Chopin: Concerto para Piano n.º 2

Orquestra Gulbenkian / Ricardo Castro / Maria João Pires

A Orquestra Gulbenkian e a pianista Maria João Pires interpretam o Concerto para Piano n.º 2 de Chopin, sob a direção de Ricardo Castro.
Pedro Russo Moreira 10 fev 2022 41 min

Em 1829, com dezanove anos de idade, Fryderyk Chopin deslocou-se a Viena para se apresentar em concerto. A elite da cidade rasgou elogios ao brilhantismo e ao virtuosismo do jovem intérprete. Chopin tinha então consciência que a sua carreira dependia, em parte, do reconhecimento dos principais centros musicais, mas também, no capítulo da composição, da boa gestão da herança musical de compositores influentes do final do séc. XVIII e primeira metade do séc. XIX. O seu Concerto para Piano n.º 2 – que foi o primeiro a ser composto, mas assim numerado por ter sido o segundo a ser editado – escrito no final desse ano e início do seguinte, revela não apenas a intenção romântica de interpretação do género, mas também a influência dos concertos de Ignaz Moscheles e de Johann Nepomuk Hummel. Transparece sobretudo no modo como o jovem Chopin utilizou os materiais musicais para criar alguns efeitos que, apesar de traduzirem traços manifestos do seu estilo pessoal, espelham a conceção expressiva do género concerto no período romântico. A estreia do Concerto para Piano n.º 2 teve lugar em março de 1830, em Varsóvia, com o compositor ao piano, suscitando críticas positivas nos periódicos polacos, os quais acentuavam a capacidade do compositor para o tratamento de melodias belas e fluidas, bem combinadas com uma brilhante escrita orquestral.

O Concerto para Piano n.º 2 obedece à configuração de andamentos rápido-lento-rápido que caracteriza comummente o género. O primeiro andamento tem início com uma longa exposição orquestral do material temático, seguindo-se secções que alternam o tutti e o solista. A transição entre os temas é marcada pela gestão das dinâmicas e da intensidade rítmica, proporcionando diferentes quadros sonoros. A utilização do primeiro tema na secção final, com a introdução de alterações que enfatizam a intenção do compositor, conduzem também a orquestra para um desfecho que justifica a indicação Maestoso.

O segundo andamento é um Larghetto em estrutura tripartida que se inicia com uma pequena introdução orquestral marcada pelo diálogo entre as cordas e os sopros e que se mistura com um arpejo ascendente do piano, indicando assim a entrada do solista. A melodia introduzida é caracterizada pelo cantabile, com recurso à ornamentação, conferindo um ambiente lírico e dramático. A variedade da textura no tratamento melódico das diferentes secções, como a utilização de oitavas, ou linhas cromáticas, remetem por vezes para o tipo de escrita que Chopin adotou, por exemplo, nos Noturnos. É este ambiente que encaminha o andamento para o seu final, terminando com um arpejo ascendente no piano que é acompanhado pela contemplação das cordas. Consta que o andamento terá sido inspirado por um amor platónico que Chopin sentiria por Konstancja Gładkowska, uma cantora que conhecera em 1829.

O terceiro andamento destaca-se pela sua originalidade. A estética e as opções estilísticas que o compositor adotara e que surgiram anos antes em obras como Rondo à la mazur op. 5, marcam a seleção do material deste andamento. As referências musicais à cultura polaca, sobretudo à mazurca e à kujawiak, ambas danças nacionais, são elementos importantes no estilo composicional de Chopin, os quais seriam recorrentes na sua obra.


Intérpretes

  • Maestro
  • Piano

Programa

Fryderyk Chopin

Concerto para Piano n.º 2, em Fá menor, op. 21
1. Maestoso
2. Larghetto
3. Allegro vivace

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