Berlioz: Sinfonia Fantástica

Orquestra Gulbenkian / Nuno Coelho

A Orquestra Gulbenkian interpreta a célebre Sinfonia Fantástica de Hector Berlioz, sob a direção do maestro Nuno Coelho.
João Silva 21 abr 2023 56 min

A Sinfonia fantástica é um marco no Romantismo. Aliando a narração de uma história às novas potencialidades abertas pelo desenvolvimento na construção e execução dos instrumentos, transformou a música orquestral da época. O recurso a uma grande orquestra, ampliada por novos timbres, contribuiu para um percurso sublinhado pelas combinações de instrumentos. Assim, tornou-se paradigmática da orquestração romântica. Escrita em 1830 e estreada no Conservatório de Paris a 5 de dezembro desse ano, é uma efabulação sobre a biografia do compositor, então fascinado pela atriz Harriet Smithson, cujas encarnações das heroínas de Shakespeare marcaram a Paris de então. Narra uma história de devaneio e paixão em que o sonho e a realidade se misturam com a morte e o oculto, elementos centrais no ideário romântico.

Estes “episódios de uma vida de artista,” como o compositor os designou, começam com “Sonhos – Paixões.” O nascer da paixão do artista é retratado, partindo de uma introdução lenta que prepara a tensão contrastante da forma sonata. Uma secção instável cede lugar a uma atmosfera sonhadora, ilustrada pelas melodias ondulantes. Neste andamento, surge o motivo que representa a relação entre o artista e a amada. Essa idée fixe será, recorrentemente, apresentada em diversos passos da narrativa. O recurso a surdinas e a pizzicati nas cordas atestam a abordagem visionária de Berlioz. “Um Baile” representa o artista numa festa, presença que será assombrada pela aparição da amada. O compositor oscila entre uma valsa em que pontifica a nobreza e elementos que contrastam pela tensão, aplicando a harpa de forma particular. Segue-se “Cena Campestre,” dominada pelo bucolismo. Solos de oboé e corne inglês dominam o episódio, centrado na melodia. Uma atmosfera de ameaça emerge, pontuada pelos tímpanos, interpolando as passagens líricas. A “Marcha para o Suplício” acompanha um sonho do artista, intoxicado pelo ópio após imaginar que o seu amor não era correspondido. Este sonha que mata a amada e é levado para o cadafalso numa marcha em que a orquestra sublinha, de forma enfática, a caminhada do Destino. A Sinfonia fantástica termina com “Sonho de uma Noite de Sabbat”, quando conjuradores e criaturas sobrenaturais se reúnem para o funeral do protagonista. A citação da melodia do Dies irae por instrumentos graves de sopro, como o inovador oficleide baixo, evoca a morte e enfatiza a solenidade da ocasião, que mistura a leveza da idée fixe da amada com uma atmosfera de ritual exagerado e grotesco.


Intérpretes

  • Maestro

Programa

Hector Berlioz

Sinfonia Fantástica, op. 14
1. Rêveries – Passions
2. Un bal
3. Scène aux champs
4. Marche au supplice
5. Songe d’une nuit de sabbat

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