Chausson: Poème de l’amour et de la mer

Orquestra Gulbenkian / Matthew Halls / Julie Boulianne

Sob a direção do maestro Matthew Halls, a meio-soprano Julie Boulianne e a Orquestra Gulbenkian interpretam a obra "Poème de l'amour et de la mer", de Ernest Chausson.
Susana Duarte 23 fev 2024 29 min

Oriundo de famílias abastadas, formado dentro da cultura clássica (em Direito, conforme a tradição familiar), Ernest Chausson teve um contacto privilegiado com a poesia, a literatura e a pintura contemporâneas. Uma autocrítica severa e uma partida prematura, quando entrava na fase de maturidade musical, levaram a um espólio de composições relativamente reduzido.

Chausson foi visto durante muito tempo como um “burguês enfadonho”, epígono de César Franck, mas hoje é reconhecido como uma das mais importantes figuras do romantismo francês, uma ponte entre Franck e Debussy, mas também uma personalidade criativa individual, antecipando em certos aspetos o impressionismo musical da última década do século XIX. Enquanto secretário da Sociedade Musical de Paris, impulsionou jovens compositores e o seu salão era um local de encontro de importantes personalidades artísticas.

A génese de Poème de l’amour et de la mer remonta a 1882, época em que Chausson era discípulo de César Franck. Os textos provêm de uma coleção de poemas do seu amigo e contemporâneo Maurice Bouchor (1855-1929). Viria a concluir a obra quase uma década depois e a apresentá-la como “canto sinfónico” em Bruxelas, em fevereiro de 1893, e depois na sala Érard em Paris, em abril do mesmo ano.

Considerado o mais wagneriano dos compositores franceses, a descoberta de O Navio Fantasma e de outras óperas a que assistiu em Bayreuth, influenciou-o bastante numa fase inicial. A sua admiração por Wagner revela-se através de uma presença de Tristão e Isolda no Poème op. 19, com a ligação entre o mar, a morte e o amor e uma secção final com muito do Liebestod.

Partitura única no panorama musical da época, descreve o típico romance de verão de fin de siècle marcado por uma melancolia retrospetiva, mas vai além da tradução de sentimentos e de atmosferas. Dentro de uma estética simbolista, as emoções não são traduzidas diretamente, mas evocadas na sensibilidade do sujeito poético aos sons, imagens e perfumes que o rodeiam. Chausson funde com precisão poesia e música sobre uma orquestração refinada e transparente.

Dividida em duas partes com um interlúdio no centro, a obra assenta na melodia contínua e na forma cíclica. É atravessada por l’idée, um constante jogo de ondas, do mar e do amor, e pela evocação do lilás – flor inspiradora de pintores e poetas, associada a um amor jovem ou antigo – no início e no final.


Intérpretes

  • Maestro
  • Meio-Soprano

Programa

Ernest Chausson

Poème de l’amour et de la mer
– La Fleur des eaux
– Interlude
– La Mort de l’amour

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.