António Pedro (1909 – 1966)

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Vídeo realizado posteriormente à tripla exposição sobre o artista. A pretexto dela foram apresentados alguns depoimentos, designadamente (por ordem de entrada) de José-Augusto França, Fernando Pernes, Eunice Muñoz, Manuela Possante da Costa, Luzia Cândida e José Cayolla. O vídeo reúne também excertos de peças de teatro dirigidas por António Pedro e algumas imagens e fotografias da sua casa de Moledo.

Seguidamente, são apresentados escritos de teatro de António Pedro, a par da biografia do artista, incluindo os cursos de teatro que lecionou e o cargo de diretor artístico, que assumiu até 1962. São reproduzidas partes do programa realizado pela RTP, «António Pedro – Conversas sobre Teatro».

Depoimentos:

José-Augusto França fala do pretexto da exposição que, à data do depoimento, teria terminado quinze dias antes. «Teve uma razão cultural: há uma dívida cultural de Portugal para com António Pedro, mas, igualmente, uma dívida de amizade por parte de alguns amigos de António Pedro.» França conta-nos a vida artística de António Pedro, a sua ida para o Porto e o contexto no qual ocorreu a criação do teatro moderno (Teatro Experimental do Porto – TEP). A grande admiração que França nutre pelo artista e a amizade que os ligou são realçadas, mas também as discordâncias.

José-Augusto França explica que a exposição foi organizada de modo teatral, tendo em conta o papel revolucionário de António Pedro no panorama nacional do teatro.

Fernando Pernes destaca as obras do pintor e as exposições em que participou, revelando as várias facetas da sua personalidade: «O Surrealismo era para António Pedro, antes de mais, a aprendizagem do caminho para a liberdade.» Sublinha a vontade de provocação libertadora do artista, justificando, assim, a sua paixão pelo teatro. António Pedro viveu o teatro como um meio da sua própria liberdade e criação artística.

Fernando Pernes decifra a pintura Rapto na Paisagem Povoada (1946), de António Pedro, atentando nas várias leituras possíveis, tendo em conta o universo dos sonhos (tão caro ao Surrealismo), das metamorfoses, das antíteses e das muitas complexidades referenciais reunidas na tela. Conta-nos ainda como António Pedro reviu na figura do pintor barroco Peter Paul Rubens (1577-1640) uma das suas referências estilísticas.

Eunice Muñoz realça a importância de António Pedro no panorama teatral português e recorda a feliz oportunidade de ter sido dirigida por ele, lembrando momentos muito especiais, que são os momentos do teatro. «Era muito bom trabalhar com o Pedro. O Pedro era um homem com um charme tão grande, tão fascinante e ao mesmo tempo com uma grande dimensão humana. Era bom trabalhar com ele, porque ele estava lá sempre.»

Manuela Possante da Costa, mulher de António Pedro, recorda os tempos de árduo trabalho no teatro, levados a cabo pelo marido, que acompanhou com muito agrado e empenho. «Foi um sonho que se tornou realidade, e valeu a pena», diz, referindo-se à criação do TEP.

Luzia Cândida e José Cayolla, ambos profissionais do teatro que trabalharam diretamente com António Pedro, recordam o afinco profissional inabalável daquele dirigente e o mútuo carinho e respeito de todo o pessoal do teatro pelo realizador.

No momento final do documentário são reeditados depoimentos do próprio António Pedro (retirados do programa «Conversas sobre Teatro»), evocando a genialidade de Rubens, de Ludwig van Beethoven (1770-1827) e de William Shakespeare (1564-1616), que considerou os verdadeiros génios em permanente renovação de ideias e sensações, e nos quais muito se inspirou para as suas obras, em qualquer das categorias ou atividades artísticas.

Realização
Correia Alves
Produção
Ana Maria Roseira
Edição
Porto: RTP – Rádio e Televisão de Portugal, 1980
Duração
31 min 30 s
Participante(s)
Eunice Muñoz, Fernando Pernes, José Cayolla, José-Augusto França
Proveniência
Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / VC 232
Direitos
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