No ano em que se completavam treze anos sobre a morte do artista português António Pedro (1909-1966), a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) promoveu, em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura, a Câmara Municipal de Caminha e o Centro de Arte Contemporânea do Museu Nacional de Soares dos Reis, a realização de uma exposição retrospetiva da sua obra, com itinerância pelas cidades de Viana do Castelo, Porto e Lisboa. O município de Caminha procurou homenagear «aquele ilustre homem das artes», que fizera de Moledo a sua terra adotiva (Carta do presidente da Câmara Municipal de Caminha para José de Azeredo Perdigão, 1 ago. 1979, Arquivos Gulbenkian, SEM 00173).

A exposição, com projeto museográfico e conceção gráfica do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, pretendeu «ilustrar várias facetas do seu multiforme talento (poeta, homem de teatro, escritor, jornalista, pintor)», embora centrando-se na sua obra de pintor, da qual reuniu «a quase totalidade da sua produção plástica, incluindo quadros vindos de todos os pontos do país e de museus além-fronteiras» (Sete, 17 out. 1979).

A exposição reuniu 31 obras, essencialmente pinturas a óleo, mas também esculturas, peças de cerâmica e desenhos de um dos principais representantes do surrealismo português. Foi igualmente apresentada documentação gráfica e documentação fotográfica sobre as diversas atividades em que António Pedro participou, nomeadamente no teatro, mais concretamente no Teatro Experimental do Porto.

O catálogo da exposição, coordenado pelo crítico e historiador da arte José-Augusto França, constitui uma importante monografia sobre a obra de António Pedro, reunindo textos da autoria de diversas personalidades da vida artística e cultural portuguesa, que abordaram as várias dimensões em que se destacou António Pedro, das artes plásticas à escrita, passando pela escultura, pela cerâmica, pela crítica ou pela política, entre outras.

O catálogo procurou ainda dar a conhecer obras cujo paradeiro se desconhecia (inclusive algumas que haviam sido destruídas pelo fogo num incêndio ocorrido no ateliê do artista no ano de 1949), o que lhe confere um valor documental inestimável para o estudo da obra de António Pedro.

A propósito desta exposição retrospetiva, foi apresentado pela Radiotelevisão Portuguesa um documentário sobre a vida e obra de António Pedro, realizado por Correia Alves. No âmbito da exposição, foram igualmente promovidas diversas mesas-redondas dedicadas às atividades desta importante figura da vida artística e cultural portuguesa.

Filipa Coimbra, 2016