Biblioteca de Arte

Criação e abertura ao público

A Biblioteca de Arte foi criada a 15 de outubro de 1968, tendo aberto ao público a 9 de outubro de 1969. A sua primeira designação foi Biblioteca Geral e nasceu da necessidade de centralizar num único local os três fundos bibliográficos então já existentes: a Biblioteca do Palácio de Oeiras e a Biblioteca da Fundação, dependentes, respetivamente, dos Serviços de Museu e de Educação, e a Biblioteca Internacional, que o Serviço Internacional começara a organizar.

A primeira tem origem remota na biblioteca que Calouste Gulbenkian reunira ao longo dos anos para informação pessoal e para servir de apoio ao estudo da sua coleção de obras de arte, que hoje constitui a Coleção do Fundador do Museu Gulbenkian. A esta biblioteca pessoal, que totalizava 3033 obras, vieram juntar-se, através da aquisição realizada pelo Serviço do Museu, 8016 novos títulos.

A Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian foi criada em 1960, com o objetivo de reunir as publicações editadas e subsidiadas pela Fundação, os trabalhos dos bolseiros, as espécies permutadas e oferecidas e as aquisições, na época pouco numerosas. Ao ser transferida para a Biblioteca Geral, em setembro de 1969, totalizava 4678 obras.

Finalmente, a Biblioteca Internacional, cujo início data de 1964, era constituída por estudos de autores estrangeiros sobre Portugal, qualquer que fosse a sua natureza, bem como pelas obras de autores portugueses impressas no estrangeiro, contando inicialmente com 3910 obras. Este conjunto documental foi integrado na Biblioteca Geral em meados de 1973.

 

Remodelação e abertura

Na década de 1990, a Biblioteca Geral atravessou um período de restruturação e modernização dos seus serviços. Em 1993, foi apresentado um projeto de reestruturação que abrangia aspetos conceptuais, organizacionais e de remodelação de espaços físicos, o qual foi aprovado pelo Conselho de Administração. Depois de um ano de encerramento, a renovada e renomeada Biblioteca Geral de Arte reabriu ao público em 27 de setembro de 1995. Esta profunda remodelação implicou a redefinição da sua vocação como biblioteca especializada em história de arte, artes visuais, arquitetura e design, consubstanciada na alteração do nome para Biblioteca Geral de Arte, e reforçada em 1998, quando a sua designação se alterou definitivamente para Biblioteca de Arte. Essa perspetiva exigiu uma análise aprofundada do seu acervo e das suas condições de funcionamento, de modo a melhor cumprir a sua especialização. Além da mudança de designação, as alterações mais visíveis durante este período foram as seguintes:

  • Instalações: ampliação da Sala de Leitura para 84 lugares; criação de seis gabinetes de investigação e de um Serviço de Referência;
  • Coleção: definição de uma política de aquisições de acordo com a especialização em artes visuais, história de arte e arquitetura; introdução do conceito de «documento», de modo a incluir no fundo documental material não-livro e eletrónico;
  • Tecnologias: definição do parque informático, do trabalho em rede e da partilha de recursos; início da informatização do catálogo.

 

Sala de Leitura da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13297 © Ricardo Oliveira Alves
Sala de Leitura da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13297 © Ricardo Oliveira Alves Sala de Leitura da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13297 © Ricardo Oliveira Alves
Sala de Leitura da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13277 © Ricardo Oliveira Alves
Sala de Leitura da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13277 © Ricardo Oliveira Alves Sala de Leitura da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13277 © Ricardo Oliveira Alves

 

Integração do Departamento de Documentação e Pesquisa

Em setembro de 2000, o Departamento de Documentação e Pesquisa (DDP) do então designado Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão foi integrado na Biblioteca de Arte. O DDP foi criado em 1985 e abriu ao público a 3 de abril de 1997. Tinha como missão recolher, de forma sistemática, registos informativos sobre arte portuguesa desde 1911, assim como documentos considerados relevantes sobre arte internacional contemporânea, com a finalidade de:

  • Apoiar as iniciativas e as tarefas correntes do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão e conservar registos informativos da sua atividade, disponibilizando apoio documental a outros serviços da Fundação;
  • Facultar os seus serviços a utilizadores externos à Fundação Calouste Gulbenkian e difundir informação sobre arte contemporânea, promovendo e apoiando investigações nas áreas temáticas referidas.

