Siegward Sprotte. Arbeiten, 1923 – 1993

Exposição itinerante e individual retrospetiva da obra do artista alemão Siegward Sprotte (1913-2004). A exposição foi comissariada pelo filho do pintor, Armin Sprotte, e homenageou o seu octogésimo aniversário com a apresentação de trabalhos relativos a um período de setenta anos, anteriormente apresentados em Berlim.
Travelling solo exhibition on the work of German artist Siegward Sprotte (1913-2004). The retrospective was curated by the painter’s son, Armin Sprotte, in celebration of his 80th birthday, featuring works from a period spanning more than 70 years, previously displayed in Berlin.

Exposição retrospetiva da obra do artista alemão Siegward Sprotte (1913-2004), à época radicado na ilha da Madeira. Inaugurada a 17 de agosto de 1993, na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 01), pretendeu honrar o octogésimo aniversário do artista.

Comissariada pelo filho do artista, Armin Sprotte, a exposição apresentou setenta anos de trabalhos de Siegward Sprotte, cuja constante recusa em aderir a tendências artísticas o levou a procurar «o essencial do homem e da natureza e [a] exprimi-lo com meios artísticos» (Siegward Sprotte, 1993, p. 3). As obras selecionadas para a exposição percorriam a obra de Sprotte, desenvolvida ao longo de setenta anos de atividade, com composições de clara aproximação ao impressionismo, em trabalhos de pincelada rápida, a par de outras em que a figura se esvai, numa experimentação próxima do abstracionismo lírico, ou ainda de um outro conjunto em que a recriação minuciosa da paisagem se revela de forma mais impositiva.

Mais tarde, a obra de Sprotte reflete uma dimensão religiosa, influenciada pela pintura de Caspar David Friedrich, por vezes apenas de forma subtil – em trabalhos como Mönch und Linde [Monge e Tília] (1935) – e outras vezes de forma mais expressiva – como em Zyklus Kreuzesformen in der Natur [Forma de Cruz na Natureza] (1983).

Os trabalhos seguintes, realizados no final da década de 30 e início da década de 40, são marcados pelos anos de estudo de pintura na Academia Prussiana de Artes, com Emil Orlik (1870-1932), e pela descoberta dos grandes mestres do Renascimento, no decurso das várias viagens que fez a Itália. Deste período resultam trabalhos morosos e de grande pormenor, onde é usada uma mistura de têmpera e óleo em várias camadas.

O trabalho do pós-guerra é caracterizado por uma aproximação às filosofias orientais, fruto da leitura do livro Tao Te King, de Lao-Tsé, e pelo encontro, nos anos 50, com os filósofos Eugen Herrigel, Jean Gebser, Karl Jaspers e Ortega y Gasset e, em 1961, com o filósofo indiano Krishnamurti. As pinturas realizadas neste período refletem uma preocupação em alcançar a globalidade universal, síntese do Ocidente e do Oriente, do pensamento europeu e oriental, como se se tratasse de uma passagem para uma realidade que não é aparente sobre a tela. Segundo Rainer K. Wick, as pinturas de Sprotte deixam de representar a natureza de forma literal e minuciosa, para passarem a funcionar como ela, em analogia com as suas normas e princípios estruturais. Nas palavras do pintor: «Procurei, com o meu método de pintar, trabalhar como a natureza, no sentido duma variação permanente que possibilita novas variações.» (Siegward Sprotte, 1993, p. 6)

Na continuação desta mudança de perceção em relação à natureza e à arte, Siegward Sprotte revisitou o trabalho de Ernst Ludwig Kirchner, que influenciou os seus processos de concretização e o levou a reproduzir a paisagem e os elementos da natureza de uma forma que ultrapassa a mera perceção superficial, deixando-os evoluir em ressonância e analogia com a origem. Deste processo, denominado por Sprotte como «abstração orgânica», que se distingue da abstração geométrica pela sua desconexão com a natureza, resultaram obras como a série De Visita a E. L. Kirschner (1986). Ao contrário das obras iniciais, mais morosas e detalhadas, os trabalhos desta fase são rápidos e sem correções, inalterados do seu ponto inicial.

O catálogo da exposição foi publicado por ocasião de três exposições: no Schloss Glienicke, em Berlim, de 28 de março a 9 de maio de 1993, aquando da celebração dos 1000 anos da fundação da cidade de Potsdam; no Schloss vor Husum, de 14 de maio a 18 de julho de 1993; e na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG.

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00267

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, orçamentos e material para o catálogo. 1992 – 1994

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/044-D02948

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1993


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