Cinco sinais do verão para procurar em agosto e setembro
Jardins para a vida silvestre
Borboleta-zebra (Iphiclides feisthamelii)
Em Portugal, onde se pode ver por todo o território, esta linda borboleta de riscas pretas e brancas é muito observada durante o verão, incluindo no Jardim Gulbenkian. O guia “As Borboletas de Portugal”, coordenado por Ernestino Maravalhas, explica que as borboletas-zebra estivais, que se veem nesta altura do ano, são maiores e mais amareladas do que as restantes. As lagartas desta espécie alimentam-se de algumas árvores de fruto, como ameixeiras e abrunheiros, pereiras e macieiras.
Andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica)
Estas andorinhas são das primeiras a chegar a Portugal regressadas de África, ainda antes do começo da primavera, mas é nas tardes longas e quentes do verão que melhor reparamos nos seus voos longos e rasantes sobre os lagos dos jardins, enquanto caçam os pequenos insetos que voam pelo ar. Os ninhos, que parecem taças feitas de lama, são construídos em armações de telhados e nos beirais das casas. A face vermelha e o dorso e asas completamente escuros ajudam a distingui-la de outras espécies de andorinhas. Costumam ficar por cá até outubro.
Andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum)
Tal como o seu nome indica, os ninhos da andorinha-dos-beirais, redondos e feitos de lama, com uma pequena abertura, são muitas vezes construídos por baixo dos beirais dos telhados. Estas aves convivem pacificamente com outras espécies de andorinhas, como acontece no Jardim Gulbenkian, e em outubro já quase todas terão partido para África. Segundo o “Guia de Aves de Portugal e da Europa”, coordenado por Lars Svensson, distinguem-se das andorinhas-das-chaminés pelos seus voos mais agitados e menos ligeiros. Outros elementos que ajudam a identificá-las: a parte inferior e o uropígio (extremidade triangular da qual saem as penas da cauda) são brancos e contrastam com o escuro do dorso e da parte superior das asas.
Nenúfares em flor (família Nymphaeaceae)
As bonitas flores dos nenúfares, que começaram a surgir na primavera, continuam a alegrar muitos lagos até ao final de setembro. As folhas arredondadas e flutuantes destas plantas aquáticas, que surgem à superfície principalmente nos meses mais quentes, ajudam a que a temperatura das águas não aqueça tanto e fazem com que seja menos agressiva a incidência de raios UV, auxiliando dessa forma muitos insetos e outros pequenos animais que vivem em ambientes de água doce. Além das duas plantas de nenúfares nativas de Portugal – o nenúfar-branco e o nenúfar-amarelo – muitas outras espécies de origem hortícola ornamentam os jardins.
Rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus)
Os ninhos desta pequenina ave insetívora são muito curiosos: em forma de cesto, são construídos suspensos sobre a água, tecidos em volta de alguns caules de caniços. Em Portugal, o rouxinol-pequeno-dos-caniços está presente na primavera e verão, sobretudo ao longo do litoral, nos estuários do Sado, Tejo, Mondego e na ria de Aveiro. Mas é de agosto a outubro, quando estas aves viajam da Europa para África na fase das passagens migratórias pós-nupciais, que se torna especialmente abundante. É bem possível que alguns destes migradores de passagem utilizem o Jardim Gulbenkian, onde estas aves já foram observadas em setembro, como local de repouso e reabastecimento a meio da viagem, escreve João Eduardo Rabaça no seu livro dedicado às aves deste jardim.
Jardins para a vida silvestre
O Jardim Gulbenkian promove um conjunto de visitas sobre como tornar os nossos jardins, parques e terrenos, tanto no interior das cidades como fora, em espaços mais acolhedores para vida silvestre – fundamental para a vida na Terra! Estas visitas são acompanhadas pela revista Wilder que, em parceria com a Fundação Gulbenkian, publica artigos sobre cada um dos temas.