Graindelavoix
O Graindelavoix é um projeto artístico multidisciplinar e um coletivo de artistas com sede em Antuérpia. Foi fundado no início do século XXI pelo antropólogo e etnomusicólogo Björn Schmelzer. O fascínio pela voz, a genealogia dos repertórios vocais e a sua relação com os afetos, a história e as culturas, são alguns dos elementos que estão na base da sua filosofia e do seu trabalho. Depois das apresentações públicas iniciais, a primeira gravação – Missa Caput de Johannes Ockeghem (Glossa, 2006) – ajudou a catapultar o Graindelavoix para os palcos internacionais.
Cada novo projeto do Graindelavoix começa com um gesto musical concreto, um repertório ou uma obra, mas ao longo do processo de construção é dada especial atenção às ações do complexo fluxo do tempo e aos aspetos transformadores da prática, através da realização de uma leitura ativa no sentido medieval. O passado não é uma realidade sólida da qual estejamos separados, mas antes um conjunto contínuo de correntes e contracorrentes que vivem nos nossos corpos. Os artistas do Graindelavoix exploram a forma como poderão guiar os públicos também no sentido de reconstruírem as suas próprias memórias e significados. Os membros do Graindelavoix são oriundos de diferentes tradições, com diversificados antecedentes artísticos e conhecimentos, sendo esta heterogeneidade aprofundada em cada nova atuação.
O Graindelavoix é reconhecido pela sua abordagem pioneira e inteiramente nova de repertórios antigos. Recebeu várias distinções, incluído o prémio Edison, três prémios Klara Music, o prémio Caecilia da imprensa musical belga e vários prémios de revistas de música internacionais como Répertoire, Pizzicato e Scherzo.
Em 2011 o Graindelavoix colaborou com a companhia de dança Rosas, de Anne Teresa De Keersmaeker, na produção do espetáculo Cesena, estreado em Avignon. Cria regularmente projetos multimédia e multidisciplinares como os filmes Ossuaires e Muntagna Nera, ou a peça teatral em torno da polifonia alemã do início do século XVI, Trabe Dich Thierlein, que estreou no Festival das Artes de Weimar em 2014. Apresentou-se em importantes palcos como os festivais Zomer Van Antwerpen, Laus Polyphoniae, Moussem Festival, Behoud de Begeerte, Berliner Festspiele, Brooklyn Academy of Music, Alkantara Festival, Wratislavia Cantans, Alte Musik Regensburg, Kunstfest Weimar Ruhrtriennale, Festival de Santes, Avignon Festival, Concertgebouw Amsterdam, De Doelen Rotterdam ou Bozar Brussels, entre outros. Desde 2015, o Graindelavoix é agrupamento residente na Fundação Royaumont, perto de Paris. Apresentou-se pela primeira vez na Gulbenkian Música em abril de 2014.