Brahms: Concerto para Violino

Orquestra Gulbenkian / Giancarlo Guerrero / Bomsori Kim

A violinista sul-coreana Bomsori Kim e a Orquestra Gulbenkian interpretam o Concerto para Violino de Brahms, sob a direção do maestro Giancarlo Guerrero.
Rui Cabral Lopes 05 mai 2023 50 min

Um dos grandes pilares do repertório romântico para violino, na esteira dos concertos homólogos de Ludwig van Beethoven (1770-1827), Robert Schumann (1810-1856), Felix Mendelssohn (1809-1847) e Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893), o Concerto para Violino e Orquestra, em Ré maior, op. 77, de Johannes Brahms, foi influenciado pelos ideais estéticos do concerto solista, correspondendo ao gosto generalizado pelo virtuosismo instrumental, o qual, por si só, atraía multidões às salas de concertos. Brahms transmitiu à obra um nível elevado de elaboração técnica, sobretudo à parte solista, vindo a dedicá-la a um dos mais proeminentes violinistas do seu tempo, Joseph Joachim (1831-1907). Em vista da partitura pela primeira vez, este último chegou a declará-la inexequível, o que levou Brahms a introduzir várias alterações à versão originária.

O primeiro andamento é precedido por uma alargada introdução orquestral, a estabelecer a tonalidade luminosa de Ré maior, em tom sereno. Sobre nota-pedal, o solista intervém pela primeira vez, com laivos inequívocos do virtuosismo a que nos referíamos atrás, tais como motivos harpejados, saltos intervalares de oitava, bariolage (alternância de notas em cordas adjacentes) e saltos intervalares de oitava. O tema principal da exposição, antes esboçado pela orquestra, é retomado pelo violino numa tessitura aguda. O segundo tema, de cariz afetuoso, sobrevém na parte solista, vindo depois a ser retomado pelos violinos. No desenvolvimento alternam os tutti orquestrais impetuosos com as intervenções não menos inflamadas do solista. São várias as possibilidades de cadência para o final da recapitulação, uma das quais da autoria do próprio Joseph Joachim. O andamento termina com uma coda em que pontua o tema principal da exposição.

Tal como o andamento inaugural, o Adagio intercalar inicia-se com uma introdução orquestral. A melodia ampla e serena, posta na parte de oboé e harmonizada exclusivamente pelos restantes sopros de madeira e pelas duas trompas em Fá, vem a ser depois desenvolvida pelo instrumento solista, no mesmo clima idílico e contemplativo.

Em completo contraste com o Adagio, o andamento final irrompe com energia contagiante, a partir do princípio formal da sonata-rondó que faz alternar o refrão, dominado pelo solista, com uma sucessão de coplas que promovem o diálogo entre os diferentes naipes orquestrais.


Intérpretes

  • Maestro
  • Violino

Programa

Johannes Brahms

Concerto para Violino e Orquestra em Ré maior. op. 77
1. Allegro non troppo
2. Adagio
3. Allegro giocoso, ma non troppo vivace

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