As suas coleções documentais integravam aquisições correntes de monografias e publicações periódicas, assim como um conjunto de coleções especiais, no qual se incluíam os espólios dos arquitetos Cristino da Silva e Raul Lino e dos artistas plásticos Diogo de Macedo e Amadeo de Souza-Cardoso.

 

Integração do Arquivo de Arte

Por decisão do Conselho de Administração, com efeitos a partir de 1 de outubro de 2001, o Arquivo de Arte foi transferido para a Biblioteca de Arte. Este Serviço foi criado em finais dos anos de 1970 com o intuito de fornecer apoio documental à investigação em história da arte, quando começaram a ser reunidos os conjuntos documentais resultantes não só de apoios concedidos pelo Serviço de Belas-Artes para a elaboração de inventários temáticos e para a elaboração de dissertações de mestrado e/ou doutoramento, como também das suas próprias atividades, como as exposições temáticas e itinerantes e o trabalho da Brigada de Azulejaria, dirigida pelo engenheiro Santos Simões.

Ao longo da sua existência, o Arquivo de Arte foi enriquecendo o acervo com espólios legados, como o do historiador de arte norte-americano Robert Chester Smith, e com coleções adquiridas pela Fundação Calouste Gulbenkian, como as dos estúdios fotográficos de Mário Novais e Horácio Novais, compostas por dezenas de milhares de imagens.

 

Fusão orgânica da Biblioteca de Arte e dos Arquivos Gulbenkian

Por decisão do Conselho de Administração, a Biblioteca de Arte e os Arquivos Gulbenkian passaram, a partir de junho de 2017, a constituir uma única unidade orgânica, embora cada um dos serviços continue a manter a sua identidade enquanto «marca».

Neste novo enquadramento, a Biblioteca de Arte e Arquivos (BAA) tem por função a promoção, através da partilha e do desenvolvimento, das coleções documentais e dos arquivos, bem como o estudo, a compreensão, a reflexão e a fruição dos legados histórico-culturais da Fundação e do Fundador, designadamente as suas coleções museológicas e da arte moderna e contemporânea portuguesas, estimulando e intensificando o envolvimento dos públicos com a Fundação Calouste Gulbenkian.

Entre as competências da BAA, contam-se a promoção da gestão e utilização dos documentos e arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian enquanto recurso de múltiplas valências: proteger direitos da organização, dos seus colaboradores e beneficiários; ampliar e enriquecer, através da partilha e da disseminação da informação qualificadas, os meios e o impacto da ação de capacitação da instituição; reforçar a identidade e a imagem organizacionais; fundamentar memórias individuais e coletivas; suportar a investigação científica.

 

Depósito de livros da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13457 © Ricardo Oliveira Alves
Depósito de livros da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13457 © Ricardo Oliveira Alves Depósito de livros da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13457 © Ricardo Oliveira Alves
Depósito de livros da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13646 © Ricardo Oliveira Alves
Depósito de livros da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13646 © Ricardo Oliveira Alves Depósito de livros da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13646 © Ricardo Oliveira Alves

 

Coleções documentais da Biblioteca de Arte


1. Fundo Geral

A Biblioteca de Arte agrega e gere um património documental diversificado, assegurando o processamento e a disponibilização de recursos de informação, bem como a recolha e conservação de todas as publicações produzidas pela Fundação Calouste Gulbenkian.

O designado Fundo Geral reúne as secções temáticas em permanente atualização, através da aquisição regular de obras nacionais e estrangeiras, orientando-se para as áreas da história da arte, artes visuais modernas e contemporâneas, design e arquitetura. Atualmente, compreende 217 498 títulos de monografias, incluindo um importante núcleo de catálogos de exposições, cerca de 3500 títulos de publicações periódicas (dos quais 122 títulos em assinatura corrente) e um conjunto de documentos multimédia e diapositivos, que integra um núcleo de vídeos sobre artistas e movimentos artísticos nacionais e internacionais.

