Scène Passion

Festival Francês. A Cultura da Descentralização

Exposição individual de Claude Gafner (1937) organizada pelo ACARTE (Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte). A exposição foi realizada no âmbito do «Festival Francês: A Cultura de Descentralização» e reuniu fotografias de espetáculos de alguns dos mais importantes coreógrafos contemporâneos.
Solo exhibition on Claude Gafner (1937) organised by ACARTE (Department for Animation, Artistic Creation and Education through Art). The exhibition, which featured photographs from shows by distinguished contemporary choreographers, was held for the “French Festival: The Culture of Decentralisation”.

«Scène Passion» foi o nome da exposição individual do fotógrafo Claude Gafner (1937) que esteve patente entre 22 de junho e 17 de julho de 1994 no Hall do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). A exposição esteve inserida no «Festival Francês: A Cultura da Descentralização», realizado pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE) da FCG, com o apoio da Embaixada de França em Portugal e da Association Française d'Action Artistique (AFAA).

Este festival contou com diversas atividades, entre as quais: um colóquio intitulado «As Políticas de Descentralização Cultural», em que participaram Yannick Guin, adjunto para os Assuntos Culturais da Câmara de Nantes, Jean-Pierre Wurtz, inspetor-geral dos espetáculos (setor internacional) no Ministério da Cultura e da Francofonia, e Richard Martineau, diretor regional dos assuntos culturais da região de Auvergne; peças de teatro, como La Retraite d'Eugène, pela companhia Travaux 12 – Équipe de Création Théâtrale/Ville de Valence, e Monstre Va!, com adaptação e encenação de Luc Antoine Diquero e Robert Cantarella; espetáculos de bailado, como Ulysse, apresentado pelo Groupe Émile Dubois – Centre Choréographique National de Grenoble, e Pour Antigone, apresentado pelo Centre Choréographique National de Montpellier Languedoc-Roussillon; espetáculos musicais, como Paris Musette, concebido por Didi Duprat, com os acordeonistas Jo Privat, Jean Corti e Daniel Colin; e exposições, como uma mostra de livros de arte cedidos por várias entidades, como o Institut Franco-Portugais, e «Sur les Traces de la Reine Morte», que apresentou um conjunto de fotografias de Jean-Michel Guillaud, que retratavam a mise-en-scène da peça de dança com o mesmo nome, sobre o romance histórico de Inês de Castro e o rei D. Pedro I, com textos de Sophie Lucet e interpretação e coreografia de Karine Saporta (Calendarização das atividades, 1994, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00109).

Além destes eventos, foi ainda apresentado, de 5 a 14 de julho de 1994, um ciclo intitulado «Quarante Ans d'Avignon», constituído pela exibição de diversos vídeos, no Auditório 2 do edifício Sede da FCG. Este ciclo fez uma revisão dos mais de 45 anos do Festival de Avignon, ponto de encontro obrigatório dos grandes criadores internacionais das artes do espetáculo, com destaque para o teatro e para a dança. A par desta programação, foram apresentados sete vídeos cujo tema se relacionava com o tema do «Festival Francês: A Cultura da Descentralização», abordando assuntos diversos, das artes do vidro à moda, passando pelas corridas de touros do sul da França. Os vídeos estiveram em exibição no Hall do CAMJAP, de 22 de junho a 15 de julho de 1994 (Programa do Festival Francês, jul. 1994, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00109).

A exposição de fotografia de Claude Gafner reuniu um conjunto de 32 painéis, de 80 × 120 cm, com produção fotográfica realizada entre 1983 e 1993, registando espetáculos de alguns dos mais importantes coreógrafos contemporâneos, como Pina Bausch, Jean Jourdheuil, Patrice Chéreau, Jorge Lavelli e Robert Wilson, apresentados fora de Paris ou com a intenção de serem incluídos numa tournée por regiões periféricas (Memória descritiva, 1994, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00109).

Estas fotografias foram produzidas em diversas etapas, nas quais Claude Gafner assume uma postura de maior ou de menor envolvimento emocional. Na primeira fase do trabalho, o fotógrafo opta por não tomar decisões racionais sobre o objeto a fotografar, sendo guiado pelas emoções convocadas pela peça de teatro. Esta primeira parte do trabalho opõe-se à etapa seguinte, a fase do laboratório, durante a qual Gafner procura que as emoções sentidas não influenciem o resultado final, deixando que as fotografias falem por si e que, através da sua força, transmitam novas emoções. É nesta fase que o fotógrafo intervém, manipulando as cores e invertendo os valores de quente e frio, aceitando e adaptando-se a possíveis erros resultantes (Odile Quirot, «Un royaume dans une image», 1994, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00109).

Na carreira de Gafner, a fotografia surgiu como forma de ele continuar associado ao mundo do espetáculo, após um momento que o obrigou a abandonar a carreira de bailarino. A sua formação em dança é a que assume o papel mais influente no seu trabalho fotográfico, que vai captando de forma muito específica o movimento dos performers e acompanhando a sua deslocação no palco com uma disciplina característica de bailarino (Ibid.).

Também a formação como pintor assumiu um papel importante na sua prática artística, levando-o a optar pelo uso da cor em detrimento do preto-e-branco, que era mais utilizado na fotografia de espetáculos quando iniciou a sua carreira de fotógrafo. Da mesma forma que Picasso, o percurso artístico de Gafner passa por vários períodos – azul, amarelo, tons frios e tons quentes. É um fotógrafo que atua meticulosamente na montagem das suas exposições, em função dos ritmos e sensações que pretende transmitir (Ibid.).

Parafraseando Antoine Vitez, ator, encenador e poeta francês, a fotografia de Claude Gafner não pretende ser um mero relato arquivista do teatro, mas sim uma restituição da vertente poética das artes cénicas, contribuindo inovadoramente tanto para a fotografia, como para o teatro. O trabalho exposto era mais que um testemunho fotográfico de grandes momentos em cena, constituindo-se como o reflexo da estética do seu autor, posta ao serviço da sensibilidade teatral, com a intenção de captar a emoção provocada por cada instante em cima do palco (Ibid.).

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Exibição audiovisual

Festival Francês. A Cultura da Descentralização. Vídeos

22 jun 1994 – 15 jun 1994
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Hall
Lisboa, Portugal
Exibição audiovisual

Quarante ans d'Avignon

5 jul 1994 – 14 jul 1994
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00109

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, programa, currículo de Claude Gafner, programa do ciclo de vídeos apresentados durante o festival, boletins de inscrição no festival e uma fotocópia do livro «Sang et Eau», de Enzo Cormann. 1994 – 1994


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