Metamorfoses

Orquestra Gulbenkian / Rita Castro Blanco

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Orquestra Gulbenkian
Rita Castro Blanco Maestrina

Richard Wagner
Idílio de Siegfried

Composição: 1870
Estreia: Tribschen, 25 de dezembro de 1870
Duração: c. 20 min.

Em Abril de 1866, Wagner alugou uma casa de campo em Tribschen, perto de Lucerna, onde se estabeleceu até à mudança para Bayreuth, em 1872. Ali viveu na companhia de Cosima (filha de Liszt) e viu nascer os seus dois últimos filhos. Dedicou-se inteiramente à composição de Os Mestres Cantores de Nuremberga, Siegfried (retomado no 2.º ato, após uma interrupção de mais de dez anos) e O Crepúsculo dos Deuses.

Anteriormente casada com o célebre maestro Hans von Bülow, um dos grandes defensores da obra de Wagner, Cosima tinha-se tornado amante de Wagner em 1864, vindo a casar com este último em 1870. Desta relação nasceram três filhos: Isolda, Eva e Siegfried. Nascido em 1869, Siegfried inspiraria a composição do Idílio, que Wagner ofereceu a Cosima no Natal de 1870. Na manhã de 25 de dezembro o compositor surpreendeu Cosima (que fazia anos nesse dia) com este insólito presente que foi tocado na escada interior da casa por um grupo de treze executantes.

Em 1864, o ano em que iniciou a sua relação com Cosima, Wagner tinha esboçado um primeiro andamento para um quarteto de cordas em Mi maior. Cinco anos depois, enquanto se dedicava à composição de Siegfried, resolveu reutilizar dois temas do quarteto que tinha abandonado e, no ano seguinte, voltaria a retomar o material musical desta obra no Idílio, que conservou a mesma tonalidade do quarteto. A esta estrutura, Wagner uniu uma canção alemã de embalar muito popular, confiada ao oboé, e associações temáticas com o drama musical homónimo (em especial com o 3.º ato), através de alguns dos leitmotiv que expressam a plenitude do amor de Brünnhilde e Siegfried e o caráter do protagonista: “A Imortal Bem-amada”, “O Sono de Brünnhilde”, “O canto do Pássaro do Bosque”, etc.). Este material é utilizado no seio de um discurso sereno e poético. O caráter pessoal desta peça teria determinado a hesitação do compositor em a publicar. Apenas o faria em 1878, devido à insistência do meio musical.

Cristina Fernandes

 

Richard Strauss
Metamorfoses

Composição: 1944/1945
Estreia: Zurique, 25 de janeiro de 1946
Duração: c. 28 min.

Nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial, Richard Strauss isolava-se cada vez mais na sua vila nos Alpes, afastando-se da fase mais negra do conflito. Lia Goethe e o poema Niemand wird sich selber kennen (“Ninguém pode conhecer-se a si mesmo”) inspirava-o a escrever um esboço de uma obra coral para quatro vozes masculinas e a refletir sobre o autoconhecimento. Regressou a esse esboço após uma encomenda de Paul Sacher, maestro, patrono e empresário suíço, de uma obra para orquestra de cordas. Deu-lhe o título de Metamorphosen, provavelmente inspirado numa outra obra poética de Goethe, As metamorfoses das plantas e As metamorfoses dos animais. Numa reflexão sobre a natureza humana e o perigoso potencial da humanidade em ceder aos mais básicos instintos animalescos, reverte o significado clássico da palavra metamorfose, onde através do autoconhecimento o humano se torna divino.

A obra foi concluída em abril de 1945, pouco antes do suicídio de Hitler e da conclusão da Guerra, e após os bombardeamentos dos Aliados que destruíram a ópera de Viena e outros monumentos de referência da cultura germânica. Antes de Viena, Strauss tinha já assistido à destruição de Munique, onde o seu pai tinha sido primeira trompa na orquestra real e onde ouviu algumas das obras mais emblemáticas de Weber e de Wagner. Sobre esses tempos perturbadores afirmou: “o mais terrível período da história humana está a chegar ao fim, o reinado de doze anos de bestialidade, ignorância e anti cultura sob o poder dos maiores criminosos, durante o qual os dois mil anos de evolução cultural germânica foram condenados à morte ”.

Metamorphosen, para 23 instrumentos de cordas solistas, contém referências aos grandes nomes da música germânica: Mozart, Beethoven, com uma citação da marcha fúnebre da sinfonia Heroica, e Wagner. Sombria e resignada, “possivelmente a mais triste obra musical alguma vez escrita” (Alan Jefferson), reflete um final de vida amargurado do compositor.

Susana Duarte

Rita Castro Blanco é Maestrina Principal da Orquestra Filarmónica de Huddersfield e uma das mais promissoras jovens artistas portuguesas. À frente da Orquestra Gulbenkian irá transportar-nos para a manhã do Dia de Natal de 1870, quando Richard Wagner presenteou a sua mulher Cosima com o Idílio de Siegfried de uma forma singular: Cosima fazia anos nesse dia e foi surpreendida por um grupo de músicos a tocar na escadaria interior da sua casa, em Tribschen. O concerto termina com a peça para cordas Metamorphosen, de Richard Strauss, obra composta nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial.


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