O núcleo dos catálogos de exposições abrange os de mostras realizadas em museus e galerias nacionais e internacionais, com um âmbito cronológico que vai do final do século XIX até à atualidade. Incluem-se não só catálogos disponíveis no circuito comercial, como também os que são editados pelas próprias galerias e que, muitas vezes, têm uma circulação restrita. A Biblioteca de Arte tem vindo a disponibilizar em formato digital um conjunto de catálogos de exposições realizadas em galerias e instituições nacionais que, entretanto, já cessaram a sua atividade.

 

2. Coleções Especiais

A Biblioteca de Arte possui um conjunto de coleções especiais que foram sendo incorporadas ao longo do tempo, quer por doação, quer por aquisição, tendo em conta o seu valor histórico e patrimonial. Atualmente, são 381, incluindo coleções formadas por bibliotecas particulares, como a importante Biblioteca Particular de Calouste Gulbenkian, espólios e arquivos de historiadores de arte, de artistas e de arquitetos portugueses, assim como coleções constituídas por espécies fotográficas resultantes quer da atividade profissional de fotógrafos portugueses, quer de investigações em arte portuguesa realizadas por investigadores e historiadores de arte. Entre os espólios e arquivos que integram as coleções especiais, podem referir-se, como exemplo da sua diversidade e importância para a investigação da arte e da arquitetura contemporâneas em Portugal, os seguintes:

 

Espólios e arquivos de historiadores de arte

  • Espólio e biblioteca particular de Luís Reis Santos
  • Espólio de Carlos de Azevedo
  • Espólio de Robert Chester Smith

 

Espólios e arquivos de artistas e arquitetos

  • Espólio de Luís Cristino da Silva
  • Espólio de Raul Lino
  • Arquivo Álvaro Siza
  • Espólio de Amadeo de Souza-Cardoso
  • Espólio de Diogo de Macedo
  • Espólio de Hein Semke
  • Espólio de Robin Fior
  • Espólio de Carlos Nogueira
  • Arquivo Alberto Carneiro
  • Espólio Júlio Moreira
  • Espólio de Manuel Tainha
  • Espólio do Movimento de Renovação de Arte Religiosa (MRAR)
  • Coleção Sebastião Rodrigues

 

2.3. Coleções fotográficas

Entre as 208 coleções fotográficas que existem atualmente no acervo, contam-se coleções que tiveram várias origens, em termos da sua produção. Além das que são resultado de investigações sobre a arte e o património nacionais, realizadas com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, existem outras que foram produzidas no âmbito da atividade profissional de estúdios fotográficos durante o século XX.

Como exemplos das primeiras podem referir-se:

  • Coleção «Azulejaria Portuguesa». Fotografias do levantamento de João Miguel dos Santos Simões
  • Coleção «A Talha em Portugal». Fotografias da investigação de Robert Chester Smith
  • Coleção «Na Rota dos Navegadores Portugueses». Fotografias de Michael Teague
  • Coleção «Fotografias do Oriente». Levantamento fotográfico de Francis Millet Rogers
  • Coleção «Levantamento dos Paços Medievais Portugueses». Fotografias de José Custódio Vieira da Silva
  • Coleção «Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian»

Já em relação às coleções que resultaram de atividade fotográfica profissional, o destaque vai para a Coleção «Estúdio Mário Novais» e para a Coleção «Estúdio Horácio Novais», ambas integrando vários milhares de imagens que documentam aspetos e acontecimentos da vida social, cultural e política nacional entre as décadas de 1920 e 1980.

 

2.4. Coleção de Livros de Artista e Edição Independente

Esta coleção iniciou-se na década de 1990, tendo vindo a aumentar quer através de aquisições, quer da oferta de artistas, contando atualmente com mais de 500 exemplares. É composta por obras únicas e múltiplos, de formatos e tamanhos diversos: livros realizados manualmente pelos artistas, utilizando materiais e técnicas artesanais; livros-objeto, frequentemente peças únicas ou de edição muito limitada; livros editados por pequenas editoras alternativas ao sistema comercial. A coleção tem âmbito internacional; porém, o maior número de exemplares é da autoria de artistas portugueses contemporâneos, de entre os quais se contam: Ana Hatherly (1929-2015), José Escada (1934-1980), João Vieira (1934-2009), Alberto Carneiro (1937-2017), Ana Jotta (1946) Julião Sarmento (1948), Gerardo Burmester (1953), Pedro Calapez (1953), João Pedro Croft (1957), Marta Wengorovius (1963), Luís Silveirinha (1968), Leonor Antunes (1972), Carla Rebelo (1973), Isabel Baraona (1974), Ricardo Valentim (1978) e Sílvia Prudêncio (1981).

