Exposição individual de 20 trabalhos de pintura e escultura do artista israelita Ofer Lellouche (1947), organizada pelo Centro de Arte Moderna. A apresentação de trabalhos de Ofer Lellouche permitiu ao público português ter contacto com a arte israelita contemporânea.
Solo exhibition comprising twenty paintings and sculptures by Israeli artist Ofer Lellouche (1947) organised by the Modern Art Centre. The show was able to establish a connection between the Portuguese public and Israeli contemporary art.
A exposição de pintura e escultura de Ofer Lellouche (1947) inaugurou a 20 de maio de 1993, na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), onde ficou patente até 13 de junho desse ano.
A mostra começou a ser pensada depois da viagem de José Sommer Ribeiro a Israel, em 1992, por ocasião da qual o diretor do CAM visitou ateliê de Ofer Lellouche, atraído pela poesia, intimidade e despojamento das suas composições, e pelo notável tratamento da luz que os caracteriza.
Foram expostas 19 pinturas, a acrílico, têmpera e óleo, e cinco esculturas em bronze. O núcleo mais forte desta exposição foi o conjunto de autorretratos, fruto de uma ação pictórica que, para o artista, funciona como instrumento de introspeção: «Eu pinto-me, e o resultado desta introspecção enriquece-me, portanto, transforma-me; assim a pintura logo acabada não é já fiel. É portanto necessário recomeçar incessantemente.» (Ofer Lellouche, 1993)
A representação de si mesmo é, no entanto, isolada da sua representação enquanto pintor, surgindo desprovida dos dois atributos do artista – a paleta e o pincel. Desta forma, Lellouche pretende apresentar a realidade do seu eu separada, isolada da do pintor, construindo duas realidades que vivem autónomas: a sua, efémera e objetiva, refletida no espelho que é a tela; e a do mundo artístico e imaterial.
A pretensão da pintura de Ofer Lellouche torna-se, assim, a captação do espaço entre o mundo físico e o mundo imaterial. Nas palavras de Mordechai Omer, ex-diretor da Galeria da Universidade de Telavive: «O objectivo é, portanto, preencher o fosso existente entre o visível do exterior e o que se vê do interior, entre a dimensão material dada e a dimensão espiritual autêntica, função primeira do artista.» (Ofer Lellouche, 1993)
Além deste ato meditativo, a solidão é outro aspeto que marca o trabalho de Ofer Lellouche, tanto nos seus autorretratos, como na pintura do nu feminino e nas pinturas de paisagem, o que terá levado Yona Fischer, ex-diretor do Museu de Arte de Israel, a afirmar: «O isolamento da figura, o seu posicionamento, levam-me a falar da "solidão" de Lellouche no quadro – e diante do quadro. Solidão, ou reflexo duma solidão.» (Ofer Lellouche, 1993)
A exposição foi posteriormente apresentada no Stedelijk Museum Breda (Países Baixos), em julho de 1993.
A apresentação de trabalhos de Ofer Lellouche permitiu ao público português ter contacto com a arte israelita contemporânea.
Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00302
Pasta com documentação referente à produção a exposição. Contém convite, correspondência interna e externa, material cartográfico, orçamentos e textos para o catálogo.1992 1993
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/044-D02944