Orquestra Gulbenkian e Lorenzo Viotti

Primeira e Quinta Sinfonias de Beethoven

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Orquestra Gulbenkian
Lorenzo Viotti Maestro

Ludwig van Beethoven
Sinfonia n.º 1, em Dó Maior, op. 21
– Adagio molto – Allegro con brio
– Andante cantabile e con moto
– Minuetto: Allegro molto e vivace
– Finale: Adagio – Allegro molto e vivace

Composição: 1799-1800
Estreia: Viena, 2 de abril de 1800
Duração: c. 25 min.

Quando Ludwig van Beethoven (1770-1827) concluiu a sua primeira sinfonia, em abril de 1800, a história do género conhecera um percurso ainda relativamente breve, indissociavelmente ligado aos vultos de Giovanni Battista Sammartini (c.1700-1775), Johann Stamitz (1717-1757), Mattias Georg Moon (1717-1750), Johann Baptist Vanhal (1739-1813), Joseph Haydn (1732-1809) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), entre outros compositores. Torna-se pois compreensível que as linhas formais e estilísticas emergentes nesta obra pioneira tenham a ver essencialmente com a herança deixada pelos seus mais diretos predecessores na denominada “Escola de Viena” e reflitam, por consequência, os mesmos ideais de proporção e uma similar orientação temática e harmónica.

A estreia da Sinfonia n.º 1, op. 21, teve lugar no Teatro Imperial de Viena, a 2 de Abril de 1800, sob a direção do compositor. A sua receção traduziu-se por um misto de admiração e desagrado, ante uma linguagem orquestral que, em alguns momentos, desafiava abertamente os gostos instituídos. O crítico do Allgemeine Musikalische Zeitung começa por considerar a obra possuidora de “arte considerável, inovação e riqueza de ideias musicais”, mas, logo em seguida, aponta o “excesso de instrumentos de sopro” que, no seu entender, dava mais a impressão de se tratar de “música militar” do que de “música para orquestra propriamente dita”. Para o concerto, o compositor contratou os cerca de quarenta elementos da orquestra do Teatro de Ópera Italiana de Viena, um agrupamento que, apesar da sua experiência, padecia de imagem conflituosa, devido às permanentes disputas internas sobre quem deveria assumir a direção dos naipes. A avaliar pelas palavras do mesmo crítico, os problemas de coordenação e disciplina assomaram publicamente, pois “perante tal comportamento, de que serve toda a inegável proficiência dos membros deste grupo? Sob tais circunstâncias como pode produzir efeito mesmo a mais excelente das composições?”.

Apesar da estreia pouco auspiciosa, a Sinfonia n.º 1 de Beethoven impôs-se rapidamente no repertório, logo após a sua publicação no ano seguinte. A dedicatória foi dirigida ao seu patrono barão Gottfried van Swieten – diretor da Biblioteca Imperial e personalidade destacada da vida musical vienense –, a que Mozart ficara a dever as suas primeiras incursões nos domínios da música barroca. A partir de então, e ao longo de um período de vinte e quatro anos, Beethoven manteve um interesse persistente na Sinfonia, motivado não apenas pelo ensejo de perpetuar a tradição sinfónica vienense, mas também pela vontade de criar um horizonte de novas descobertas sonoras, passível de inspirar as gerações futuras.

Rui Cabral Lopes

 

Ludwig van Beethoven
Sinfonia n.º 5, em Dó menor, op. 67
– Allegro con brio
– Andante con moto
– Scherzo: Allegro
– Finale: Allegro

Composição: 1804-1808
Estreia: Viena, 22 de dezembro de 1808
Duração: c. 36 min.

A Quinta Sinfonia de Ludwig van Beethoven (1770-1827) é uma das obras mais frequentemente interpretadas em concerto e conhecidas do grande público. Se mais provas fossem necessárias para afirmação do elevado valor intrínseco desta obra, além das extraordinárias qualidades artísticas que dela emanam, e que lhe garantem uma posição cimeira no património cultural da humanidade, a profusa literatura acerca da mesma é por si só testemunho da sua importância histórica e estética.

Excluindo as várias dissecções produzidas pelo pensamento musicológico, uma das mais fascinantes recensões à 5.ª Sinfonia surgiu, desde logo, pela mão do crítico, compositor e novelista E.T.A. Hoffmann (1776-1822) num artigo intitulado “A Música instrumental de Beethoven” (1813) publicado no  Allgemeine musikalische Zeitung, no qual o autor realça os mais significativos aspetos de uma obra, à época, tão profundamente inovadora e, ao mesmo tempo, de significado hermético para a esmagadora maioria do público. Ainda que as estruturas formais que Beethoven utiliza – forma-sonata no primeiro e no último andamentos, tema com variações no segundo e um scherzo no terceiro – sejam ainda herdeiras do período tardo-setecentista, muitos outros aspetos desta sinfonia marcam já uma rutura com o cânone clássico. Não é somente a sua vultuosa dimensão ou a sua extraordinária coesão temática e motívica, mas sobretudo a avassaladora carga anímica que dela irradia e que a demarca das composições homónimas dos seus antecessores.

Ao despedir-se do seu amigo Beethoven, quando este partiu para Viena, em 1792, o conde Waldstein augurou-lhe que “recebesse o espírito de Haydn pelas mãos de Mozart”. Pode afirmar-se, sem constrangimento, que estas influências permaneceram em Beethoven, todavia transmutadas pela sua fértil retórica interior e personalidade marcante. Este facto adquire força de evidência de forma muito especial na 5.ª Sinfonia, onde Beethoven genialmente expressa não só a sua ambivalente personalidade intempestiva e afetuosa, mas também integridade ética e inquietude existencial.

Luís Raimundo

O maestro titular da Orquestra Gulbenkian regressa ao Grande Auditório quatro meses após o cancelamento da Temporada de música devido à pandemia. No ano em que se comemoram os 250 anos do nascimento de Beethoven, o jovem maestro franco-suíço irá dirigir a Primeira e a Quinta Sinfonias do compositor alemão, um programa que vai celebrar do melhor modo o seu reencontro com o público da Gulbenkian Música.

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