Em 2018, a Biblioteca de Arte adquiriu a coleção particular reunida pela colecionadora Catarina Figueiredo Cardoso entre 2007 e 2017. Trata-se de uma coleção composta por 5070 livros de artista e de edição independente, maioritariamente constituída por obras criadas por artistas portugueses contemporâneos, mas inclui também algumas realizadas por artistas estrangeiros que trabalham em Portugal ou cujas obras se relacionam com o país. Contempla exemplares em diferentes suportes e técnicas (livros impressos em offset, impressão digital e caracteres móveis), com tiragens variadas, de centenas exemplares a uma dezena apenas, e especiais, acompanhados de desenhos e/ou pinturas originais, gravuras e/ou serigrafias, bem como livros inteiramente manufaturados ou nos quais o artista teve uma intervenção direta na sua impressão, incluindo algumas maquetas de livros que não vieram a ser realizados.

 

Acesso e consulta das Coleções Especiais

A globalidade das Coleções Especiais encontra-se identificada e é pesquisável através do catálogo da Biblioteca de Arte. A consulta dos documentos que as integram enquadra-se em várias modalidades:

  • A totalidade dos documentos encontra-se disponível para consulta, sem qualquer restrição;
  • Alguns dos documentos encontram-se disponíveis para consulta, com acesso reservado;
  • Uma parte/ou a totalidade dos documentos está acessível para consulta através de cópias digitais. De acordo com a legislação aplicável, as cópias digitais são disponibilizadas na Internet ou apenas podem ser consultadas na rede interna.

A partir de 2002, para aumentar a acessibilidade e garantir a preservação do seu acervo documental, a Biblioteca de Arte tem vindo a desenvolver projetos de digitalização das suas coleções especiais. Desde esse ano, encontram-se já digitalizadas e disponíveis para consulta várias dessas coleções, quer sejam espólios e arquivos, quer sejam coleções fotográficas.

Sala de Reservados da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13383 © Ricardo Oliveira Alves
Sala de Reservados da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13383 © Ricardo Oliveira Alves Sala de Reservados da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13383 © Ricardo Oliveira Alves
Sala Multimédia da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13424 © Ricardo Oliveira Alves
Sala Multimédia da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13424 © Ricardo Oliveira Alves Sala Multimédia da Biblioteca de Arte, 2017. Arquivos Gulbenkian | ID: 13424 © Ricardo Oliveira Alves

 

Divulgação e disseminação

A Biblioteca de Arte é membro, desde 2006, do Art Discovery Group Catalogue, projeto lançado em 1999 para promover o acesso, em simultâneo e de uma forma integrada, a catálogos online de mais de 90 bibliotecas de arte do mundo. As coleções da Biblioteca de Arte estão também representadas na Europeana/Biblioteca Digital Europeia, e as coleções fotográficas têm vindo a ser partilhadas no The Commons (Flickr), do qual a Biblioteca de Arte é membro desde 2008, tendo aí já disponíveis 23 mil imagens fotográficas.

No âmbito das comemorações do Cinquentenário da Fundação Calouste Gulbenkian, a Biblioteca de Arte desenvolveu um projeto de investigação, valorização e disponibilização da biblioteca de Calouste Gulbenkian, do qual resultou a criação de um site específico, www.bibliotecaparticular.gulbenkian.pt, disponível (também em versão inglesa) desde abril de 2007.

Mais recentemente, a Biblioteca de Arte tem vindo a alargar e a diversificar o âmbito das suas atividades de divulgação através de ciclos de conversas e apresentação de catálogos, procurando fomentar o envolvimento ativo dos leitores com as suas coleções documentais.

Atualização em 07 maio 2021

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