Coro Gulbenkian A Cappella

Luz e Sombra

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Coro Gulbenkian
Pedro Teixeira Direção
Sérgio Silva Órgão

Ana Bela Covão
Rosa Caldeira
Susana Duarte

Beatriz Cebola
Patrícia Mendes

Francisco Cortes
Pedro Miguel

Nuno Gonçalo Fonseca
Rui Borras

 

Howard Helvey (n. 1968)
O lux beatissima

Estêvão Lopes Morago (c. 1575-c. 1630)
Versa est in luctum

Thomas Tomkins (1572-1656)
When David heard

Thomas Tallis (1505-1585)
O nata lux

Eurico Carrapatoso (n. 1962)
Sombras

Juan Gutiérrez de Padilla (1590-1664)
Stabat Mater

Rui Paulo Teixeira (n. 1973)
Tenebrae factae sunt*

Howard Helvey (n. 1968)
O gracious light

Henry Purcell (1659-1695)
Funeral sentences

Duarte Lobo (c. 1566-1650)
Memento mei

Eurico Carrapatoso (n. 1962)
Vem ó morte, doce irmã do sono

*Estreia absoluta

No segundo concerto do mini-ciclo Coro Gulbenkian A Cappella, o maestro Pedro Teixeira dirige um programa dedicado à Luz e Sombra, inspirado na técnica chiaroscuro da pintura renascentista, em que as obras que se referem explicitamente à luz e fazem realçar os momentos de sombra, relacionados com a morte.

Luz e Sombra

Claro. Escuro. Vida. Morte. Quatro conceitos que se interrelacionam de forma inexorável, mas não sempre óbvia ou previsível, e cuja relação e alcance se foram sempre transformando ao longo da História, transportados por correntes sociais, estéticas, religiosas e outras, que nunca se cristalizaram totalmente no tempo. O conceito e o seu antípoda alimentam-se e amplificam-se mutuamente, na aparentemente óbvia noção de que o contraste entre os dois os separa meteoricamente e, assim, os intensifica de forma dramática. Este dramatismo quase cénico foi explorado, na pintura renascentista, pela técnica chiaroscuro, que exacerba o brilho focal de determinado ponto através da penumbra intensa que o enquadra. O escuro alimenta e incrementa, portanto, o brilho, e o brilho nutre intimamente o negro de uma energia profunda e dramática que, por sua vez, devolve um fulgor intensamente resplandecente à luz.

Na música, tal como na pintura, a dualidade íntima entre o claro e o escuro existe, e foi fomentada por um rol inacabável de compositores, também eles à boleia dos usos estéticos do momento, ou criando eles próprios uma nova estética a ser seguida por gerações seguintes.

O concerto desta tarde instiga um recontro entre todos estes conceitos, num devir que abrange não só o brilho, o sombrio, o vivo e o inerte, mas que suscita também um diálogo entre o renascentista e o contemporâneo, arreigados naturalmente nas suas próprias visões – diferentes, pois – de toda esta panóplia de tons e intensidades.

O obscuro e a morte circulam, assim, pelo programa, e são dinamizados fulgurantemente por obras geradas e alimentadas pela luz e pela vida – e em todos os conceitos, o contemporâneo e o renascentista expõem-se e partilham as suas representações.

O lux beatissima, do norte-americano Howard Helvey, enquadra e catalisa o lado sombrio das duas obras renascentistas que se lhe seguem – muito embora a visão da morte nesta época fosse bastante diferente da que hoje temos – e, por sua vez, a luminosidade resplandecente de O nata lux, de Thomas Tallis, acentua a visão contemporânea e apaixonada de Eurico Carrapatoso de uma noite alentejana de sombras, a única oportunidade de alcançar os carinhos desejados, não permitidos à luz do dia...

É neste diálogo constante a vários tempos e conceitos que o programa evolui, trazendo neste trilho uma das obras icónicas de Purcell, Funeral Sentences, que o responsório Memento mei de Duarte Lobo fechará com um dramatismo solene. A morte, contudo, não atemoriza, e o regresso ao eterno alentejano, de novo pela escrita quente de Carrapatoso, traz em si mesmo uma luz, sempre eterna.

Pedro Teixeira

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