dupla seria alargada a Bernardo Sassetti em 2007 no projeto 3Pianos. Até ao seu inesperado desaparecimento, Sassetti foi também um parceiro e cúmplice de Laginha em muitos concertos.
Com uma sólida formação clássica, Mário Laginha tem escrito para formações tão diversas como a Big Band da Rádio de Hamburgo, a Big Band de Frankfurt, a Orquestra Filarmónica de Hanôver, a Orquestra Metropolitana de Lisboa o Remix Ensemble, o Drumming Grupo de Percussão, ou a Orquestra Sinfónica do Porto. No palco ou em estúdio, tocou com músicos como Wolfgang Muthspiel, Trilok Gurtu, Gilberto Gil, Lenine, Armando Marçal, Ralph Towner, Manu Katché, Dino Saluzzi, Kai Eckhardt, Julian Argüelles, Steve Argüelles, Howard Johnson, ou Django Bates, entre outros. Além disso, Laginha compõe também para cinema e teatro.
Com o trio partilhado com Bernardo Moreira e Alexandre Frazão, gravou, em 2012, o CD Mongrel, um trabalho que partiu de temas originais de Chopin, transformados pela linguagem pessoal de Laginha. No mesmo ano, foi lançado o CD Iridescente, com Maria João. No final de 2013, Mário Laginha e o seu Novo Trio, com o guitarrista Miguel Amaral e o contrabaixista Bernardo Moreira lançaram Terra Seca, um disco que desbrava novos caminhos para o jazz e para a música portuguesa.
Dezembro 2017
Programa
George Gershwin
Rhapsody in Blue